As peculiaridades das 4 zonas de segurança na Síria

© REUTERS / Khalil AshawiOs rebeldes descansam perto de um buraco na parede nos arredores da cidade sírio de al-Bab, na Síria 15 de janeiro de 2017
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Como o plano para estabelecer zonas de segurança na Síria entrou oficialmente em vigor a partir da meia-noite de sábado (6), hora local, a mídia russa analisou por que são essas quatro áreas sírias que foram escolhidas para o novo formato de manutenção da paz e quais são suas peculiaridades militares e estratégicas.

Embora o acordo para estabelecer as zonas também conhecidas como "zonas de desescalada", tenha entrado em vigor, passará pelo menos um mês antes de todos os detalhes serem elaborados e as áreas seguras serem totalmente estabelecidas, disseram responsáveis oficiais russos.

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O plano foi acordado pela Rússia, Turquia e Irã, que também atuam como os garantes da iniciativa, na capital do Cazaquistão, Astana. A iniciativa é descrita como uma medida temporária que será aplicada durante os próximos seis meses com possibilidade de ser estendida por outros seis.

As zonas estão localizadas na província de Idlib, em partes dos distritos de Latakia, Aleppo e Hama, norte da província de Homs, no bairro de Damasco de Ghouta Oriental e nas partes meridionais de Deraa e Quneitra, províncias que fazem fronteira com a Jordânia. Nenhuns confrontos entre o governo e a oposição são permitidos nessas áreas.

O jornal russo online Vzglyad analisou por que foram escolhidas particularmente essas quatro áreas no mapa da Síria para um novo formato de manutenção da paz e quais são suas particularidades estratégicas e militares.

Província de Idlib

Segundo o jornal, no que diz respeito à zona de Idlib, é difícil prever o que vai acontecer e quem será responsável pela província no futuro próximo.

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"Nem mesmo a Turquia, que faz fronteira com a província, está disposta a estabelecer um controle total sobre a área, se limitando a manipulações com os grupos apoiados pela Turquia", diz o jornal.

"As outras três zonas são, de fato, enclaves jihadistas cercados por tropas governamentais que estariam condenados a serem destruídos se não tivessem deixado de resistir. Em duas das zonas, os militantes até concordaram em serem transferidos para Idlib ou se renderam sob garantias de segurança", explica a edição.

Ghouta Oriental

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Ghouta Oriental, um bairro de Damasco que suportou muitos sofrimentos e é praticamente um município independente, tem sido um reduto de vários grupos por mais de quatro anos. Durante o último ano e meio, os antigos bairros residenciais urbanos foram destruídos quase completamente em resultado dos combates de rua. O território controlado por militantes diminuiu quase dez vezes. Os territórios descampados e leitos de rios secos passaram a ser controlados pelas tropas governamentais. Grupos de militantes foram separados uns dos outros e cercados pelas unidades governamentais.

Em tal situação, até unidades dos grupos terroristas Daesh e al-Qaeda, cercadas em Ghouta Oriental, pediram uma "passagem para Idlib", o que foi aceito e, segundo o site, provocou críticas mesmo dentro de círculos próximos ao presidente Assad, sobretudo entre os militares, que perguntavam por que os militantes foram autorizados a sair para Idlib quando eles poderiam ter sido aniquilados.

"A criação de uma zona de segurança em Ghouta Oriental permitirá reduzir as ameaças para a parte central de Damasco. Outra questão difícil é imaginar como será estabelecida a comunicação entre as tropas do governo, as autoridades civis e as unidades jihadistas que permanecem na área", diz o site.

De acordo com fontes do jornal, as relações com os jihadistas serão mantidas através dos chamados rebeldes "moderados" que estão participando das conversações de paz em Astana e estão presentes em Ghouta Oriental, já que houve tais precedentes.

A população total de Ghouta é de quase 600 mil pessoas, muitas das quais atravessam regularmente a linha da frente para vir trabalhar em Damasco. Os territórios que ainda estão sob o controle do Daesh não estão incluídos na zona de desescalada.

© AP Photo / Pavel GolovkinChefe da Direção Operacional do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, coronel-general Sergei Rudskoi, diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Aleksandr Fomin e tenente-general Stanislav Gadzhimagomedov durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Moscou, Rússia, maio 5, 2017
Chefe da Direção Operacional do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, coronel-general Sergei Rudskoi, diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Aleksandr Fomin e tenente-general Stanislav Gadzhimagomedov durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Moscou, Rússia, maio 5, 2017 - Sputnik Brasil
Chefe da Direção Operacional do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, coronel-general Sergei Rudskoi, diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Aleksandr Fomin e tenente-general Stanislav Gadzhimagomedov durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Moscou, Rússia, maio 5, 2017

Parte norte da província de Homs

Quase a mesma situação existe ao norte da cidade de Homs, no entanto, lá as questões religiosas e étnicas são muito mais graves. Pequenos enclaves dos jihadistas e "moderados" formam uma faixa estreita ao norte de Homs e bloqueiam várias grandes povoações de maioria alauita e cristã.

A situação é particularmente complicada, diz o site, pois não é apenas uma linha de frente, como em Idlib ou Aleppo, mas uma linha de contato direto entre partes religiosas adversárias no conflito.

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A continuação da operação militar nesta região teria previsivelmente resultado em grandes baixas civis. Por exemplo, há até 3.000 militantes perto da cidade de Ar-Rastan com uma população de 100 mil pessoas. A zona de segurança permitirá impedir o bloqueio de povoações de certas confissões.

Províncias de Deraa e Quneitra

A quarta zona de segurança, no sul das províncias de Deraa e Quneitra, tem uma população total de até meio milhão de pessoas com até 15.000 combatentes jihadistas e "moderados". Há também uma mistura de diferentes religiões, mas devido à grande concentração de xiitas na fronteira com o Líbano, a observação do cessar-fogo será monitorada pelo Irã.

A divisão geográfica final das quatro zonas deve ser concluída até 22 de maio, o que só sublinha a complexidade do processo. Passados cinco dias, será criado um grupo de trabalho que tratará das questões práticas da divisão.

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