Em uma ponta da equação, uma saída diplomática em prol do pacifismo seria do agrado da comunidade internacional. Na outra, há o risco de uma decisão de lado a lado provocar uma guerra entre os dois países e os seus aliados, com armas nucleares envolvidas.
Afinal, quais são as “decisões ruins” que poderiam deflagrar um conflito bélico entre Washington e Pyongyang? Um analista especializado em assuntos de Defesa e membro do Partido Trabalhista australiano, Crispin Rovere, fez esse exercício e trouxe um cenário preocupante.
Cenário 1: EUA não atacam a Coreia do Norte
Ao não tomar uma atitude que freie os avanços armamentistas da Coreia do Norte, os Estados Unidos correm o risco de fortalecer o regime de Kim Jong-un, que hoje desenvolve a passos largos o seu míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês). E tal falta de ação poderia sim desencadear uma guerra.
De acordo com Rovere, novos testes com mísseis “nos próximos cinco ou 10 anos seguirão ampliando, diversificando e protegendo o arsenal nuclear” da Coreia do Norte. Além de seguir com suas provocações, Pyongyang ampliaria a instabilidade na Ásia e, possivelmente, pode levar a uma invasão norte-coreana contra a Coreia do Sul.
Como outra prova da perda de influência dos EUA na região, a China também poderia avançar com o seu desenvolvimento militar e invadir a ilha de Taiwan. A proliferação de armas nucleares na região, em um primeiro momento, se espalharia para o resto do mundo, de acordo com o especialista.
Haveria espaço para a China realizar um ataque preventivo contra tropas norte-americanas, impondo altas perdas a Washington e abrindo uma guerra entre os dois países. Após tomar a Península Coreana, os chineses poderiam oferecer a Seul a possibilidade de reunificação do país sob o comando do Sul, em troca da expulsão completa das tropas dos EUA.
Cenário 2: EUA atacam a Coreia do Norte
Sem mais espaço para diplomacia e com informações da inteligência de que a Coreia do Norte possui condições de atingir o território norte-americano com uma ogiva nuclear, a Casa Branca decidiria lançar um ataque militar contra a Coreia do Norte. Poderia ser esse o “maior ataque aéreo da história”, avaliou Rovere.
Após a agressão, Pyongyang rapidamente atacaria Seul e depois, por meio de seus submarinos, atacaria a Marinha dos EUA e o Japão, causando a morte de milhares de pessoas. O especialista garantiu que o regime comunista perderia a guerra, embora impondo não só uma alta perda de vidas, mas também uma escalada nuclear e uma crise econômica na Ásia e nos EUA.
Rovere explicou ainda que a China poderia apoiar de forma secreta os grupos insurgentes na Coreia do Norte, favorecendo a sua posição na península, trabalhando ainda junto à Coreia do Sul pela saída completa das tropas norte-americanas do continente asiático.
Ele ainda mencionou que a Rússia poderia tentar avançar sobre os Estados Bálticos, avaliando que os EUA não poderia abrir uma outra frente na Europa, estando em guerra na Ásia ao mesmo tempo.
E os resultados?
O especialista destacou que o cenário 1 “não apresenta nenhuma” consequência positiva, ao passo que o segundo (o conflito bélico) demonstraria que nenhum país poderia “ter licença para ameaçar a paz mundial”.
Ao mesmo tempo, a guerra “uniria povos divididos de forma artificial e extinguiria um regime que é uma afronta para a humanidade”. Um conflito armado poderia melhorar ainda as posições norte-americanas na Ásia a longo prazo, de acordo com a avaliação de Rovere.
Ele concluiu que, “se há que se eleger entre relações de dissuasão mútua com a Coreia do Norte e uma guerra na península, a segunda opção é a única viável”.