Teerã preparou uma lista de 16 medidas de resposta. O ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi, declarou que várias delas vão incluir a modernização das forças armadas iranianas. Ele ressaltou que, ao introduzir as sanções, os EUA “infringiram o acordo nuclear, e nós vamos mostrar uma reação correspondente e proporcional a esta situação”.
É evidente que Washington não percebe essas alusões subtis orientais. Em uma certa etapa, Teerã terá que se defender com os meios militares de que ele dispõe em quantidade suficiente.
Uma dupla armadilha
O ranking recentemente publicado pela Global Firepower colocou as forças armadas do Irã no 21° lugar no mundo. Nos lugares mais altos estão a Turquia (8°), o Egito (10°), Israel (15°), mas o Irã ultrapassou a Austrália (22°), a Coreia do Norte (23°) e a Arábia Saudita (24°). A Global Firepower reconheceu o potencial bastante elevado da defesa do Irã.
A população do Irã é de 80 milhões de habitantes (mais de 70% deles são habitantes de cidades). O país tem grandes recursos de recrutamento, dezenas de milhões de cidadãos estão aptos para o serviço militar. De modo direto, as forças armadas ocupam mais de 350 mil pessoas, e outras 400 mil estão na reserva. As tropas terrestres (as mais numerosas – cerca de 350 mil efetivos) têm à sua disposição 1.616 tanques (incluindo 480 tanques T-72 de produção russa) e peças de artilharia – 320 autopropulsadas e 2000 rebocadas. Do ponto de vista de estrutura, elas formam 8 brigadas blindadas, 14 mecanizadas, 12 da infantaria e uma brigada de paraquedistas.
A Marinha está representada por 398 navios (em termos de quantidade ela é a quarta do mundo), deles 5 são fragatas, 33 submarinos e 230 navios e lanchas de patrulha. Até o ano de 2013, o Irã conseguiu criar uma marinha que supera a dos países do Conselho de Cooperação do Golfo.
Uma particularidade importante do exército do Irã é a divisão de todos os tipos de ramos e armas em duas estruturas paralelas com seu próprio comando. De um lado há as forças “laicas” com a aviação, a Marinha e tropas terrestres. Do outro – há as tropas do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica que tem suas próprias tropas terrestres, sua própria Força Aérea e sua Marinha.
Ambas as estruturas do exército têm objetivos comuns e cooperam estreitamente. Para um inimigo, esta dupla armadilha poderá ser imprevisível.
A lista de sanções, na qual caíram três países completamente diferentes, mostra que Washington tem uma aproximação bastante primitiva a problemas tão complexos, que eles fazem “uma unificação cínica”. Sem dúvida, nem todos nos EUA são loucos. Existe uma compreensão que a apresentação do Irã democrático como a vanguarda do terrorismo mundial é “nem só errada, mas bastante perigosa”. Mas o Congresso dos EUA, que domina sobre o bom senso, já sentiu o cheiro de dinheiro e já quer mais uma guerra destrutiva no Oriente Médio. A equipe de Trump não pode se opor a este bacanal.
A hostilidade dos EUA em relação ao Irã tem raízes nos tempos da revolução islâmica de 1979. Os americanos se ressentem de uma velha ofensa.
Em geral, as tentativas de resolver as crises complexas com tais aproximações primitivas são erradas.