Entre 25 e 26 de abril foi realizada em Xangai uma conferência russo-chinesa no âmbito do Clube Internacional de Discussões Valdai. Segundo declarações de vários analistas chineses, as relações entre os EUA e a China estão mudando devido à política do presidente dos EUA, Donald Trump, explicou Bordachev à edição Gazeta.ru.
Os EUA esperavam que o movimento da China no interior do continente provocasse um confronto com a Rússia.
"É uma projeção de suas próprias atitudes de comportamento em relação à Rússia e uma subestimação da racionalidade de Moscou", comentou o analista.
Entretanto, a Rússia saudou os investimentos chineses nas ex-repúblicas soviéticas e está interessada em expandir a presença chinesa no campo da segurança.
A razão é simples: Pequim não planeja transformar estes países em regimes nacionalistas e antirrussos, como fazem Washington e seus aliados. Neste sentido, a Rússia e a China estão em plena sintonia.
No fim de 2017, a Rússia e a China foram declaradas oficialmente como países adversários no programa de política exterior e nos documentos estratégicos dos EUA. Na primavera de 2018, Washington lançou uma guerra comercial contra a China e impôs sanções contra os gigantes da indústria chinesa, como, por exemplo, o produtor de produtos eletrônicos Huawei.
A mudança na política dos EUA ocorreu quando a China anunciou seus ambiciosos objetivos de desenvolver e melhorar o seu papel a nível global, opinou Bordachev.
"Sucedeu o pior que podia suceder para os EUA: a China começou a oferecer uma alternativa a terceiros países, ou seja, uma fonte de recursos para o desenvolvimento independente das instituições de certos países ocidentais, bem como um enorme mercado".
Segundo o cientista político, o dinheiro chinês é um desafio estratégico direto e imediato para os EUA.
Quanto à Rússia, a crescente influência econômica da China não representa qualquer ameaça para o país, assegurou o analista.
"A Rússia obteve receitas não do controle sobre os mercados, nem das rotas comerciais, como fazem os EUA, mas da venda de seus próprios recursos energéticos e do que a sua terra e suas ideias de engenharia produzem. Por exemplo, o trigo e boas armas acessíveis", declarou Bordachev.
Para resistir na nova "Guerra Fria" unilateral que está sendo desencadeada contra Moscou e Pequim pelos EUA, as duas potências devem fortalecer a sua cooperação, melhorar a legislação, criar instituições comuns e desenvolver laços humanos, concluiu o autor.