"O meu nome é Bill Moran, sou ex-autor e editor no escritório da Sputnik News em Washington. Nasci no Arizona, formei-me na Universidade de Georgetown <…> e sou um simples homem de 29 anos que sempre tive a esperança secreta de me tornar jornalista da imprensa escrita.
Agora compreendo que o trabalho de que gostava tanto e que, na minha opinião, realizava bem já pertence ao passado.
No dia de Colombo (10) cometi um erro embaraçoso. Notei uma série de tweets que atribuíam palavras sobre o escândalo em Benghazi a Sidney Blumenthal. O documento original da WikiLeaks ao qual estava relacionado o artigo original era muito comprido – 75 páginas. Examinei o documento à pressa, mas não o li todo.
Por ser feriado, era o único funcionário no escritório em Washington. Escrevi 12 histórias no período de 12 horas e corrigi mais cinco matérias de dois autores que trabalhavam à distância <…>.
Fazia tudo de forma rápida e fiz um erro por causa do qual ainda estou embaraçado. Saí para fumar um cigarro depois de colocar várias matérias nas redes sociais <…>, depois dei uma mais olhada ao documento, compreendi que tinha feito um erro e removi a matéria.
Agora sou Vladimir Putin. Pelos menos, é o que Kurt Eichenwald e a Newsweek pensam.
Eichenwald escreveu uma matéria publicada às 7h45 intitulada 'Caro Donald Trump e Vladimir Putin, não sou Sidney Blumenthal' em relação ao meu erro <…>.
No seu artigo, ele escreve que se trata de 'ainda mais uma prova' da ciberguerra russa realizada pela agência 'controlada pelo governo russo' (que não é verdade, somente financiada) que alterou (este aspecto repete algumas vezes) documentos da WikiLeaks antes de passar informações para Donald Trump <…>.
O problema é que Eichenwald, editor-chefe da revista Newsweek <…> sabe que toda esta história não corresponde à verdade. Na terça-feira (11), contatei Eichenwald e os editores da Newsweek para informá-los sobre os erros no artigo e contar a história verdadeira. Também contatei Eichenwald no Twitter, explicando de forma cautelosa os detalhes, mas ele bloqueou a minha conta. Na quarta-feira (12), fui demitido. A minha colega criticou Eichenwald por me bloquear e não alterar o artigo."
Entretanto, isso não é o fim da história de Bill Moran. Eichenwald realmente contatou-o oferecendo ajuda para encontrar um novo trabalho. Entretanto, depois de pensar, Moran decidiu não se vender e ignorar a verdade em troca de uma boa carreira. Eichenwald ofereceu a Moran tornar-se observador político da publicação New Republic.
"O problema é que o novo emprego não transformará a ficção em fatos. Ele compreendeu a história de forma errônea. É tudo."
Quanto aos outros erros cometidos pela Newsweek, a versão inicial do artigo dizia que a Sputnik removeu o artigo depois de ter visto que foi cometido um erro. A versão que foi divulgada mais tarde supôs que a publicação contatou a Sputnik antes de retirar a matéria. A versão atual diz que a Newsweek tentou contatar, mas Moran não recebeu nada parecido.
"Segundo, a publicação não é 'controlada pelo Kremlin'. Não falo a Vlad [Vladimir Putin] todas as manhãs com uma chávena de café. A agência recebe financiamento do governo russo, mas ninguém nunca me disse o que escrever", disse Moran.
E mais: a publicação não alterou o documento da WikiLeaks. A matéria mesmo tinha o link para o documento original.
Agora o jornalista vê o seu futuro sendo alvo de críticas perpétuas. Escreveu 813 matérias para a Sputnik e o único erro e informações incorrectas, intencionalmente publicadas na Newsweek, levaram a uma histeria.
Entretanto, depois de rever a situação a Sputnik ofereceu mais uma vez trabalho para Moran, mas ele recusou.