'EUA e Israel de fato começaram guerra em duas frentes contra Irã'

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Analistas turcos comentam, em entrevista à Sputnik Turquia, a escalada das tensões entre os EUA e Israel por um lado, e o Irã por outro, que aconteceu depois da saída dos EUA do acordo nuclear iraniano, bem como as possíveis consequências deste processo para a Turquia.

O cientista político Ozdemir Akbal aponta que, pelos vistos, o período de "degelo" nas relações americano-iranianas verificado durante a luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia), acabou e os EUA, com o apoio de Israel e da Arábia Saudita, passaram a ações diretas em relação a Teerã.

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"Desde a chegada no poder de Donald Trump nos EUA, o acordo iraniano se tornou um dos temas mais criticados pelo líder estadunidense. No decorrer da luta contra os islamistas, os EUA, a Rússia e o Irã atingiram um acordo informal, segundo o qual a prioridade era a luta contra o Daesh, que representava uma ameaça séria aos três países", notou o analista em entrevista à Sputnik Turquia.

Ozdemir Akbal lembrou que, nesse período, as relações entre Washington e Teerã melhoraram um pouco. Mas, depois de a ameaça no norte da Síria por parte dos islamistas ter diminuído, o Ocidente colocou na agenda o problema do afastamento de Assad do poder, que era o objetivo principal dos EUA.

Nestas circunstâncias, ressalta o especialista, os EUA tinham que envidar alguns passos para reforçar as suas posições, já que a influência da coalizão regional liderada pelos norte-americanos é inferior à aliança russo-iraniana. "Como se sabe, os interesses dos aliados tradicionais dos EUA na região — Israel e Arábia Saudita — entram em conflito com a ideia de reforço do poder de Assad na Síria e reconhecimento da influência do Irã, que demonstra uma crescente presença política no Mediterrâneo", explicou.

Por sua vez, outro especialista em questões de estratégia militar, Naim Baburoglu, general de brigada aposentado das Forças Armadas da Turquia, assinalou que as ações atuais de Washington e Tel Aviv significam que os EUA e Israel de fato começaram a guerra contra o Irã, que futuramente será travada em duas frentes principais — na Síria e no Líbano.

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"Os EUA têm por objetivo provocar abalos sociais no Irã, usando para isso sanções econômicas mais duras e limitações em outras esferas. Ou seja, os EUA vão tentar enfraquecer o Irã por dentro. Onde ficará a frente desta guerra? Israel e os EUA não vão atacar o Irã diretamente, vão tentar enfraquecer o país por meio de ataques regulares contra as posições iranianas na Síria e Hezbollah no Líbano. Como resultado, tentarão pôr fim à presença do Irã na Síria e Iraque", esclareceu Baburoglu.

O segundo objetivo é cortar os laços entre o Irã e o Líbano para "impedir o apoio ao Hezbollah".

"Além do mais, o analista apontou a ameaça que a escalada das tensões entre os EUA, Israel e o Irã representa para a Turquia, que tem fronteira comum com o Irã e apoia uma cooperação estreita com as autoridades iranianas sobre uma série de assuntos importantes na região.

"O conflito ao redor do Irã pode provocar uma nova onda de migrantes, o que vai afetar negativamente a Turquia no sentido demográfico, cultural, social e econômico. E essa ameaça é maior em uma situação em que a Turquia, além do mais, enfrenta um anel de fogo na sua fronteira sul, de 911 quilômetros", disse Naim Baburoglu.

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Comentando a postura da Turquia sobre o problema, o especialista disse que o país deve transmitir à União Europeia, à OTAN e às organizações internacionais que tal decisão [de Trump] é errada. Para ele, Ancara tem que ficar ao lado do Iraque, do Irã, da Síria e da Rússia, já que assim poderá diminuir ou eliminar a ameaça dirigida contra ela. Caso contrário, esta situação pode influenciar muito negativamente o processo de solução do conflito sírio, as negociações em Astana e a situação na região em geral", resumiu.

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