Embora o acordo para estabelecer as zonas também conhecidas como "zonas de desescalada", tenha entrado em vigor, passará pelo menos um mês antes de todos os detalhes serem elaborados e as áreas seguras serem totalmente estabelecidas, disseram responsáveis oficiais russos.
As zonas estão localizadas na província de Idlib, em partes dos distritos de Latakia, Aleppo e Hama, norte da província de Homs, no bairro de Damasco de Ghouta Oriental e nas partes meridionais de Deraa e Quneitra, províncias que fazem fronteira com a Jordânia. Nenhuns confrontos entre o governo e a oposição são permitidos nessas áreas.
O jornal russo online Vzglyad analisou por que foram escolhidas particularmente essas quatro áreas no mapa da Síria para um novo formato de manutenção da paz e quais são suas particularidades estratégicas e militares.
Província de Idlib
Segundo o jornal, no que diz respeito à zona de Idlib, é difícil prever o que vai acontecer e quem será responsável pela província no futuro próximo.
"As outras três zonas são, de fato, enclaves jihadistas cercados por tropas governamentais que estariam condenados a serem destruídos se não tivessem deixado de resistir. Em duas das zonas, os militantes até concordaram em serem transferidos para Idlib ou se renderam sob garantias de segurança", explica a edição.
Ghouta Oriental
Em tal situação, até unidades dos grupos terroristas Daesh e al-Qaeda, cercadas em Ghouta Oriental, pediram uma "passagem para Idlib", o que foi aceito e, segundo o site, provocou críticas mesmo dentro de círculos próximos ao presidente Assad, sobretudo entre os militares, que perguntavam por que os militantes foram autorizados a sair para Idlib quando eles poderiam ter sido aniquilados.
"A criação de uma zona de segurança em Ghouta Oriental permitirá reduzir as ameaças para a parte central de Damasco. Outra questão difícil é imaginar como será estabelecida a comunicação entre as tropas do governo, as autoridades civis e as unidades jihadistas que permanecem na área", diz o site.
De acordo com fontes do jornal, as relações com os jihadistas serão mantidas através dos chamados rebeldes "moderados" que estão participando das conversações de paz em Astana e estão presentes em Ghouta Oriental, já que houve tais precedentes.
A população total de Ghouta é de quase 600 mil pessoas, muitas das quais atravessam regularmente a linha da frente para vir trabalhar em Damasco. Os territórios que ainda estão sob o controle do Daesh não estão incluídos na zona de desescalada.
Parte norte da província de Homs
Quase a mesma situação existe ao norte da cidade de Homs, no entanto, lá as questões religiosas e étnicas são muito mais graves. Pequenos enclaves dos jihadistas e "moderados" formam uma faixa estreita ao norte de Homs e bloqueiam várias grandes povoações de maioria alauita e cristã.
A situação é particularmente complicada, diz o site, pois não é apenas uma linha de frente, como em Idlib ou Aleppo, mas uma linha de contato direto entre partes religiosas adversárias no conflito.
Províncias de Deraa e Quneitra
A quarta zona de segurança, no sul das províncias de Deraa e Quneitra, tem uma população total de até meio milhão de pessoas com até 15.000 combatentes jihadistas e "moderados". Há também uma mistura de diferentes religiões, mas devido à grande concentração de xiitas na fronteira com o Líbano, a observação do cessar-fogo será monitorada pelo Irã.
A divisão geográfica final das quatro zonas deve ser concluída até 22 de maio, o que só sublinha a complexidade do processo. Passados cinco dias, será criado um grupo de trabalho que tratará das questões práticas da divisão.