Será que EUA devem sair da OTAN?

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Frente ao próximo aniversário da fundação da Aliança Atlântica, em vez de repetir os antigos clichés sobre a sua importância para a segurança dos EUA e a paz no mundo, uma publicação americana faz uma pergunta interessante – será que as obrigações dos Estados Unidos frente a OTAN servem os seus próprios interesses no século XXI?

Em abril, a Aliança Atlântica comemorará o seu 67º aniversário da sua fundação.

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De acordo com um artigo de Ted Galen Carpenter no jornal The National Interest, especialista em política internacional, há cada vez mais provas de que a participação na aliança militar não corresponde aos interesses dos Estados Unidos.  

“A criação da OTAN em 1949 marcou o afastamento da América da sua política tradicional de não participação em alianças estrangeiras e a recusa da retórica de intervenção,” notou o autor.

A política de não intervenção foi seriamente minada pela participação nas duas guerras mundiais durante a vida de uma geração e, especialmente, o ataque a Pearl Harbor, nota. Na altura, a decisão de criação da OTAN, “que se tornou uma aliança dura com as potências europeias”, nas palavras de Carpenter, mostrou de que forma a posição de Washington mudou.

Mas, no mundo de hoje, a situação na segurança mundial mudou seriamente, explicou o especialista americano, falando primeiramente do ponto de vista dos EUA e pondo em questão a necessidade de fazer parte da aliança.

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A primeira razão, segundo ele, tem a ver com o aspeto financeiro: os Estados Unidos insistem na sua posição de líder da aliança e, claro, gastam mais do que os outros participantes. Os EUA gastam cerca de 4% do seu PIB com as suas Forças Armadas; já o mais que os países-membros da OTAN na Europa gastam é 1,6%. Esta é uma diferença significativa, sublinha o autor.

A segunda razão tem a ver com a questão da segurança europeia e o equilíbrio de poder em geral, que mudou significativamente durante os anos de existência da aliança e da participação americana nesta.

Nas primeiras décadas de existência da Aliança Atlântica, o objetivo de Washington era claro – garantir a segurança dos países mais importantes, tais como a Alemanha Ocidental, Itália, França e Reino Unido. Mas, com a dissolução da União Soviética em 1991, as autoridades americanas começaram a ampliar a Aliança por via de integração de novos países da Europa Central e mesmo da Europa de Leste.

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Uma das decisões que o especialista põe em questão é o recente convite feito ao Montenegro de aderir à aliança. É claro, sublinha ele, que o país balcânico não tem muitos inimigos, mas de que forma os EUA poderão garantir a sua segurança? – eis a questão importante. Especialmente tendo em conta o artigo 5º do Tratado da OTAN, que prevê a obrigação de prestar apoio militar incondicional – quer dizer, uma agressão contra um país é considerada agressão contra todos os países aliados.

“A política americana na OTAN carece cada vez mais de racionalidade e eficiência. Já é mais do que tempo de realizar uma análise multilateral desta política e considerar a variante mais radical: a saída dos EUA da Aliança Atlântica”, notou.

Para concluir, o autor nota que lhe parece que os apoiantes da OTAN não compreendem a importância de mudanças nas relações internacionais e na atual situação política. Para eles, a prioridade maior é a conservação da aliança e não a segurança e a prosperidade da América. De acordo com o especialista, está na hora de reconsiderar as suas posições, políticas e, claro, os gastos militares.

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