Chanceler turco: Rússia e Turquia devem colaborar para parar guerra na Síria (EXCLUSIVO)

© Sputnik / Aleksei Nikolsky  / Acessar o banco de imagensLíder russo Vladimir Putin e presidente turco Recep Tayyip Erdogan antes da reunião bilateral em São Petersburgo, Rússia, 9 de agosto de 2016
Líder russo Vladimir Putin e presidente turco Recep Tayyip Erdogan antes da reunião bilateral em São Petersburgo, Rússia, 9 de agosto de 2016 - Sputnik Brasil
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Mevlut Cavusoglu, falou em exclusivo com o correspondente da Sputnik Turquia na véspera da visita do presidente russo a Istambul e comentou o processo da normalização das relações bilaterais entre a Turquia e a Rússia, fazendo previsões sobre o futuro da cooperação entre os dois países.

"O período de estagnação nas nossas relações durou quase 8 meses. Hoje em dia ambas as partes aplicam todos os esforços para recuperar as oportunidades perdidas. Além disso, mantemos um diálogo destinado a ultrapassar as divergências em diversas questões nas quais tempos opiniões diferentes", diz Mevlut Cavusoglu.

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O ministro frisa que se trata, nomeadamente, das questões da Síria, do desenvolvimento econômico  e político. Uma das áreas-chave é o setor energético.

"Temos a intenção de desenvolver nossas relações nas esferas da política, economia e outras. Os obstáculos no comércio, nas viagens de cidadãos estão sendo removidos pouco a pouco, no entanto há que fazer ainda muito nesta direção", explicou chanceler turco.

"Quero aproveitar a oportunidade e apresentar ao lado russo o nosso pedido de levantar as restrições à importação de produtos agrícolas turcos. Em geral as nossas relações estão se desenvolvendo de forma positiva, planejamos não apenas voltar ao estado que tínhamos antes da crise, mas também alcançar um novo nível", declarou  Mevlut Cavusoglu.

Diplomacia informal no processo de normalização das relações 

O chanceler turco destacou que todos queriam normalizar as relações, mas aguardavam por condições apropriadas. Para isso o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, teve que empreender certas medidas. Mevlut Cavusoglu sublinhou o papel significativo dos líderes de dois países que apoiaram este processo [o Azerbaijão e o Cazaquistão] e expressou a sua gratidão a estes países por reconhecerem a importância de relações equilibradas entre a Rússia e a Turquia.

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"Durante os encontros informais com os meus amigos russos nós conseguimos trocar opiniões e discutir que passos podem ser empreendidos para normalizar as relações. Tais encontros resultam mais eficazes comparativamente com as reuniões oficiais, pois podemos falar de forma direta e informal", explicou ministro.

Mevlut Cavusoglu mencionou Farkhad Akhmedov, o seu amigo da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que cresceu na Rússia e voltou ao Azerbaizão, trabalhou com políticos, esteve no círculo próximo de Vladimir Putin. Foi Farkhad Akhmedov quem, no encontro com o presidente Erdogan, propôs enviar uma carta ao presidente russo, explicando que isso poderia ser um passo produtivo e dar mais  resultado do que as conversações por meio de mediadores. 

"Há casos em que os canais diplomáticos oficiais se mostram ineficazes, enquanto passos dados por canais informais, através de amigos, mostram resultados positivos. No nosso caso, aconteceu precisamente assim", diz Cavusoglu.

Colaboração no campo energético

O chanceler turco, falando da questão da cooperação energética, sublinhou a importância do projeto Corrente Turca.

"O projeto foi-nos apresentado pelo lado russo. A primeira linha abastecerá a Turquia de gás natural. A segunda linha é mais orientada ao mercado europeu. A Rússia quer realizar esta última fase após receber as garantias necessárias, o que é natural, tomando em conta as condições econômicas em que nos encontramos", frisa ministro turco.

Conforme Cavusoglu, a Turquia concedeu o necessário apoio à construção da primeira linha e continua realizando negociações para celebrar o acordo final.

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Não tendo suas próprias reservas energéticas, a Turquia é um país de trânsito e considera que a melhor variante, a mais prometedora, é o fornecimentos de recursos naturais aos mercados europeus e mundiais através do território turco. O país quer comprar recursos aos países que proponham as melhores condições. Hoje em dia, de acordo com Cavusoglu, a Rússia e o Azerbaijão são os países que apresentam condições mais vantajosas.

"A Rússia, juntamente com Azerbaijão, é o país que nos vende gás nas melhores condições. Isto significa muito para nossa economia. Portanto, temos planos de desenvolver a nossa cooperação com a Rússia neste campo. Tal intenção foi expressa por ambas as partes [Turquia, Rússia]", disse ministro do Exterior turco.

Interação com a Rússia na questão síria

Respondendo a pergunta do correspondente da Sputnik Turquia sobre o possível formato da interação entre a Rússia e a Turquia na questão síria, Mevlut Cavusoglu diz o seguinte:

"Não é justo apresentar como condição do desenvolvimento das relações bilaterais a nossa posição em relação à situação em um país terceiro. Nós não falamos que 'a consolidação das nossas relações depende da política da Rússia em relação à Crimeia ou à Ucrânia', isto não é correto. Em vez de usar um contra outro certas divergências que temos, devemos negociar  como é possível construir o diálogo para debater todas as discordâncias".

Mesmo tendo divergências, o diálogo tem que permanecer aberto, e para mantê-lo devem ser usados todos mecanismos diplomáticos, aliás, é isso que está na base dos acordos alcançados por Vladimir Putin e Recep Erdogan, destaca o chanceler turco.

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"O problema sírio ainda não foi resolvido. Como podemos ajudar a resolvê-lo com esforços conjuntos? Em vez de insistir na mudança do ponto de vista do lado oposto, devemos discutir como podemos parar os combates no país e atingir a regulação política, como entregar a ajuda humanitária ao povo sírio. Neste assunto, a Turquia tem uma posição firme, somos a favor da estabilidade e da paz na Síria, da manutenção da integridade territorial, da cessação dos combates e d regulação política. <…> Acredito que devemos nos concentrar na busca de soluções para o problema. Neste caso, se o conflito for regulado, não haverá necessidade de apresentar condições", concluiu Mevlut Cavusoglu.

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