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'Antroposofia, constelação familiar e biodança': terapias do SUS provocam debate científico

© Folhapress / Antonio Molina / FotoarenaFoto do Zé Gotinha na fachada do prédio do Ministério da Saúde. Brasília. 22 de fevereiro de 2022
Foto do Zé Gotinha na fachada do prédio do Ministério da Saúde. Brasília. 22 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 28.02.2023
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Em ascensão no país, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), financiadas pelo Ministério da Saúde desde 2006, vêm ganhando espaço nos últimos anos, mas ainda são alvo de discussões sobre eficácia dos tratamentos — medicina antroposófica já foi relacionada a movimentos antivacina.
Talvez muitos brasileiros tenham no seu ciclo de amizades alguém que já tenha buscado os chamados tratamentos homeopáticos ou da medicina tradicional chinesa, como a acupuntura.
Desiludidas com os tratamentos convencionais, muitas pessoas procuram métodos alternativos para combater dores ou problemas de diversas naturezas. Porém, algumas dessas terapias são controversas e alvo de polêmicas e debates na comunidade médica e científica.
O que ampliou a discussão nos últimos anos foi a adesão do sistema público de saúde brasileiro às práticas médicas alternativas, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), aprovada pelo Ministério da Saúde em 2006.
Naquele ano, cinco tratamentos já passaram a integrar o quadro do Sistema Único de Saúde (SUS): acupuntura; homeopatia; antroposofia; fitoterapia e plantas medicinais; e termalismo social (crenoterapia).
© Foto / PixabayModelo tem pontos marcados no corpo relacionados à prática da acupuntura
Modelo tem pontos marcados no corpo relacionados à prática da acupuntura - Sputnik Brasil, 1920, 27.02.2023
Modelo tem pontos marcados no corpo relacionados à prática da acupuntura
Segundo o Ministério da Saúde, os métodos são "recursos terapêuticos que buscam a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade".
Mais de uma década depois, em 2017, o órgão acrescentou mais 14 métodos ao segmento: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, yoga, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala e terapia comunitária integrativa.
E a lista não parou por aí, já que, em 2018, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão de mais dez tratamentos em seu sistema. Foram eles: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais.
O ministério diz que as práticas "podem estar presentes em todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde" do SUS, e as indicações "são embasadas no indivíduo como um todo, considerando-o em seus vários aspectos, como físico, psíquico, emocional e social".

"Não se tratam de tratamentos alternativos, mas tratamentos que envolvem outra racionalidade médica, racionalidades milenares, como a medicina chinesa", defende a professora Fatima Sueli Ribeiro, coordenadora do Grupo Temático Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares (GT-RM-PIC) da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Ela lembra que o SUS incorporou as vertentes seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que reconheceu as práticas oficialmente em documento intitulado "Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002-2005".

"A demanda pelos tratamentos com as Práticas Integrativas e Complementares pode se dar por encaminhamento médico. É muito frequente o encaminhamento de ortopedista para tratamentos de acupuntura na iniciativa privada", relata Ribeiro.

No SUS, ela explica que o encaminhamento é feito pelo médico ou enfermeiro da equipe de saúde da família, mas também por "demanda espontânea", quando os próprios pacientes solicitam atendimento pelas PICS".

"A ampliação da busca destas terapias é internacional, observado em vários países. No Brasil, essa ampliação se expressa nos dados do Ministério da Saúde", diz a coordenadora da Abrasco.

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O escritor e jornalista científico Carlos Orsi, diretor do Instituto Questão de Ciência (IQC) e autor do livro "Negacionismo & Desafios da Ciência", critica o financiamento das práticas pelo Estado brasileiro. Para ele, as terapias não têm embasamento científico suficiente para justificar sua presença no serviço público de saúde.
Orsi diz que a lista de PICS contempladas pelo SUS inclui "desde propostas terapêuticas que violam diretamente leis da física e da química, como homeopatia, antroposofia e reiki", até outras com "alguma plausibilidade inicial, mas que não contam com estudos de boa qualidade que possam recomendá-las ou garantir sua segurança".

"O que todas essas práticas têm em comum é a ausência de uma base de evidências sólida que indique que são seguras e que trazem benefícios específicos para o paciente, para além do efeito placebo", aponta o diretor do IQC. "O Estado não deveria subsidiar práticas que prometem promover saúde na ausência de evidências científicas de que são seguras e de que cumprem o que prometem."

