'Para que servem declarações sobre tanques russos sulcando as fronteiras ocidentais?'

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O "novo" Montenegro de Milo Djukanovic hoje é um país que está se afastando de seu eixo histórico, afirma o professor e presidente da sociedade Matica Srpska no Montenegro, Vladimir Bozovic.

Referência: Matica Srpska é uma sociedade literária científica, cultural e educativa sérvia formada no início do século XIX.

Em entrevista à Sputnik Sérvia Bozovic sublinhou que "a discriminação com elementos de racismo" é a definição mais suave da situação dos sérvios no Montenegro, embora, de acordo com o Censo de 2011, eles representem quase 30 por cento da população do país. A discriminação é provada pelas declarações de Milo Djukanovic, que foram feitas há alguns anos, quando à pergunta sobre o pequeno número de sérvios na administração pública ele respondeu que não era uma questão de discriminação, mas sim "uma questão de competência".

Sputnik: Já há longo tempo que o Montenegro vive uma profunda crise política e social. Qual, em sua opinião, é a principal causa desta situação, e será que o Montenegro pode encontrar forças para sair desta situação por si próprio?

Vladimir Bozovic: O conceito de "Montenegro" perdeu o seu conteúdo original e romântico-histórico há muito tempo. Agora, infelizmente, este nome é usado para encobrir o sistema feudal e a organização mafiosa que é liderada por Milo Djukanovic já há muitos anos. Por uma conjugação de circunstâncias históricas, no início dos anos de 1990 Djukanovic chegou ao poder. Abusando de sua posição, ele se apropriou de todas as riquezas criadas pelas gerações anteriores que tinham amor à liberdade. A maior parte dos bens materiais "se mudou" para os cofres de sua "família".

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Hoje, após trinta anos de reinado de Milo Djukanovic, temos uma sociedade completamente fragmentada, embora já tenhamos sido massacrados com o mantra sobre harmonia interétnica e inter-religiosa. Essa divisão atingiu uma profundidade perigosa.

Eu não acredito que o Montenegro possa voltar a uma vida normal e decente por si próprio. Para isso nós, além do destino montenegrino, necessitamos da ajuda de Deus ou de uma redistribuição geopolítica mais radical. Agora temos pelo menos alguma esperança após as eleições presidências nos EUA.

S: Até que ponto, em sua opinião, o fator externo tem impacto sobre os acontecimentos no seu país?

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VB: Num país onde, por exemplo, a embaixada dos EUA participa abertamente na aprovação de leis (considerando o episódio em 2014, quando a embaixada dos EUA propôs alterações à lei sobre combate à corrupção, que tinha sido rejeitada pelo governo), é completamente impossível falar de "influência" do fator estrangeiro. Nós estamos falando sobre protetorado ao nível mais baixo. Infelizmente, tudo o que está acontecendo hoje no Montenegro está ligado ao calculismo e medos de Milo Djukanovic. Em meados dos anos de 1990, ele percebeu, com seu instinto de traficante de drogas local, quem é o maior jogador na arena global. Portanto, ele mudou sua política, saiu de debaixo do guarda-chuva de Slobodan Milosevic e se escondeu sob as amarras da Sexta Frota da Marinha dos EUA, estacionada no Mediterrâneo. A partir desse momento, ele começou a luta "de libertação" por um "novo" Montenegro, que foi removido do seu próprio eixo histórico. Se Djukanovic saísse por breves momentos da proteção do radar dos EUA, ele receberia imediatamente um aviso da Itália e de outros lugares onde há grossos dossiês criminais contra ele. Hoje Djukanovic é apenas um fantoche, tal como ele foi ao longo de todos os anos anteriores.

S: Quais podiam ser as consequências para o Montenegro de uma possível adesão à OTAN?

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VB: Eu já disse que é difícil operar com tais noções como ‘o Estado do Montenegro’. Estamos assistindo a um regime criminoso, para o qual a adesão à OTAN seria um caminho certo para obter indulto por longo prazo e manter sua propriedade roubada. Pelo menos o seu chefe, Djukanovic, que tem as mesmas expetativas, convenceu-os disso. Entretanto, a posição do novo presidente dos EUA em relação à OTAN assustou-os.

Hoje, nós vemos que a burocracia corrupta da OTAN também está sofrendo desta incerteza. Como qualquer outra casta privilegiada, eles estão lutando ativamente pelas suas cadeiras desequilibradas e por todos os tipos de bônus.

Daí a histeria dos funcionários da Aliança e suas permanentes alegações loucas sobre tanques russos que estão sulcando alegremente as fronteiras ocidentais e que, por isso, hoje a OTAN é mais do que nunca necessária.

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Presidente da Alemanha não acredita na mudança da política dos EUA em relação à OTAN
Eu respondi uma vez a uma pergunta relacionada com o destino posterior do Montenegro na OTAN. E eles sabem que se nos arrastarem para dentro da OTAN à força, não alcançarão nada. A resistência não pode ser quebrada, o movimento anti-OTAN não cessará suas atividades no Montenegro.

Agora também existem contradições dentro da própria OTAN. Para que esta organização criminosa seja preservada, é necessário haver uma pressão constante, esforços enormes e fundos financeiros. Mas se considerarmos que o dinheiro resolve tudo no Ocidente parece-me que a OTAN terá uma vida muito curta.

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