No relatório, a Aeronáutica Civil da Colômbia afirma que "40 minutos antes do acidente, a aeronave já estava em emergência por falta de combustível e a tripulação nada fez, mesmo tendo indicação na cabine, como luz vermelha e avisos sonoros". Foi exatamente a falta de combustível na aeronave que levou Milian Heymann a reafirmar o que já havia dito à Sputnik Brasil no dia seguinte à tragédia da noite de 28 de novembro de 2016: "com o impacto contra a montanha e o solo, o avião deveria ter explodido na queda. Se não explodiu, é porque não havia combustível. O tanque estava seco." Das 77 pessoas que estavam a bordo, 71 faleceram e 6 sobreviveram.
Os sobreviventes do desastre foram a comissária de bordo Ximena Suarez, o mecânico Erwin Tumri, o radialista Rafael Henzel e três jogadores da Chapecoense: Neto, Alan Ruschel e o goleiro Jakson Follmann, que sofreu amputação de parte da perna.
Para Heymann, ao optar pela economia de custos e pelo máximo possível de lucratividade, o piloto Miguel Quiroga tornou-se o grande responsável pelo acidente fatal para 71 das 77 pessoas que estavam a bordo do avião da Lamia:
"Nesse acidente com a Chapecoense, o que aconteceu foi um [quadro de] homicídio culposo com dolo eventual de 71 pessoas. O piloto, Miguel Quiroga, sabia do risco que estava correndo ao conduzir a aeronave com quantidade insuficiente de combustível. Ele cometeu vários crimes. Inclusive na legislação penal brasileira, está previsto o crime de colocar em perigo a segurança aérea. Foi o que esse piloto fez."
Para o especialista ouvido pela Sputnik, outro erro absolutamente injustificável foi o desvio de finalidade do avião. De acordo com o comandante, o vôo entre Santa Cruz de La Sierra e Medellín demandaria um avião de maior capacidade:
"Todo avião tem um manual de voo. Nesse manual, está descrita a finalidade do avião, isto é, para o que o avião serve ou para quais finalidades o avião pode ser utilizado. O avião acidentado da Lamia jamais poderia ter sido utilizado num voo de longo alcance. É como colocar um Boeing 747 para operar uma ponte aérea Rio – São Paulo. É errado, um avião desse porte não se presta a um trajeto tão simples. É exatamente o contrário do que se pretendeu fazer com o avião da Lamia que transportou a delegação da Chapecoense em vôo internacional. Um modelo British Aerospace 146 não se prestava a voo de tamanho alcance sem uma quantidade extra de combustível. Esse avião não tinha capacidade para suportar tamanha carga, pois isso excederia suas características técnicas."
Apesar de inúmeros erros, Heymann acredita que Miguel Quiroga ainda teve oportunidade de evitar a tragédia, porém preferiu enfrentar todos os riscos, causando a fatalidade:
Outras causas apontadas pelo relatório da Aeronáutica Civil da Colômbia para a tragédia do voo 2933 da Lamia que conduzia a delegação da Chapecoense à cidade de Medellín, na Colômbia, para a decisão da Copa Sul-Americana de 2016 contra o Atlético Nacional são:
· "a Lamia estava em situação financeira precária e atrasava salários aos funcionários. A empresa sofria de desorganização administrativa;
· a Lamia não cumpria determinações das autoridades de aviação civil em relação ao abastecimento de combustível. Quando foi apresentado o relatório preliminar, já havia sido destacado que o piloto estava consciente de que o combustível que tinha não era suficiente. O piloto, Miguel Quiroga, “decidiu parar em Bogotá, mas mais adiante mudou de ideia e foi direto para Rionegro", onde o avião caiu."