'Crise venezuelana será resolvida em breve'

© AFP 2023 / JUAN BARRETO / Acessar o banco de imagensParticipante de uma manifestação pro-Maduro em Caracas
Participante de uma manifestação pro-Maduro em Caracas - Sputnik Brasil
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Aleksander Chichin, decano da faculdade das ciências econômicas e sociais da Academia de economia popular e serviço público junto ao Presidente da Rússia, comentou a crise venezuelana em entrevista exclusiva à Sputnik.

Os chanceleres da Argentina, do Chile, do Uruguai e da Colômbia se pronunciaram, em declaração conjunta, a favor da iniciativa da oposição venezuelana sobre a realização de um referendo a respeito do afastamento prematuro do presidente Nicolás Maduro. É a primeira vez, nos últimos 17 anos da história do país, que a oposição obteve a maioria dos mandatos no parlamento nacional. Maduro já classificou as tentativas de derrubá-lo como uma traição à Pátria e como uma tentativa de intervenção estrangeira nos assuntos internos do país.

Segue o comentário do analista:

Luis Almagro, secretário-geral da OEA - Sputnik Brasil
OEA ameaça Venezuela de suspensão
"Já faz tempo que a mídia internacional mantém o país sob os holofotes da sua atenção. Esta atenção da imprensa representa mais um elemento de isolamento internacional do regime de Nicolás Maduro. Se trata mais da situação externa. O fato da oposição venezuelana se dirigir à OEA e da organização apoiar a iniciativa deles, aplicando à situação o artigo 20 da Carta Democrática em relação ao país, tudo isso sinaliza que Caracas pode ficar isolado, mesmo dentro deste organismo regional.
A situação é muito séria. Claro, que isso não é certo até ao final da votação. Mas em 13 de junho a Assembleia Permanente da organização começará a examinar a situação na Venezuela, sua crise governamental e a violação da ordem constitucional do país, o que poderá resultar na suspensão da Venezuela da OEA.

A organização, com sede em Washington, tem 36 países membros. Nem todos votarão contra a Venezuela. O Equador, a Bolívia e a Nicarágua, sem dúvida, apoiarão o presidente Maduro, pois são seus aliados tradicionais. Acredito que Cuba, se participasse da organização, também aderiria a este bloco. Assim como Cristina Kirchner, se permanecesse no poder, assim como Dilma Rousseff, se pudesse…

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. - Sputnik Brasil
Maduro acusa o parlamento da Venezuela de traição à pátria

Entretanto, a Venezuela tem mais aliados do que pode parecer. Entre eles estão outros 15 países membros da OEA, que integram também a Petrocaribe, que é uma aliança em matéria petroleira. Nos anos gordos, a Venezuela ajudou muito a estas nações, tais como Trinidade e Tobago e a Jamaica, que têm o mesmo poder na votação igual ao dos Estados Unidos e ao do Canadá.

De acordo com as regras da OEA, para afastar um membro da organização é necessário obter uma maioria simples de votos favoráveis a essa decisão, ou seja, 19 países devem apoiar o afastamento. Três nações votarão certamente contra. Já em relação a estes 15 países caribenhos ainda não está tudo decidido.

Presidente dos EUA, Barack Obama, em visita a Buenos Aires, ao lado do presidente da Argentina, Mauricio Macri - Sputnik Brasil
Macri abre Argentina para duas bases estratégicas dos EUA: Cone Sul em perigo?

De um lado tem Maduro, que ajudou os muito. Já do outro está Obama, que nos últimos anos tem tomado ativamente na região medidas contra a "diplomacia petroleira venezuelana" <…>

Se a maioria [dos membros da OEA] se pronunciar contra Maduro, ele ficará numa situação muito complicada. O país dele passara a ter uma reputação de Estado pária, igual à da Coreia do Norte. <…> Nesse caso, será muito alta a possibilidade de uma assistência militar muito forte à oposição parlamentar <…>

Maduro ficará desesperado, sem qualquer ajuda do exterior.

Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro - Sputnik Brasil
Presidente da OEA não é agente da CIA e Maduro 'está louco como uma cabra', diz Mujica
Os acontecimentos que evidenciamos estão muito bem planejados e coordenados. Se olharmos às publicações que apareçam na mídia, podemos observar que a situação se está desenrolando passo a passo, o que se parece a uma espécie de revolução colorida, ou seja, que as portas se vão fechando para o presidente venezuelano. Há uma convergência do ambiente regional em torno do país: como o comportamento da Colômbia, e até a posição de políticos moderados, como ex-líder uruguaio José Mujica, que sempre foi neutral e ponderado, mas que agora se manifestou pessoalmente contra Maduro, dizendo que "está louco". Tudo isso, inclusive as ações econômicas, por exemplo, o rompimento da conexão aérea com Caracas por parte da Lufthansa alemã, ou a suspensão do funcionamento da fábrica da Coca-Cola no país, entre outras medidas, evidencia a escalada de uma campanha bem planejada e elaborada contra Maduro. É difícil de eliminá-lo [por meios políticos internos], pois goza do apoio das forças armadas, da polícia e da justiça, a situação então está sendo agravada de fora, o que inspira a oposição.

Concordo completamente com um jornalista ocidental que disse que a crise venezuelana não demorará e será resolvida em breve, de um ou de outro jeito".

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