No domingo (6), Bolton declarou que as tropas norte-americanas permanecerão na Síria até que a Turquia garanta a segurança das milícias curdas apoiadas pelos EUA. A Sputnik Internacional discutiu esse assunto com o professor Alpaslan Ozerdem da Universidade de Coventry (Grã-Bretanha).
"Mas ainda não está claro a escala desta intervenção e como isso acontecerá. Tudo depende do que os Estados Unidos decidirem fazer com as YPG [Unidades de Proteção Popular curdas]. Por exemplo, se os EUA decidirão desarmá-las ou não", disse.
Segundo Ozerdem, uma outra questão é o que acontecerá com o território liberado pelos EUA e pelas YPG: a Turquia não quer que o território no norte da Síria seja entregue às forças do presidente sírio Bashar Assad.
O professor acredita que os EUA realmente pretendem retirar as tropas do território sírio.
"Em relação ao que a Turquia ganhará com isso, tal dependerá do que os Estados Unidos decidirem fazer com as YPG em termos de seu desarmamento; que parte do território do norte da Síria ficará sob controle da Turquia; e se as YPG permanecerão a oeste do rio Eufrates ou irão para o leste", enfatiza Ozerdem, acrescentando que essa é uma questão tática, mas provavelmente a Turquia tirará vantagem em qualquer um dos casos, a menos que suas relações com a Rússia se deteriorem.
"Erdogan diz que, no contexto do conflito armado sírio, esses grupos não são terroristas, mas será muito difícil determinar quem é terrorista e quem não é, uma vez que a Turquia considera terroristas até as YPG", explicou.
Segundo ele, a comunidade internacional poderia pensar em implantar uma força multinacional. Ao mesmo tempo, a Turquia não vê com bons olhos a presença de tais contingentes militares ao longo de suas fronteiras. A ideia de criar uma força estabilizadora é bastante atraente, mas a questão principal é saber como ela será formada, conclui o analista.