Assim declara o autor do editorial do jornal italiano La Stampa, publicado no domingo sob o título de "Grande jogo de Putin: a estratégia em três frentes" (Il grande gioco di Putin: strategia su tre fronti).
"As faíscas ao longo da fronteira com a Ucrânia, a batalha sangrenta em Aleppo e a reconciliação com a Turquia mostram a determinação com que Vladimir Putin cria em torno da Rússia uma nova e ambiciosa ordem internacional", escreve o editor-chefe da respeitável edição italiana La Stampa Maurizio Molinari.
Analisando a atividade da política externa russa em uma dessas áreas, o autor enfatiza que a Rússia pretende de forma significativa reduzir a influência dos Estados Unidos.
Neste contexto, Molinari chama a atenção para a imagem recentemente formada do Ocidente, que é dilacerado por contradições nos problemas de migração e terrorismo, que está enfraquecido economicamente e que demonstra falta de capacidade de liderança em conexão com o grande poder de movimentos de protestos que, em particular, foi mostrado pelo referendo sobre o Brexit no Reino Unido.
De acordo com o editor do La Stampa, a Rússia cria um sistema privilegiado de relações com muitos países, cujo modelo político se distingue do das democracias ocidentais: da Bielorrússia, da Turquia, do Egito, do Irã e das repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central.
O Kremlin sabe, no entanto, que essa fase de expansão estratégica corre o risco de interferência com a saída de Obama da presidência. Moscou teme, em particular, o sucesso de Hillary Clinton, por sua candidatura expressar a vontade do estabelicimento bipartidário de Washington em recuperar o terreno perdido nestes anos.
É por isso que Putin continua na ofensiva e o perfil da Rússia é esperado crescer um pouco por todo o lado, mesmo na região do Mediterrâneo Central, como mostra a escolha de se opor, em termos inequívocos, à incursão dos EUA em Sirte para apoiar as posições do general Khalifa Haftar, adversário do governo de Fayez Sarraj em Trípoli, conclui autor.