Uma das razões para a repercussão na imprensa quanto à nova aliança muçulmana estaria ligada à nomeação do ex-general paquistanês, Raheel Sharif, ao posto de chefe da entidade.
Segundo Bonesh, há muito tempo, a Arábia Saudita tenta "contratar" um militar tão experiente e, portanto, a organização vem negociando com o alto oficial sobre seu futuro cargo.
"Durante os últimos anos, a Arábia Saudita está tentado a pôr o Paquistão contra o Iêmen para atrair os militares paquistaneses às filas do seu exército. No entanto, sendo membro da Aliança Militar Islâmica (IMAFT, sigla em inglês) encabeçada pelo Reino Saudita, Paquistão adotou uma postura relativamente imparcial no que diz respeito a essa questão", assegurou Bonesh.
O cientista político assinalou que, para os militares paquistaneses, a coalizão liderada por Riad parece mais um bloco pró-sunita contra xiitas do que uma aliança contra o terrorismo, já que a IMAFT não inclui Irá, Iraque e Síria.
No âmbito das negociações com os sauditas, Raheel Sharif declarou ser uma das condições a participação de Teerã da aliança e a mediação paquistanesa nas negociações entre Irã e Arábia Saudita.
O resfriamento das relações com Washington e as negociações entre EUA e Irã geram preocupação de Riad. Em 2015, ele finalmente cria o bloco islâmico para por fim a tal situação, ressalta Bonesh.
"A ideia da ‘OTAN muçulmana', desde seu início, pareceu ser uma quimera: os jogadores muito distintos, os objetivos muito diferentes e a falta de um inimigo comum. As declarações quanto à luta contra terrorismo apenas provocam sorriso, dado que vários membros do bloco indiretamente apoiam grupos terroristas e os usam para alcançar seus fins", afirmou o especialista iraniano.
Bonesh acrescentou que a eficiência da aliança é quase zero, enquanto vários participantes da aliança, até algum ponto, dependem economicamente de Riad, não podendo ser considerados como atores independentes.
Ao resumir, Bonesh afirmou que criando esta organização, a Arábia Saudita está perseguindo somente seus interesses e busca realizar sua agenda política através dos outros países muçulmanos.
"Neste sentido, seria errado dizer que esta aliança seja efetiva ou bem-sucedida nos termos de resolução de crises regionais", concluiu.