Inicialmente, as partes indicaram que a aprovação mostrou a unidade dos países-membros do Conselho de Segurança da ONU, assim como a comunidade internacional naquilo que trata do programa nuclear da Coreia do Norte. Entretanto, posteriormente, os pontos de vista dos aliados mudaram consideravelmente.
Além disso, Washington ampliou as sanções unilaterais contra Pyongyang, acrescentando 3 empresas e um cidadão russo. A Casa Branca também sublinhou a necessidade de que os Estados "que levam a cabo uma política responsável" rompam os laços diplomáticos e suspendam o comércio "ilegal" com a Coreia do Norte.
A 'lógica de confrontação' dos EUA
O vice-representante da Rússia junto ao Conselho de Segurança dos EUA, Vladimir Safronkov, indicou que "Pyongyang viola as sanções impostas, mas não fornece componentes de armas de destruição maciça a entidades não estatais". O diplomata adiantou também que "atualmente, não há provas de que Pyongyang se dedique ao desenvolvimento de programas de armas químicas e biológicas".
Ademais disso, assegurou que a "lógica de confrontação" implica um risco de consequências catastróficas para a península Coreana, como para a região em geral.
Entretanto, entre 2015 e 2016 Washington recusou as propostas da Coreia do Norte. Em 8 de março deste ano, o chanceler chinês Wang Yi apresentou uma proposta similar, mas os EUA acabaram por rechaçá-la.
O diplomata russo também considerou que as sanções contra Pyongyang "não devem levar à asfixia de 25 milhões de simples cidadãos, a grande maioria dos quais necessita de ajuda urgente".
Rússia e China querem paz na península
De acordo cm Vorontsov, em primeiro lugar, se trata do plano da administração Trump na política exterior do país, ou seja, atualmente Washington leva a cabo uma "política de contenção dupla" em relação à Rússia e à China. Em abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, de fato lançou um ultimato a Xi Jinping, obrigando-o a impor sanções "draconianas" contra Pyongyang em um prazo de 90 dias. Caso contrário, o presidente americano prometeu sancionar milhares de empresas chinesas que colaboram com a Coreia do Norte.
O secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, por sua vez, elogiou Pequim por sua solidariedade com Washington em relação ao programa nuclear norte-coreano.
Será que o novo documento, que foi já a terceira resolução deste tipo aprovada nos últimos 14 meses, terá consequências para Pyongyang? De acordo com o autor do artigo, todos os países-membros do Conselho entendem perfeitamente que as sanções não vão mudar a situação, dado que, apesar das 17 resoluções da ONU aprovadas desde 2006, a Coreia do Norte segue fortalecendo seu potencial nuclear.
Ao mesmo tempo, a ONU não quer reconhecer que, neste caso, se trata de uma resolução unilateral, sendo que se refere ao programa nuclear de Pyongyang, sem mencionar, por exemplo, a atividade americana, tais como as manobras na região das quais participam milhares de soldados.
Kim Jong-un sem opções
Ao mesmo tempo, Vorontsov sublinha que o objetivo principal de Washington é derrotar o governo norte-coreano e não destruir seu potencial nuclear. Esta é a razão por que os EUA recusam travar um "diálogo significativo" com Pyongyang, o qual tomaria em conta "as legítimas preocupações norte-coreanas quanto à segurança". Por sua parte, Moscou e Pequim estão se esforçando para que o processo de negociações se reinicie, mas sem resultados. A Casa Branca, ao mesmo tempo, segue usando a ONU como uma ferramenta para impor suas decisões, resume o colunista.
As ações de Washington estimulam as autoridades da Coreia do Norte a aumentar os esforços de reforçar o seu escudo antimíssil. O líder da Coreia do Norte, ao mesmo tempo, não tem nenhuma possibilidade de mudar seu curso político e entende perfeitamente que as consequências da "dupla estratégia" da Casa Branca incluem a morte de Kim, como já ocorreu a Slobodan Milosevic, Sadam Husein ou Muammar Kadhafi.