Segundo a historiadora, no fim do século passado, a Rússia estava em uma situação de caos e os países ocidentais se aproveitaram da situação, ignorando a posição de Moscou na arena internacional.
"A Rússia herdou da URSS o título de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Quando os países da OTAN decidiram bombardear Belgrado, deveriam ter convocado o Conselho de Segurança, mas não o fizeram, o que se tornou o ponto de virada para Putin […] Eles queriam mostrar à Rússia que tal não era importante. Mais tarde, ele se tornou primeiro-ministro, depois presidente. Seu objetivo era claro: nunca mais a Rússia devia ser tratada deste modo", opinou a historiadora ao jornal suíço.
Após chegar ao poder, o objetivo principal de Putin foi evitar o colapso do Estado e construir um país forte e centralizado, o que ele conseguiu, acha a especialista.
Falando do aumento das tensões entre a Rússia e o Ocidente, Carrere d'Encausse sublinha a importância de negociações e da busca compromissos.
"Putin é uma pessoa racional, com ele se pode negociar. O Ocidente não ganha nada com as sanções, antes pelo contrário: estamos perdendo um parceiro que pode ajudar a resolver outras questões", ressaltou.
Em 6 de abril, Washington anunciou novas sanções contra os "esforços globais de desestabilização" alegadamente levados a cabo por Moscou.
A lista de sanções divulgada atinge ministros, deputados e senadores russos, grandes empresários, bem como empresas públicas e privadas.