Os atendimentos no serviço público relativo às terapias vêm crescendo ano a ano, segundo levantamento realizado pela plataforma PICS na Pauta, com base em dados do Ministério da Saúde.
Entre 2008 e 2020, por exemplo, o número de unidades de saúde públicas que oferecem acupuntura no país saltou de 150 para 19.279. Já as consultas individuais registradas da terapia cresceram de 160 mil, em 2000, para 420 mil em 2020.
De forma ainda mais avassaladora, a quantidade de consultas em fitoterapia — utilização de plantas para o tratamento de doenças — cresceram dez vezes em um ano no serviço público: de 4.089, em 2021, para 40.404 em 2022.
Em outro recorte, atividades e procedimentos coletivos oferecidos nas unidades de atenção básica à saúde, como terapia comunitária integrativa, dança circular e biodança, mais que quadruplicaram em dois anos, passando de 25.206, em 2017, para 104.531, em 2019.
© Folhapress / Fernando MoraesO diretor Marcelo Gaspari Pupo, da Almaderma, farmácia de manipulação e de fitoterapia. São Paulo, 31 de janeiro de 2003
O diretor Marcelo Gaspari Pupo, da Almaderma, farmácia de manipulação e de fitoterapia. São Paulo, 31 de janeiro de 2003 - Sputnik Brasil, 1920, 27.02.2023
O diretor Marcelo Gaspari Pupo, da Almaderma, farmácia de manipulação e de fitoterapia. São Paulo, 31 de janeiro de 2003
Para Jeancarlo Fernandes Cavalcante, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), a incorporação de qualquer nova terapia ao SUS precisa entrar em uma balança entre custo e efetividade, "devido a carência de recursos em áreas terapêuticas de eficácia já comprovada".

"Qualquer política nacional de saúde precisa ser discutida com a sociedade em geral e com os profissionais da saúde, além, claro, da necessidade de se deixar claro a fonte de financiamento. Também precisa ser periodicamente avaliada para que se possa corrigir eventuais distorções", diz Cavalcante.

Ele afirma que todos os profissionais da saúde devem enxergar o paciente como "um ser integral" e que as PICS possibilitam "benefícios quando associada às convencionais", mas pondera que o SUS poderia canalizar os recursos para outras áreas.
"Pessoalmente não vejo vantagens, porque o financiamento do SUS sofre cronicamente do que se pode chamar, metaforicamente, da 'síndrome do cobertor curto'. Ou seja, sempre que alocamos recursos orçados para uma terapia, deixamos alguma outra terapia descoberta", avalia o vice-presidente do CFM.
A Sputnik Brasil entrou em contato com o Ministério da Saúde para um posicionamento sobre o funcionamento, a eficácia dos tratamentos e os recursos destinados para as práticas complementares do SUS, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
A assessoria do órgão informou que a pasta ainda está se reorganizando devido à transição de governo.
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Medicina antroposófica e os movimentos antivacina

Uma das novas terapias do SUS, a medicina antroposófica ganhou notoriedade de forma negativa em meio à pandemia de COVID-19, por supostamente se relacionar com movimentos antivacinas.
Algumas matérias na mídia internacional apontavam que havia uma corrente de médicos antroposóficos que se opunham à imunização contra a COVID-19 ao teoricamente alegarem que a doença deveria ser superada naturalmente.
A teoria seria, então, a responsável pela menor adesão de vacinados em países germânicos, como a Alemanha, a Áustria e a Suíça.
Criada na Áustria pelo filósofo e esoterista Rudolf Steiner no início do século XX, a medicina antroposófica — ou antroposofia — é uma prática que diz enxergar o ser humano em suas realidades física, emocional, psíquica, espiritual, individualizada e em suas interações com o meio ambiente, a sociedade e a cultura.
À Sputnik Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica de São Paulo (ABMA/SP), Marcos Curi de Castro, criticou a teoria sobre o suposto "negacionismo" e garantiu que os médicos especialistas no segmento sempre defenderam a vacinação contra a COVID-19.

"Aqui no Brasil, a Associação Brasileira de Medicina Antroposófica é completamente a favor da vacina. Nós lutamos para que a vacinação contra a COVID-19 e todas as vacinações aconteçam", afirmou Castro.

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O presidente da ABMA admite que há alguns grupos radicais isolados que abraçaram a causa antivacina no país. Segundo ele, estas pessoas são "vinculadas ao olavismo, a corrente do bolsonarismo contra a vacina".
Porém, Castro garante que os grupos nunca tiveram respaldo dos órgãos oficiais, reiterando o "compromisso com a vacinação e com o uso de máscaras".

