As restrições abrangem projetos de extração em grande profundidade, árticos e de xisto. No entanto, em perspectiva de longo prazo, apontam os analistas, os interesses da Rússia não serão muito prejudicados, enquanto as capacidades para negócios dos EUA no mundo vão diminuir.
Não se pode cooperar com os russos
Segundo afirma o comunicado do Escritório de Controle da Ativos Estrangeiros dos EUA, os cidadãos norte-americanos não podem realizar fornecimento, exportações, reexportações e cedência de tecnologias de exploração e extração para projetos de grande profundidade, árticos e de xisto.
"As pessoas físicas e empresas americanas não poderão participar de projetos em que as empresas ou pessoas da lista de sanções representam 33% ou mais, ou se tal empresa ou pessoa tiver a maioria dos votos na tomada da decisão nesse projeto", explicou Alexis Rodzianko, presidente da Câmara de Comércio dos EUA na Rússia.
Quando esta diretiva entrar em vigor, as empresas e homens de negócios americanos em qualquer parte do mundo terão que verificar de cada vez os projetos para ver se correspondem a todas as exigências das novas restrições, mesmo que estes possam ser muito atraentes e lucrativos para eles, frisou Rodzyanko.
As empresas energéticas americanas que trabalham na Rússia não se mostraram muito dispostas a comentar a nova medida restritiva dos EUA. Assim, na Shell declararam que por enquanto não podem falar do efeito das sanções para a sua empresa, mas eles vão continuar trabalhando conforme suas obrigações contratuais e em pleno cumprimento das medidas restritivas.
Texas está calculando as perdas
A gigante petrolífera dos EUA ExxonMobil, com sede no Texas, está na lista das empresas que atravessam as consequências mais sérias das sanções antirrussas por parte do seu governo.
O pedido foi satisfeito, mas um mês depois a ExxonMobil, concluindo os trabalhos, abandonou o projeto. Naquele tempo, Rex Tillerson foi um dos críticos mais severos das sanções antirrussas que, segundo dele, não são eficazes e causam danos significativos. Em 2015, a ExxonMobil afirmou que suas perdas potenciais em caso de suspenção da cooperação com Rosneft podem atingir um bilhão de dólares.
Durante os últimos três anos, a gigante americana tentou encontrar um jeito para continuar a cooperação com Rosneft e até conseguiu obter uma autorização especial, mas com a chegada da nova administração a ExxonMobil perdeu todas as chances de continuar os negócios com a petrolífera russa.
Trata-se de bilhões
Segundo estimativas de vários analistas, a perda total da ExxonMobil com as sanções antirrussas supera um total de quatro bilhões e, de acordo com Dmitry Abzalov, presidente do Centro das Comunicações Estratégicas, pode atingir não apenas empresas americanas.
"O sistema é assim: sua aplicação pode muito facilmente se espalhar a outras empresas externas, em primeiro lugar europeias, que muito frequentemente são refinanciadas no mercado financeiro norte-americano", aponta Dmitry Abzalov.
Novas possibilidades à vista
Para os analistas, os problemas que pode enfrentar a Rússia são de curto prazo, pois isto no futuro dará um impulso para o crescimento das competências da Rússia nessa área.
No que diz respeito aos próprios EUA, suas ações fazem com que não apenas Moscou, mas também outros comecem olhando para a cooperação com, por exemplo, a China e Índia. Os EUA se comportam como se fossem cedendo seu nicho nos negócios globais aos seus rivais estratégicos.
Até o supremo líder iraniano, aiatolá Khamenei, durante seu encontro com Vladimir Putin, afirmou que os dois países podem repelir as sanções americanas e substituir o dólar pelas moedas nacionais nas operações bilaterais e multilaterais.
Parece que o poder do dólar pode ser abalado. Quando? É só uma questão de tempo, porque a política de sanções dos EUA apenas favorece este processo, resume colunista da Sputnik, Vladimir Ardaev.