O falecimento de David Rockefeller, o patriarca do famoso clã bancário, provocou debates intensos sobre o futuro da família Rockefeller e do plano globalista em geral.
De acordo com o professor Valentin Katasonov do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), a morte do bilionário pode reduzir o poder do influente grupo financeiro.
"O falecimento de David Rockefeller… pode potencialmente levar ao enfraquecimento das posições de que o grupo financeiro gozou durante décadas", disse Katasonov.
A rede global Rockefeller continua ativa até agora
No entanto, o analista geopolítico Gilbert Mercier, editor-chefe do portal News Junkie Post, julga que a situação é mais complicada do que parece.
"Embora Rockefeller fosse a figura principal e, em muitos sentidos, fosse um dos fundadores do projeto da ordem mundial globalista, a especulação de que sua morte é um grave choque para a elite financeira é pura fantasia. Os autoproclamados reis de Wall Street são como sempre arrogantes e todos deles são jovens burlões prontos a se banquetear por cima dos cadáveres de velhos", disse Mercier à Sputnik Internacional.
"Apesar do falecimento de Rockefeller, a enorme hydra do pântano globalista continua a prosperar: desapareceu uma cabeça, mas outras vão crescer e ocupar o seu lugar. Esta noção de que o corpo ou diretoria é mais importante do que um órgão ou indivíduo é, afinal, uma parte da doutrina globalista que David Rockefeller ajudou a construir no início dos anos 50. A criação de redes, grupos e conselhos de seus parceiros de elite sempre foi a política de Rockefeller e isto se tornou uma das forças principais do projeto de nova ordem mundial", explicou o analista político.
"Como jogador-chave da ordem globalista, Rockefeller foi fundamental na criação do Conselho Consultivo Internacional (IAC na sigla em inglês) no início dos anos 60. Ele foi o presidente do IAC até 1999. O IAC foi rebatizado de Conselho Internacional após a fusão do Chase com o JP Morgan, e em 2005 foi incluído na lista dos 25 membros da elite global de 20 países diferentes", ressaltou Mercier.
"O seu clube financeiro muito exclusivo inclui Henry Kissinger, Riley Bechtel, George Shultz, Gianni Agnelli, John Loudon (o presidente executivo da empresa Shell), David Packard, Henry Ford II e o atual presidente [do clube] Tony Blair", notou.
"Foi através desses vários canais e desse grupo de pessoas que David Rockefeller influenciou, calma mas eficientemente, não só a política doméstica e externa dos EUA, mas também os assuntos mundiais", enfatizou Mercier.
David Rockefeller e a política exterior dos EUA
Na verdade, em 22 de março de 2017, a WikiLeaks, uma organização internacional sem fins lucrativos que publica informações secretas, forneceu um link para 945 documentos sobre David Rockfeller oriundos de seus arquivos.
Por exemplo, Rockefeller desempenhou um papel significativo no salvamento do xá do Irã Mohammad Reza Pahlavi, depois que este foi derrubado durante a revolução iraniana de 1979.
Ao mesmo tempo, David Rockefeller fez esforços para estabelecer laços com Saddam Hussein, o ex-líder do Iraque acusado de apoiar o terrorismo internacional, em janeiro de 1975.
"Rockefeller era conselheiro de todos os presidentes dos Estados Unidos desde Eisenhower", disse Mercier à Sputnik. "É óbvio que sua amizade durante meio século com Henry Kissinger foi altamente benéfica para a influência de ambos nos assuntos mundiais.”
Falando à Sputnik Internacional, Mercier comentou que, tal como George Soros, Rockefeller era "extremamente experiente na mídia, e pouquíssimas notícias sobre o bilionário foram divulgadas na mídia".
"Rockefeller era uma força importante nos corredores do poder internacional desde o início dos anos 50 e, através da sua rede familiar, por mais de um século", sublinhou o analista geopolítico, acrescentando que a fortuna relativamente modesta de Rockefeller de US $ 3 bilhões é suspeita de ser altamente subestimada.
No entanto, alguns observadores acreditam que o presidente dos EUA, Donald Trump, o assim-chamado " candidato anti-establishment ", pode acabar com os planos globalistas propagados por David Rockefeller e supostamente apoiados por Bill e Hillary Clinton.
Falando sobre esta questão Mercier permanece muito céptico.
"O país pode ter um novo presidente executivo, mas as mesmas pessoas ainda vão controlar o sistema, e se ele ainda estivesse vivo, a voz de David Rockefeller seria ouvida dele", destacou Mercier.
"Donald Trump pensava sempre em dinheiro e negócios. Assim ele já entendeu que a divisão central do país é o complexo militar-industrial. Há tanto a fazer para drenar o pântano e acabar com a hydra globalista!" concluiu o analista.
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