"Há uma briga de alguns grupos um pouco mais, vamos dizer assim, 'xiitas'. Eles se amparam um pouco nisso que aconteceu na Alemanha, mas aqui no Brasil a nossa associação se pautou por apoiar completamente o Programa Nacional de Imunizações [PNI] e seus projetos de vacinação, como uma das formas de a gente lutar contra a COVID-19. Isso tem que ficar bem claro", ressaltou.

Antroposofia é a própria medicina, diz paciente

Faz sete anos que Mariana Cassandra, agricultora biodinâmica, de 42 anos, conheceu a antroposofia, e hoje ela só frequenta médicos do ramo. À Sputnik Brasil, ela relatou que um problema respiratório de seu filho mais velho, não solucionado por pediatras tradicionais, a fez buscar o tratamento antroposófico.
O método funcionou e, segundo ela, desde então, Miguel nunca mais precisou tomar antibióticos. Anteriormente, o menino chegou a tomar cinco vezes em um ano os remédios geralmente indicados contra infecções bacterianas, conta.

"Isso tem sete anos. Nessa época, ele tinha três. A minha segunda filha, por exemplo, que tem sete anos hoje, deve ter tomado antibiótico umas duas vezes na vida só", disse Cassandra.

Ela conta que toda a família passou a procurar consultas em medicina antroposófica nos mais variados ramos, como ginecologia e dermatologia. Para ela, está "mais do que provado a eficiência do olhar" antroposófico.
"Não vejo a antroposofia como um complemento da medicina ou um tratamento conjunto. Pelo contrário, para mim, ela é a própria medicina", destacou Cassandra.
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Marcos Curi de Castro, da ABMA-SP, aponta que muitas vezes a chamada "medicina moderna" se vincula apenas com o aspecto físico do paciente, "perdendo o interesse no que é anímico e espiritual". "É como se essa parte ficasse relegada a psicólogos e psiquiatras", diz.
Segundo ele, a antroposofia é uma medicina que olha o ser humano em "um contexto mais ampliado, de corpo, alma e espírito".

"Os métodos convencionais, da medicina tradicional, avaliam a população no geral, mas não o indivíduo. Já nossa vivência terapêutica é muito individualizada", afirma Castro.

O especialista defende que a recomendação por remédios tradicionais seja aliada da terapia individualizada, e não a única solução. Ele diz que a medicação antroposófica, especificamente, é semelhante a "princípios homeopáticos", mas o cultivo de plantas para a produção medicamentosa "é bem diferente".
"Se você, por exemplo, tem asma, e a 'Joaninha’ também tem asma, eu posso dar ou posso não dar o mesmo remédio, porque depende muito de como a gente estuda o perfil da pessoa e como ela está naquele momento biográfico", afirma.
A ginecologista e obstetra Catia Cristine Chuba, especialista em medicina antroposófica, afirma que as pacientes a procuram buscando um "olhar ampliado e integral à saúde", que envolva a avaliação e cuidados "não só no aspecto físico, mas também no vital, emocional e até espiritual".
"Buscam uma medicina não estratificada em órgãos, como a alopatia convencional, e que ofereça alternativas terapêuticas mais naturais e menos intervencionistas", explica a especialista.
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A médica aponta que a antroposofia sempre defendeu o que passou a se chamar de "parto humanizado". Ela diz que, de alguns anos para cá, as evidências científicas mundiais passaram a comprovar seus benefícios e segurança.
Chuba ressalta "a importância de se respeitar, na medida do possível, a prontidão do bebê para o início espontâneo do trabalho de parto".
Segundo ela, a espera do tempo natural, ao contrário das intervenções cirúrgicas (cesarianas), "traz benefícios visíveis ao desenvolvimento daquele ser como um todo".
"A medicina antroposófica sempre indicou a prática mais natural, menos intervencionista e menos medicalizada na assistência ao parto", disse.

