Entretanto, depois de algum tempo, Cavusoglu afirmou que foi mal interpretado e que não se tratava do uso da base turca pela Rússia.
Falando à Svobodnaya Pressa, a presidenta do Centro da Ásia e Oriente Médio do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Anna Glazova, afirmou:
“Quanto às desculpas de Erdogan, as contradições aparentes foram bastante perceptíveis. Por um lado, tinha de pedir desculpas à Rússia, por outro lado, tinha de salvar a face em frente dos seus eleitores e não parecer fraco”, explicou.
Segundo a cientista política, os jornalistas realmente podiam não ter compreendido algo.
"A coisa principal que Cavusoglu confirmou, foi que a Turquia está prestes a cooperar com a Rússia. Avaliando as declarações mais recentes de Ancara, parece que o governo realmente mudou sua política regional, especialmente em relação à Síria", disse.
"Parece que agora a Turquia, na verdade, escolheu a linha política de combate ao terrorismo”, disse a analista. Para todos é evidente que a Rússia fez todo o possível para combater o terrorismo e seu apoio é indispensável.
“Quanto à base de Incirlik, convém recordar que a Turquia negou regularmente a Washington a possibilidade de usar a base. Somente nos tempos mais recentes, permitiram instalar ali a sua coalizão antiterrorista. Quanto à nós, em absoluto não precisamos desta base, porque a Rússia já tem a capacidade suficiente para realizar operações militares na Síria sem ela”, afirmou.
"Frequentemente perguntam se as desculpas de Erdogan foram sinceras. Na minha opinião, não há nenhuma sinceridade nelas. É difícil esperar palavras sinceras dos políticos deste tipo. Foi uma questão de pragmatismo", disse Glazova.
O especialista Aleksei Obraztsov, do Centro da Escola Superior de Economia de estudos asiáticos e africanos, disse que a Rússia não concordou em usar a base de Incirlik.
“Mesmo que tal proposta seja feita, é pouco provável que a Rússia usasse Incirlik. A base acolhe forças da OTAN, infraestruturas da OTAN. Tendo em conta somente considerações de segurança, seria inapropriado fazer isso”, disse Obraztsov.
Na opinião dele, a normalização com a Rússia deve ser considerada do ponto de vista das suas relações com a Europa e o Ocidente em geral. A Turquia não deixará de apoiar os terroristas de repente, disse.
Antes, a Rússia e a Turquia atingiram um acordo sobre a crise na Síria, inclusive no que respeita à luta contra os militantes da Frente al-Nusra. Durante o encontro com Lavrov, Cavusoglu declarou que a Turquia considera como inimigos, não somente o Daesh, mas também a Frente al-Nusra.