"Se alguém pensar que estamos interessados somente na promoção de laços econômicos e que o acordo de paz é relegado a segundo plano, isso não é assim. Em minha opinião, a conclusão do acordo de paz é o objetivo mais importante, porque isso irá criar para nós condições para uma interação de longo prazo em perspectiva histórica", sublinhou Putin, apelando à transformação das Curilas do Sul de "pomo de discórdia" em fator de progresso no caminho para a cooperação de longo prazo.
Valery Kistanov, chefe do Centro de Estudos Japoneses do Instituto do Extremo Oriente, disse à Sputnik Japão que "para Abe não há uma decisão mais importante do que a resolução dessa questão. Claro que ele tem outros problemas, tarefas e objetivos. Há questões sobre o futuro das relações com os EUA. Há questões territoriais com a Coreia do Sul e a China, mas não parece que haja alguma solução para essas questões. E a minha opinião pessoal é que, se Putin e Abe assinarem algum dia um tratado de paz, este ato será digno do Prêmio Nobel da Paz".
"A subida da montanha com passos pequenos" foi como descreveu os acordos atuais sobre atividades econômicas conjuntas nas ilhas Curilas o deputado do conselho da cidade de Vladivostok, Sergei Kovalev. Segundo disse ele, "o alargamento do sistema TOR (zona econômica especial), com regime de investimento preferencial, às ilhas iria contribuir para a rápida atração dos empresários japoneses, em particular na indústria de processamento de peixe".
Ele também propõe "ter em conta a importância das ilhas Curilas como centro de turismo e de pesquisa científica. A criação de um cluster de lazer, bem como a extração de recursos minerais e a indústria de pesca devem ser uma prioridade na cooperação". Ao mesmo tempo, ele observou que não obstante a posição oficial de Tóquio, o governo russo precisa desenvolver por si próprio o potencial econômico tanto das ilhas Curilas como do Extremo Oriente russo em geral.
O especialista do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Konstantin Vodopyanov, pensa que os resultados da cúpula Rússia-Japão são intermédios:
"Ainda não há nada de específico, e não está claro de que maneira tudo isso será formalizado. Não se sabe se as elites dos dois países, especialmente a elite do Japão, irão apoiar os atuais acordos. Porque a oposição à linha de Abe no país é muito séria, na verdade, não há um lobby pró-russo, mas a política pró-americana ainda é muito forte. Portanto, devemos reconhecimento a Abe, que apesar do descontentamento dos EUA estava determinado a realizar estas negociações".
A visita do presidente Vladimir Putin ao Japão resultou não somente em acordos políticos, mas também em numerosos acordos econômicos entre empresas russas e japonesas. Isso se refere tanto à cooperação nos setores de matérias-primas, como na indústria e no setor de altas tecnologias. O volume de investimentos japoneses, apenas conforme os contratos assinados, pode atingir 2,5 bilhões de dólares.