No entanto, afirma, após as detenções realizadas pela Guarda Civil contra membros do governo catalão, a situação pode piorar.
"Não descarto que detenham o presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, e que cheguem a invadir o Palácio da Generalidade para levá-lo", alertou.
O que ocorrerá no dia 1º de outubro
O cientista político também sublinha o importantíssimo papel da polícia e se esta permitirá ou não que as pessoas votem.
Se o número de votantes que votarem sim à independência corresponder à metade do número das passadas eleições ao parlamento da Catalunha (2,1 milhões de pessoas), o referendo será legítimo. É importante nas condições atuais, pois "por enquanto será um referendo sem garantias", disse Jordi Pacheco i Canals à Sputnik Mundo.
Sobre a insatisfação com a Espanha
"Não há insatisfação com a Espanha", disse Pacheco, explicando que as pessoas estão insatisfeitas com o Partido Popular que está no poder desde 2011.
"O PP não tem base eleitoral na Catalunha. Seus resultados aqui sempre foram muito pobres e por isso não corresponde às demandas da Catalunha e não se preocupa com elas. Isso provoca uma sensação de insatisfação democrática e política em relação à Espanha."
Pachaco recordou que apesar das detenções, apreensão de publicidade e do alto número de policiais, levados à Catalunha, as manifestações são mais massivas do que antes.
"Os últimos acontecimentos na Catalunha deram ao independentismo o empurro de que precisava para que este já não possa parar […] Se tentavam intimidar com suas ações dos últimos dias, conseguiram o contrário", frisou.
Sobre a interferência da União Europeia e seu problema de legitimidade
A posição da União Europeia quanto ao processo independentista catalão tem mantido sem mudanças ao longo dos últimos anos. A posição se baseia na não interferência nos assuntos nacionais espanhóis, especialmente devido ao peso da Espanha na União. No entanto, assegura Pacheco, "tudo tem limite", sublinhando que o envolvimento do povo é o fator-chave.
"No início do processo independentista, em 2012, às ruas saíram um pouco mais de um milhão de catalães; as respostas da UE eram hesitantes. E até agora continuam sendo firmes no apoio à Espanha, pois é um membro importante […] Mas quando são ultrapassados limites de respeito dos direitos fundamentais e de liberdades públicas, e o número de protestos aumenta, isso muda o cenário."
Segundo o cientista político, "a União Europeia não pode se apresentar como campeã mundial da liberdade, da democracia e do Estado de bem-estar, caso não aplique tudo isso em sua casa". Na situação atual na Catalunha a UE tem duas opções: "pressionar Espanha para que dê uma resposta adequada ao problema", disse, "ou perder toda sua legitimidade".
A sorte da Crimeia
Ao responder à pergunta se há correlação entre o referendo da Crimeia de 2014, quando 97,77% votaram a favor da reunificação com a Rússia, e o da Catalunha, Pacheco destacou "uma diferença fundamental":
"Por trás do referendo na Crimeia estava um Estado muito poderoso com presença na ONU, a Rússia. Além disso, o jogo geoestratégico na Crimeia é muito importante; um jogo estratégico que não está presente na Catalunha. Nós estamos sozinhos perante o mundo".