Em fevereiro de 2003, Vojislav Seselj se entregou ao Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia e passou mais de 11 anos na prisão da ONU em Haia, até ser libertado para receber tratamento médico na Sérvia em novembro de 2014.
Processos futuros
Em uma conversa com a Sputnik, o líder do Partido Radical Sérvio afirmou que "não tem nenhum interesse" em participar de novos procedimentos no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia, embora tenha recebido uma notificação para uma videoconferência.
"Eles não podem me obrigar. Apenas podem efetuar pressão sobre o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e seu governo, mas não podem me atingir", assegurou.
Ademais, o entrevistado disse que não irá acompanhar o processo judicial, inclusivamente devido às suas atividades atuais ligadas à literatura.
Genocídio em Srebrenica
Falando da sua futura obra literária, o político sérvio destacou que qualifica o conhecido massacre de Srebrenica como ato criminoso, mas não como genocídio. Vale ressaltar que este assassinato em massa, efetuado sob o comando do general Ratko Mladic e com a participação de uma unidade paramilitar sérvia conhecida como Escorpiões, foi o primeiro caso a ser legalmente reconhecido como genocídio na Europa após o Holocausto.
Entretanto, o político não se apressou a concordar com a opinião das instituições europeias.
"Mas eram todos homens, não havia nenhuma mulher, nenhuma criança entre as vítimas. Isto não pode ser visto como um genocídio. É um fato que o crime ocorreu, e eu fui o primeiro na Sérvia a dizer quem foi o culpado e a revelar o nome do coronel Ljubisa Beara. Depois, ele foi condenado em Haia, condenado à prisão perpétua e morreu na prisão na Alemanha… Eu queria que ele fosse julgado na Sérvia, pois [o julgamento em Haia] foi uma vergonha para todo o povo sérvio. Mas não houve genocídio", resumiu Seselj.
Suicídio de Praljak
Até hoje, o ocorrido provoca muitas teorias e perguntas — como o militar conseguiu trazer a substância mortal para a sala, por que não foi impedido de tomá-la?
"É possível levar algo para a prisão da ONU. Muitas pessoas vão lá, há muitas visitas. Isto poderia ter sido levado até por pessoas que foram para visitar algum outro prisioneiro. Por exemplo, os representantes da embaixada croata, quem quer que fosse. Mas, quanto à sala do tribunal, para lá só se pode levar algo preso nos genitais. Aí, éramos todos examinados, exceto os genitais", disse.
Além disso, Seselj confessou que o passo "heroico" do general lhe provocou respeito, embora Seselj tivesse sido seu adversário de guerra e inimigo ideológico.
"É um golpe duro contra o Tribunal. Praljak o humilhou com isso. Foi impressionante, todo o mundo viu", adiantou.