Além disso, há uma clara aproximação entre todos os três países.
Assim, o site francês Atlantico decidiu esclarecer que interesses comuns podem unir países tão diferentes.
"Penso que isso não é necessariamente um acordo que signifique uma aliança de longo prazo. Entretanto, a caraterística mais interessante da parceria nascente é o pragmatismo", disse o analista em geopolítica Alexandre Del Valle.
Ele lembrou que o Irã xiita e a Turquia sunita estavam divididos sobre o assunto de Síria.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan queria derrubar o regime sírio e lutar contra os curdos, enquanto o Irã queria proteger Bashar Assad contra os militantes apoiados pela Turquia (Daesh, Frente al-Nusra, Ahrar al-Sham, Jaish al-Fatah, Jaysh al-Islam).
O Irã quer preservar os seus interesses estratégicos no Oriente Médio, onde a Síria serve de porta para a região.
Entretanto, neste ano Erdogan realizou a estratégia pró-jihadista que se virou contra ele – os cidadãos turcos têm frequentemente sido vítimas do Daesh e dos curdos.
Erdogan entendeu que os islamistas não somente ameaçavam a liderança no seu país, mas também causavam divergências com a Rússia. A Turquia não podia completamente cortar os laços com a Rússia devido a razões econômicas, militares e políticas. Então, o presidente turco fez uma virada na sua política externa.
Ao mesmo tempo, os três países têm uma atitude comum em relação ao Ocidente, que consideram "arrogante" e "pronto para interferir".
O analista notou que não é uma aproximação real, mas a ideia de que encontrar uma solução comum é do interesse dos três países.
O diálogo entre os três pesa mais do que a rivalidade, uma vez que as suas economias dependem umas das outras.
Na opinião de Alain Rodier, ex-oficial da inteligência francesa e diretor do Centro francês de Pesquisa e Inteligência, os três países têm algo mais em comum – a intenção de ultrapassar Washington e Bruxelas que, segundo eles, querem impor as suas regras na política internacional.
Também é uma oportunidade de demonstrar que há uma alternativa à União Europeia.
Segundo Del Valle, Erdogan pode exigir da UE garantias em relação ao acordo sobre vistos, refugiados, Chipre e etc.
Por seu turno, os EUA precisam da Turquia como membro da OTAN e parceiro nas alianças ocidentais.
"Vivemos em um mundo multipolar, onde todos defendem os seus próprios interesses e <…> e mantêm diálogo com todos os que lhes podem ser úteis", disse.
O Ocidente devia ter compreendido isso e parado com os seus sermões sobre o respeito dos direitos humanos, algo que prejudica os seus interesses e incita o ódio contra si devido a esse pragmatismo e interesses geopolíticos e de civilização, disse o especialista.