A Rússia anunciou a implantação de sistemas de mísseis de defesa costeira Bastion e Bal nas duas ilhas meridionais das Curilas. O governo do Japão, de acordo com o jornal Japan News, planeja gastar 188 bilhões de ienes (1,7 bilhões de dólares, 57,94 bilhões de reais brasileiros) adicionais na compra de mísseis guiados modernizados Patriot Advanced Capability-3 (PAC-3) no atual ano fiscal, que termina em abril de 2017. A agência Kyodo, por sua vez, informou sobre os planos do Ministério da Defesa do Japão de criar uma comissão para estudar a questão da instalação do sistema de defesa contra mísseis THAAD no país. Como se sabe, em dezembro, o ministro da Defesa do Japão, Inada, tenciona visitar Guam para inspecionar o THAAD pessoalmente. Após um estudo detalhado da questão, se espera que a decisão final seja tomada até ao verão do próximo ano.
"O tema central das negociações serão as condições para a assinatura de um tratado de paz e a resolução do problema territorial. Mas as negociações irão decorrer em todas as direções. Como parte do diálogo político militar poderão muito bem ser discutidos tanto os sistemas de mísseis costeiros russos Bal e Bastion como os planos do Japão para a possível implantação no seu território da defesa antimíssil THAAD. Para chegar a um compromisso, ambos os lados poderão corrigir seus planos: tanto no número de armas a comprar, quanto sobre os tipos e localizações da sua implantação. A Rússia, como concessão, poderia remover o Bastion, mas só em resposta a alguma ação japonesa simétrica. Por isso, cada uma das partes está tentando, nas vésperas das negociações em Tóquio, reforçar sua posição e criar uma oportunidade para esse tipo de troca. Enquanto isso, nós estamos assistindo à formação do processo negocial", disse Evseev.
Alguns analistas admitem que a instalação dos sistemas precisamente nessas duas ilhas contém uma determinada alusão política, subentendendo que as outras duas ilhas — Shikotan e Habomai — poderão vir a ser objeto de compromisso com Tóquio. O historiador e especialista em Japão, Anatoly Koshkin, explicou a sua opinião à Sputnik Japão:
"A colocação nas ilhas de Iturup e Kunashir dos sistemas Bastion e Bal foi anunciada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, ainda em março deste ano. Portanto, as suposições de que a liderança russa está assim reforçando sua posição para as próximas conversações com Abe me parecem infundadas. Falando da implantação de defesa antimíssil no território japonês, isso é explicado pela necessidade de proteção contra a ameaça de mísseis nucleares da Coreia do Norte. Mas, os sistemas dos EUA também podem ser usados com o mesmo efeito contra os sistemas de mísseis russos. Embora ambos os lados afirmem que o tópico dos mísseis não irá afetar as negociações entre Putin e Abe em dezembro, de fato, ele é um elemento adicional de confrontação. E realmente ele pode complicar ainda mais o acordo sobre demarcação fronteiriça entre os dois países."
"Sabemos que o Japão já possui mísseis guiados antiaéreos SM-3 e mísseis interceptores terra-ar Patriot-3. Se o sistema de mísseis THAAD for também instalado no país, o Japão terá um sistema de defesa de mísseis para interceptar mísseis a alta altitude, assim como mísseis de média e baixa altitude. No mês seguinte, é esperada uma visita de especialistas japoneses aos Estados Unidos para discutir questões relevantes. Tais ações indicam que Tóquio está acelerando a criação de uma aliança militar entre os EUA, o Japão e a Coreia do Sul. Até à data, os governos do Japão e da Coreia do Sul já assinaram um acordo sobre troca de dados de inteligência, que foi bem acolhido pelos Estados Unidos. Assim, sob pretexto da ameaça nuclear da Coreia do Norte, o Japão instala o THAAD e realiza a modernização de suas armas, o que ameaça a estabilidade geopolítica no nordeste da Ásia e no futuro pode provocar uma corrida aos armamentos na região."