O cientista político Ozdemir Akbal aponta que, pelos vistos, o período de "degelo" nas relações americano-iranianas verificado durante a luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia), acabou e os EUA, com o apoio de Israel e da Arábia Saudita, passaram a ações diretas em relação a Teerã.
Ozdemir Akbal lembrou que, nesse período, as relações entre Washington e Teerã melhoraram um pouco. Mas, depois de a ameaça no norte da Síria por parte dos islamistas ter diminuído, o Ocidente colocou na agenda o problema do afastamento de Assad do poder, que era o objetivo principal dos EUA.
Nestas circunstâncias, ressalta o especialista, os EUA tinham que envidar alguns passos para reforçar as suas posições, já que a influência da coalizão regional liderada pelos norte-americanos é inferior à aliança russo-iraniana. "Como se sabe, os interesses dos aliados tradicionais dos EUA na região — Israel e Arábia Saudita — entram em conflito com a ideia de reforço do poder de Assad na Síria e reconhecimento da influência do Irã, que demonstra uma crescente presença política no Mediterrâneo", explicou.
Por sua vez, outro especialista em questões de estratégia militar, Naim Baburoglu, general de brigada aposentado das Forças Armadas da Turquia, assinalou que as ações atuais de Washington e Tel Aviv significam que os EUA e Israel de fato começaram a guerra contra o Irã, que futuramente será travada em duas frentes principais — na Síria e no Líbano.
O segundo objetivo é cortar os laços entre o Irã e o Líbano para "impedir o apoio ao Hezbollah".
"Além do mais, o analista apontou a ameaça que a escalada das tensões entre os EUA, Israel e o Irã representa para a Turquia, que tem fronteira comum com o Irã e apoia uma cooperação estreita com as autoridades iranianas sobre uma série de assuntos importantes na região.
"O conflito ao redor do Irã pode provocar uma nova onda de migrantes, o que vai afetar negativamente a Turquia no sentido demográfico, cultural, social e econômico. E essa ameaça é maior em uma situação em que a Turquia, além do mais, enfrenta um anel de fogo na sua fronteira sul, de 911 quilômetros", disse Naim Baburoglu.