O vice-presidente do Parlamento Europeu Aleksandr Lambsdorff compartilhou a sua opinião com a jornalista da agência RIA Novosti sobre a liberalização do regime de vistos com a Turquia na situação atual e sobre as relações entre a Rússia e a União Europeia.
Sputnik: Como o senhor avalia a proposta do ministro das Relações Exterires da Alemanha Steinmeier sobre o levantamento gradual das sanções contra a Rússia em caso de cumprimento dos Acordos de Minsk?
S: Não existe um progresso real. O senhor acha que a proposta do ministro pode acelerar o processo de regularização?
AL: Não quero especular sobre as razões de Steinmeier. Mas se a proposta tem o objetivo de fazer Moscou refletir sobre a forma de melhorar as relações com Ocidente, só o posso saudar. Entretanto, parte de uma possível decisão devem ser medidas concretas das autoridades russas em relação aos separatistas na Ucrânia.
S: Agora em Berlim está sendo ativamente discutida a questão da nova estratégia das Forças Armadas alemãs onde a Rússia é classificada como adversário. Como vice-presidente do Parlamento Europeu, o senhor considera realmente que a Rússia é um país adversário?
S: Gostaria de falar sobre a questão da Turquia. O presidente da Turquia quer atingir a isenção de vistos com a UE o mais rapidamente possível para os seus cidadãos. Existem 72 condições que a Turquia deve cumprir. Elas foram discutidas com a Turquia ainda em 2013. O senhor acha que Ancara pode cumpri-las?
AL: Primeiro, isso depende da parte turca. Se todas as 72 condições forem cumpridas, o regime sem vistos tem chances. Mas essa questão está também relacionada com uma maior democratização do Estado de direito e Erdogan não está pronto para isso. Pessoalmente, junto com meu partido político (liberal), não vemos chance para a liberdade total de circulação, embora gostássemos que houvesse.
S: Agora Erdogan ameaça romper o acordo migratório com a União Europeia. Considera que decisão da chanceler Angela Merkel de avançar com este acordo foi correta? O que fazer na situação atual?
S: Como o senhor avalia os resultados da votação sobre a resolução de reconhecimento do genocídio armênio? Acha que a reação da Ancara foi adequada?
AL: A reação da Ancara é em parte uma reação de perplexidade. Muitos ficaram furiosos com a decisão do Parlamento europeu. Eu posso entender isso, embora concorde com o conteúdo da resolução. Mas as declarações de vários altos funcionários turcos, do presidente Erdogan e de outros em relação aos parlamentares alemães são completamente inaceitáveis. Parece que elas são de outra época. Tais coisas como "sangue estragado", "verdadeiro turco" dizia-se 100 anos atrás. Este tipo de declarações absurdas mostram que a Turquia está em uma situação politica complicada. O presidente Erdogan não respeita o seu papel constitucional e quer transformar o país em um verdadeiro reino presidencial.
AL: A Turquia é um país soberano. Nem a União Europeia nem a Alemanha têm o direito de ditar aos turcos como governar o seu país. Isto também se aplica à Rússia e a outros países. Cada país decide independentemente como governar. Podemos só inspirar a lutar pela liberdade, pela democracia e os direitos humanos. Mas, no final de contas, é a população turca que decide se aceita o sistema político encabeçado por Erdogan ou não.