"Os líderes ocidentais, particularmente os dos EUA, se recusaram firmemente conceder a Moscou mesmo uma limitada área de influência, ou zona de segurança, ao longo de sua fronteira", afirmou Carpenter no seu recente artigo para a publicação norte-americana The National Interest, destacando que essa é uma visão bipartidária nos círculos políticos dos EUA.
Segundo Carpenter, ambos Condoleezza Rice, secretária de Estado da administração George W. Bush, e John Kerry, secretário de Estado da administração Obama, acusaram a Rússia de tomar medidas militares contra seus vizinhos "rejeitando mesmo a legitimidade teórica da área de influência".
Ao mesmo tempo, o especialista disse que a Rússia tem mais justificações relacionadas com a segurança das suas ações que a separação forçada do Kosovo da Sérvia, com a ajuda da OTAN, ou a separação do Chipre do Norte da Turquia.
"A ideia bipartidária" de Washington de que Moscou é "uma potência expansionista agressiva" não corresponde à realidade. O especialista destacou que a Geórgia, Ucrânia e Países Bálticos estiveram sob controlo de Moscou durante séculos antes do colapso da União Soviética. A Crimeia tem sido parte da Rússia desde 1783. Em 1954, a península foi passada para a Ucrânia pelo líder aventureiro soviético Nikita Khruschev, que ordenou instalar mísseis nucleares em Cuba em 1962.
Por muito tempo o controle de Moscou sobre estas áreas não importou aos EUA. Por que quando Washington enfrenta uma Rússia enfraquecida, os EUA e seus aliados estão prestes a provocar uma confrontação com Moscou?
Carpenter destacou que qualquer país grande fica indignado se outros países penetrarem em sua zona de interesses. Por exemplo, qual seria a reação dos EUA ao fato de a China ou a Índia instalarem bases na América Central? A resposta é evidente.
Então, porque a Rússia deve reagir de outra maneira a tais ações pouco amigáveis?
A escala e o aumento da presença militar da OTAN no Leste da Europa são tema de discussão já há muito tempo. Recordemos que a Aliança tem aumentado sua presença militar na Europa, em particular nos países da Europa Oriental fronteiriços da Rússia, desde 2014, usando a alegada interferência da Rússia no conflito ucraniano como pretexto.
Moscou avisou repetidamente a OTAN que ações provocativas, inclusive a realização de exercícios perto das fronteiras russas, podem afetar a estabilidade regional e global.