Qual é o novo plano dos EUA no Oriente Médio e contra quem é dirigido?

© AP Photo / Vadim GhirdaUm curdo durante o funeral de um dos combatentes das Unidades de Proteção Popular
Um curdo durante o funeral de um dos combatentes das Unidades de Proteção Popular - Sputnik Brasil
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O presidente da Turquia e do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) governante, Recep Tayyip Erdogan, mais uma vez abordou a continuação de fornecimento de armas norte-americanas a Unidades de Proteção Popular curdas (YPG) na Síria, mesmo depois de Trump ter prometido parar de fornecer.

Ele declarou que a Turquia não tem nenhum plano em relação aos EUA, mas "é óbvio que os Estados Unidos têm um plano em relação a Ancara". No norte da Síria há um corredor terrorista e não está claro contra quem será usado – contra Turquia, Irã ou até mesmo contra a Rússia.

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O ministro da Defesa da Turquia, Nurettin Canikli, em um discurso recente qualificou a presença das unidades de autodefesa YPG como "linha vermelha" para seu país desde o início da crise síria e que continua existindo até agora.

Na opinião do especialista em Oriente Médio, Faik Bulut, que falou com a Sputnik Turquia sobre a declaração do presidente turco, os alvos dos EUA são a Turquia e Irã, contudo, o objetivo em longo prazo de Washington é enfraquecer as posições iranianas na região.

Para Faik Bulut, o plano dos EUA abrange toda a região. "Eu acho que o plano principal dos EUA é cercar o Irã junto com Israel e Arábia Saudita e obrigá-lo a baixar a cabeça. Há vários aspectos. Por exemplo, os EUA querem ganhar o controle sobre as fontes de energia na região. Por isso, as ações de Washington visam encontrar aliados e esferas de influência", explicou ele.

A cooperação dos EUA com os curdos pode ser explicada como uma tentativa de manter a sua influência na região.

Contudo, essa estratégia é temporária devido às discordâncias entre o Pentágono e o Departamento de Estado. O órgão responsável pela política externa receia que a Turquia possa se aproximar da Rússia, e por isso apoia as unidades curdas.

Mas se a Turquia fosse o objetivo primordial dos EUA, eles teriam ordenado ataque dos curdos às fronteiras turcas. O especialista acredita que entre os objetivos dos EUA em longo prazo figura a tentativa de enfraquecer a potência do Irã, o que corresponde aos planos da Arábia Saudita e Israel. Além do mais, se os EUA conseguissem enfraquecer as posições iranianas, eles tentariam cercar a Rússia.

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A Arábia Saudita, que não conseguiu sucesso nem no Iêmen nem no Qatar, não pode ser considerada bastião dos EUA na região, sem contar o Egito que está concentrado em seus próprios problemas. Por isso, o único apoio dos EUA poderia vir dos curdos, cujo alvo principal é criação de região autônoma.

O presidente russo, Vladimir Putin, entende que os curdos devem ser levados em consideração por isso vem ajudando na reconciliação do governo sírio com os curdos e no afastamento da Turquia da influência norte-americana para desenvolvimento do diálogo turco-sírio.

Em meio à situação enfraquecida dos EUA na região há três fortes potências – Rússia, China e Irã. Já a Turquia se mostra dividida na hora de escolher um lado: EUA ou Rússia e Síria.

De acordo com o ex-chefe do Departamento de Inteligência do Estado-Maior General da Turquia, Ismail Hakki Pekin, os EUA procuram destruir relações da Turquia com a Rússia e Irã, bem como prevenir maior interação destas forças com as autoridades sírias.

"Estados Unidos têm por objetivo reunir a Turquia e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão [considerado terrorista pela Turquia] para negociar e criar uma região autônoma deste partido e estrutura federativa das Unidades de Proteção Popular no norte da Síria."

"Os EUA querem que a Turquia aja conforme os desejos de Washington, ou seja, enfraquecimento do controle turco na região no leste do Mediterrâneo, retirada do exército turco do Chipre e ajuda da Turquia na contenção da Rússia nas regiões dos mares Cáspio e Negro", concluiu Ismail Hakki Pekin.

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