Musicoterapia, biodança e constelação familiar

Em sua publicação oficial sobre as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, o Ministério da Saúde define prática de constelação familiar como um "método psicoterapêutico que busca reconhecer a origem dos problemas ou alterações" do paciente.
O órgão diz que este método procura investigar "o que está encoberto nas relações familiares para, por meio do conhecimento das forças que atuam no inconsciente familiar e das leis do relacionamento humano, encontrar a ordem, o pertencimento e o equilíbrio, criando condições para que a pessoa reoriente o seu movimento em direção à cura e ao crescimento".
© Folhapress / Marcelo JustoGrupo participa de sessão de biodança, método criado pelo psicólogo chileno Rolando Toro, em São Paulo (SP). São Paulo, 30 de março de 2008
Grupo participa de sessão de biodança, método criado pelo psicólogo chileno Rolando Toro, em São Paulo (SP). São Paulo, 30 de março de 2008 - Sputnik Brasil, 1920, 27.02.2023
Grupo participa de sessão de biodança, método criado pelo psicólogo chileno Rolando Toro, em São Paulo (SP). São Paulo, 30 de março de 2008
Entre outras terapias consideradas polêmicas, a musicoterapia e a biodança não são métodos muito distantes do que os nomes sugerem.
A primeira é classificada pelo ministério como uma "prática expressiva que utiliza basicamente a música e/ou seus elementos no seu mais amplo sentido — som, ritmo, melodia e harmonia —, em grupo ou de forma individualizada".
Já a biodança, descreve a pasta, "promove vivências integradoras por meio da música, do canto, da dança e de atividades em grupo, visando restabelecer o equilíbrio afetivo e a renovação orgânica, necessários ao desenvolvimento humano".
Para Carlos Orsi, diretor do Instituto Questão de Ciência, algumas das práticas contempladas na política nacional das PICS têm o que ele classifica como "plausibilidade inicial", principalmente as que envolvem atividade física.
Segundo ele, estas, em tese, têm potencial para produzir benefícios, mas "não está claro se realmente os produzem na prática". Orsi questiona se os benefícios são "maiores que um placebo" ou se "superam os riscos de lesões, por exemplo".
"Se forem bem estudadas e obtiverem resultados positivos, essas práticas podem deixar de ser 'alternativas e complementares' e passar a integrar o arsenal da fisioterapia e da educação física", sugere.
Quanto à constelação familiar, o diretor do IQC destaca o método como "um caso muito particular".

"Trata-se de uma forma de psicoterapia de grupo que embute uma série de pressupostos mágicos e religiosos — só por isso não deveria fazer parte do sistema público de saúde — e prega uma ideologia machista que tem potencial de causar danos à psique dos participantes", critica Orsi.

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Terapias naturais estão 'ligadas às culturas indígena e afro' e 'comprometem lucros de farmacêuticas'

A professora Fatima Sueli Ribeiro, da Abrasco, explica que, nos últimos anos, houve uma "desconstrução" das terapias que relacionavam os tratamentos de saúde a recursos naturais.
Ela afirma que "chás, ervas e benzimentos estão, invariavelmente, relacionados à nossa cultura ancestral e ligados diretamente à cultura indígena e a dos afrodescendentes".

"Herdamos esses conhecimentos, que ainda subsistem, mas sistematicamente são negados ou apropriados pelo comércio capitalista, seja pela industrialização dos princípios ativos, seja pelo questionamento dos efeitos que secularmente são demonstrados", critica Ribeiro.

Segundo a especialista, os produtos advindos da sabedoria cultural "possuem abrangências de resultados que os instrumentos da biomedicina, como a epidemiologia, ainda não conseguem mensurar". Alguns avanços nessa direção começaram a ser percebidos com o crescimento da física quântica, aponta.

"Não se trata de negar os avanços do modelo biomédico. Pelo contrário, é inegável o papel das vacinas, dos transplantes e dos antibióticos na esperança de vida humana", observou.

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Contudo, para a especialista, a convivência deste modelo tradicional com o que possui "uma racionalidade não mecanicista e trata o humano a partir da lógica vitalista" é essencial. Segundo ela, é preciso "dar conta das várias dimensões da vida, como a física, a emocional, a psicossocial e a espiritual — não religiosa".

"A convivência destas duas racionalidades pode favorecer e ampliar o cuidado em saúde e ser muito benéfica na promoção da saúde, na redução das iatrogenias [efeitos adversos ou complicações resultantes do tratamento médico] e das intervenções invasivas e no uso crônico de medicamentos", argumenta.

Estas "lacunas no tratamento biomédico", porém, podem "comprometer lucros de empresas farmacêuticas", lembra Ribeiro, acrescentando que muitas companhias "se especializaram em gerar uma cascata de dependência de fármacos".
"Estamos diante da desinformação de muitos profissionais, de universidades que não abordam o tema, de cursos privados que não fazem a formação adequada, de indústrias que se veem ameaçadas nos seus lucros e de pessoas, ditas cientistas, que usam as narrativas que convêm aos institutos privados que as sustentam", disse.
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