Na segunda-feira (27) o porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov disse que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan na carta dirigida a Vladimir Putin pediu desculpas por um caça turco ter abatido um avião russo Su-24 e apresentou condolências à família do piloto morto no acidente.
O especialista em geopolítica e redator-chefe do site StopImperialism.org Eric Draitser disse, em declarações à Sputnik:
"É isso que leva os Estados Unidos e a OTAN a tentar e escalar e militarizar… [bem como] evitar quaisquer tentativas por parte do governo turco de uma reaproximação legítima a Moscou".
O mesmo especialista sublinhou que a Rússia pode agora fazer exigências à Turquia porque a visão de Erdogan sobre o derrube do presidente sírio Bashar Assad e a sua substituição por um governo liderado pela Irmandade Muçulmana (movimento islâmico declarado terrorista e proibido na Rússia) se tornou um "sonho impossível" para o presidente turco.
Enquanto isso, sinais recentes indicam que a Turquia pode querer retornar o seu estatuto prévio de membro "não alinhado" da OTAN, ao que Washington resiste porque quer ver Ancara como aliado obediente.
"A Turquia tem a posição perfeita para jogar em ambos os lados do conflito entre o Oriente e o Ocidente, mas ela não pode fazer isso se não melhorar as relações com a Rússia, sublinha Draitser.
"O jogo duplo de permitir o fluxo de voluntários europeus rumo à Síria para lutar a favor do ISIS [também conhecido como Daesh e proibido na Rússia] e ao mesmo tempo fazer parte da coalizão anti-ISIS foi claramente um tiro pela culatra, o que era completamente previsível", disse Kearn.
Comentando a implantação dos sistemas de mísseis Patriot na Turquia pela OTAN, o especialista acha que existem razões legítimas porque Ancara pode querer fortalecer a sua defesa.
"Eu não rejeitaria a ameaça [da Síria] completamente… A Síria ainda tem supostamente aproximadamente 100 sistemas móveis de mísseis balísticos de curto alcance, principalmente baseados em velhos modelos SCUD [de origem soviética]," notou.
Wilson Michael Kofman, acadêmico do centro Woodrow, declarou à Sputnik que o compromisso entre a Rússia e a Turquia é inevitável e permitirá a ambos os países e, o que é mais importante, aos seus líderes, salvar a face relativamente o caso do avião abatido russo. No entanto, "eu suspeito que o anterior grau de cooperação e confiança não será restaurado".