Uma fila de encontros de toda a espécie
Em fevereiro de 2015, a visita de 4 dias do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, à Venezuela, Nicarágua e Cuba virou mais uma etapa de criação do sistema de segurança no âmbito da dissuasão não nuclear.
Mais cedo, em 2014, no decorrer de uma visita de 6 dias à região latino-americano, o presidente russo, Vladimir Putin, se encontrou com os líderes cubano, argentino, brasileiro e nicaraguano, lançando os alicerces da cooperação militar e comercial para os anos seguintes.
Tomando em conta este aumento evidente dos contatos pessoais entre as mais altas entidades do Estado, se pode dizer que Moscou está tendo sucessos em restaurar as suas posições na América Latina, perdidas no período pós-soviético, sendo que a região evidencia também uma queda da influência dos EUA.
Impõe-se a pergunta: quais os benefícios que a cooperação militar e técnica com a Venezuela, Nicarágua e Cuba pode trazer à Rússia?
Qual é o interesse dos próprios latino-americanos?
Por tradição, a Venezuela partilha a postura russa quanto aos conflitos sírio e ucraniano. Moscou, por sua vez, apoia a abordagem neutra de Caracas no palco internacional. Os países vêm desenvolvendo a cooperação militar.
Em breve, a Venezuela se tornará o primeiro país no mundo (a seguir à Rússia) a produzir legalmente o fuzil de assalto Kalashnikov.
As Forças Armadas da Venezuela, que integram 90 mil militares, são equipadas com armamentos modernos e consideradas umas das mais aptas para o combate na América Latina.
As próximas negociações da comissão intergovernamental se realizarão no outono de 2017, em Sevastopol.
Um outro encontro marcante foi a reunião de Dmitry Rogozin em Manágua, da qual participaram o presidente nicaraguano Daniel Ortega, o vice-presidente Rosario Murillo e Julio César Avilés, comandante em chefe do Exército da Nicarágua.
As Forças Armadas nicaraguanas contam com 12 mil militares e integram tropas terrestres, Força Aérea e Marinha.
No que diz respeito a Cuba, o país continua um parceiro importante da Rússia apesar da pressão contínua por parte dos países ocidentais. Os presidentes da comissão intergovernamental russo-cubana, Dmitry Rogozin e Ricardo Cabrias Ruíz, celebraram um programa de cooperação tecnológica entre os dois países na área da defesa até 2020. Moscou ajudará Havana a modernizar e fortalecer seu Exército.
As Forças Armadas cubanas contam com 75 mil militares e são equipadas com armamentos de produção soviética.
Estratégia a longo prazo
Há que destacar que a população total da Venezuela, Nicarágua e Cuba é cerca de 48 milhões, o que não é pouco. Além disso, os respectivos exércitos têm 180 mil militares ao serviço, sendo que os povos destes países possuem grande tradição militar, potencial mobilizador e estão prontos para defender sua Pátria com armas na mão.
A Rússia, que está desenvolvendo uma cooperação militar bem sucedida com as Marinhas chinesa e indiana, parece se voltar cada vez mais para o Atlântico também. Se tomarmos em conta que hoje em dia a Rússia conta com 27% do mercado internacional de armamentos, enquanto a expetativa de crescimento deste setor na América Latina é muito grande (50 bilhões de dólares na próxima década), as estimativas de cooperação bilateral são bastante elevadas.