Monique Goldfeld, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares da ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), dedica-se há muitos anos a aprofundar seus estudos sobre a história e a política da Turquia, onde viveu por uma temporada. Para a especialista, o assassinato do diplomata russo pelo policial turco Mevlüt Mert Altintas, de 22 anos – este também morto após troca de tiros com a polícia –, tem de ser analisado sob múltiplos aspectos.
"Foi um susto muito grande o assassinato do Embaixador Andrei Karlov", diz a Professora Monique Goldfeld em entrevista à Sputnik Brasil. "Ao que me consta, o último embaixador que sofreu algo do tipo foi no começo do século XIX. Realmente foi algo assustador e inusitado. Há diversas interpretações possíveis para o que aconteceu, e nós estamos ainda tentando avaliar a razão do assassinato de Andrei Karlov. Alguns dizem que teria sido uma reação ao envolvimento russo ao lado de Bashar Assad na guerra da Síria, apoiando Assad. Na realidade, eu entendo que devemos olhar para esta questão sob o ponto de vista da agenda interna da Turquia. Existe um grupo muito próximo ao Presidente Recep Tayyp Erdogan que vem tendo posições diferentes em relação à grande proximidade da Turquia com a Rússia. Talvez a chave seja por aí."
A Professora Monique Goldfeld conclui seu raciocínio explicando que, "de qualquer forma, é fato que as relações entre a Turquia e a Rússia tiveram um momento bastante tenso no ano passado, com a derrubada do jato [o abate, pela defesa turca, do jato militar russo em novembro de 2015], mas sobretudo pelo papel da Rússia no golpe frustrado de julho, de apoio à Turquia… Enfim, há uma aproximação desde então, e se temia muito que esse atentado pudesse afastar os dois, e que esse era o objetivo."