Em um recente artigo, Pat Buchanan propõe, ao invés de proclamar a beligerância de Putin, imaginar como é "dar passos com os sapatos do presidente russo", ou seja, se colocar no lugar dele.
Pat Buchanan é um colunista, comentarista e escritor americano, ele exerceu o cargo de Chefe de Comunicações da Casa Branca durante a presidência de Reagan.
Mas o comentarista nota que a maioria dos cidadãos dos países da OTAN, inclusive a Alemanha e França, estão contra a escalada de hostilidades com a Rússia. "Se começar uma guerra no Báltico, os nossos aliados europeus preferem que nós, americanos, combatamos", escreve Pat Buchanan.
Como é ser Vladimir Putin?
Para realizar o seu hipotético experimento, a que chamou "Uma milha com os sapatos de Putin", o autor propõe ver o mundo através dos olhos do líder russo.
"Quando Ronald Reagan se reuniu com Mikhail Gorbachev, em Reiquiavique em 1986, Putin tinha por volta de 30 anos e o Império Soviético se estendia desde o Elba até o Estreito de Bering e do Ártico até ao Afeganistão. Os russos estavam por toda a África e tinham penetrado no Caribe e na América Central. A União Soviética era uma superpotência mundial, que tinha atingido a paridade estratégica com os Estados Unidos."
"Para os navios de guerra russos em Leningrado, a viagem para o Atlântico significa o cruzamento do litoral de oito países da OTAN: a Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Alemanha, Dinamarca, Noruega e Grã-Bretanha."
Na Ucrânia, continua Buchanan, Putin viu o governo pró-russo cair depois de um golpe apoiado pelos EUA.
O comandante da OTAN, Philip Breedlove, disse anteriormente ao Wall Street Journal que "a Rússia não aceitou a mão de parceria, mas escolheu um caminho de beligerância."
"Se a situação fosse inversa, fosse um avião russo a patrulhar Pensacola, Norfolk ou San Diego, como os nossos pilotos dos F-16 reagiriam? Se nós acordássemos e encontrássemos o México, Canadá, Cuba e a maioria da América do Sul em uma aliança militar contra nós, acolhendo bases russas e tropas, será que encararíamos isso como uma 'mão de parceria'?, pergunta autor.
Em última análise, nota Pat Buchanan, os EUA estão "colhendo a raiva compreensível e o ressentimento do povo russo em relação à forma como nós explorámos a retirada de Moscovo do seu império. Será que não fomos nós que afastámos a mão da amizade russa, quando ela nos foi oferecida, quando escolhemos abraçar o nosso "momento unipolar', para jogar o ‘grande jogo' do império e buscar ‘uma benevolente hegemonia global"? Se estamos numa segunda Guerra Fria, teria sido realmente a Rússia que a começou?