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'Animal ferido': analista explica por que diminuiu a percepção dos EUA como líder global
'Animal ferido': analista explica por que diminuiu a percepção dos EUA como líder global
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A imagem positiva dos Estados Unidos como líder global registrou um declínio em 2023 face ao ano anterior, de acordo com o Índice de Percepção da Democracia... 26.05.2024, Sputnik Brasil
2024-05-26T08:35-0300
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O relatório da Fundação Aliança das Democracias foi elaborado com as respostas dos habitantes de 53 dos 195 países do mundo. Seus resultados revelaram que os Estados Unidos caíram cinco pontos percentuais na percepção positiva como líder global, passando de 27% em 2022 para 22% em 2024. A doutora em ciências sociais pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Mariana Aparício destacou para a Sputnik que, embora a imagem do país continue em bons níveis, a queda registrada pode ser compreendida principalmente porque o atual presidente norte-americano Joe Biden teve de enfrentar as consequências da política externa implementada pelo seu antecessor, Donald Trump, bem como problemas internos como assistência médica, educação, pobreza e desenvolvimento econômico, para citar alguns. Segundo o índice, a popularidade dos Estados Unidos sofreu um impacto global em 2024, particularmente em países do Oriente Médio e do Norte de África, no entanto, a sua imagem também foi afetada em alguns países da Europa. Embora o estudo não considere o impacto que o papel dos Estados Unidos no conflito em Gaza teve na percepção global, foi relatado que a questão atingiu as intenções de reeleição de Biden, especificamente em certos setores democratas e juvenis. No dia 20 de maio, o atual presidente dos EUA falou sobre a decisão do promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) de pedir mandados de prisão contra líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Para o professor López, a imagem dos Estados Unidos se deteriora devido ao "apoio cego" que o governo Biden tem dado a Israel ante o genocídio cometido em Gaza, bem como à repressão às manifestações estudantis a favor da causa palestina. A dra. Aparício destacou, por sua vez, que o papel dos Estados Unidos em nível global entrará em um período de revisão, no sentido de que o país requer projeção de liderança. China e Rússia aumentam percepção positiva Outro resultado reportado pelo Índice de Percepção da Democracia é que a Rússia e a China tiveram um aumento na sua percepção positiva. Segundo o professor López, isto se deve ao fato de ambos os países liderarem outro projeto de identidade global, no qual procuram compreender a política a partir de outra perspectiva. Segundo o índice, as áreas do mundo onde se registou o aumento desta percepção positiva são o Oriente Médio e Norte de África, a Ásia e a América Latina. No caso específico da China, ambos os analistas concordam que a sua relação econômica com os países latino-americanos impacta a percepção que as populações do gigante asiático têm. Por sua vez, Manuel López destacou que a América Latina enfrenta o desafio de se separar dos efeitos causados pelos caprichos das potências mundiais e salvaguardar os interesses da sua população. O especialista citou como exemplo o caso do México, um país que na sua opinião tem conseguido manter a sua independência em assuntos vitais para a nação sem interferir nos assuntos das grandes potências.
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'Animal ferido': analista explica por que diminuiu a percepção dos EUA como líder global
08:35 26.05.2024 (atualizado: 10:51 26.05.2024) A imagem positiva dos Estados Unidos como líder global registrou um declínio em 2023 face ao ano anterior, de acordo com o Índice de Percepção da Democracia publicado este ano. Quais são os fatores que levaram a esse declínio? A Sputnik conversou com especialistas para explorar a questão.
O
relatório da Fundação Aliança das Democracias foi elaborado com as respostas dos habitantes de 53 dos 195 países do mundo. Seus resultados revelaram que os
Estados Unidos caíram cinco pontos percentuais na percepção positiva como líder global, passando de 27% em 2022 para 22% em 2024.
A doutora em ciências sociais pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Mariana Aparício destacou para a Sputnik que, embora a imagem do país continue em bons níveis, a queda registrada pode ser compreendida principalmente porque o
atual presidente norte-americano Joe Biden teve de enfrentar as
consequências da política externa implementada pelo seu antecessor, Donald Trump, bem como
problemas internos como assistência médica, educação, pobreza e desenvolvimento econômico, para citar alguns.
"Os Estados Unidos já estão, nestas duas décadas do século XXI, com esta crise de hegemonia e da percepção de si mesmos como líderes do regime internacional", disse a dra. Aparício. Além disso, a especialista destaca que as ações de política externa de cada administração são ponderadas pela população mundial.
Segundo o índice, a popularidade dos Estados Unidos sofreu um impacto global em 2024, particularmente
em países do Oriente Médio e do Norte de África, no entanto, a sua imagem também foi afetada em
alguns países da Europa.
"Os EUA são uma potência em declínio, já se fala em uma reconfiguração do sistema internacional em que a China e a Rússia estão à frente desse outro projeto, que confronta diretamente a civilização dos Estados Unidos; não é uma disputa por dinheiro, pela economia, sobre política ou geopolítica, sobre território, é uma disputa sobre uma concepção de identidades hemisféricas, de identidades globais, e é isso que o torna tão perigoso e que faz dos EUA um animal ferido", considerou Carlos Manuel López, professor de relações internacionais da Faculdade de Estudos Superiores (FES) Aragão, da UNAM, à Sputnik.
Embora o estudo não considere o
impacto que o papel dos Estados Unidos no conflito em Gaza teve na
percepção global, foi relatado que a questão atingiu as intenções de reeleição de Biden, especificamente em certos setores democratas e juvenis.
No dia 20 de maio, o atual presidente dos EUA falou sobre a decisão do promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) de
pedir mandados de prisão contra líderes israelenses,
incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Israel deve fazer todo o possível para garantir a proteção dos civis, mas me deixe ser claro: ao contrário das acusações contra Israel feitas pela Corte Internacional de Justiça, o que está acontecendo não é um genocídio, nós o rejeitamos", disse Biden.
Para o professor López, a imagem dos Estados Unidos se deteriora devido ao "
apoio cego" que o
governo Biden tem dado a Israel ante o genocídio cometido em Gaza, bem como à repressão às manifestações estudantis a favor da causa palestina.
"Este apoio e repressão cegos levam a opinião pública global a não ignorar as ações dos Estados Unidos. Anos antes, décadas antes, este poder mediático dos Estados Unidos inibia todas as críticas que eram feitas contra as suas ações", explicou o especialista.
A dra. Aparício destacou, por sua vez, que o papel dos Estados Unidos
em nível global entrará em um período de revisão, no sentido de que o país requer projeção de liderança.
China e Rússia aumentam percepção positiva
Outro resultado reportado pelo Índice de Percepção da Democracia é que a Rússia e a China tiveram um aumento na sua
percepção positiva. Segundo o professor López, isto se deve ao fato de
ambos os países liderarem outro projeto de identidade global, no qual procuram compreender a política a partir de outra perspectiva.
"[Esta perspectiva] está tentando resolver as necessidades autênticas das suas sociedades e, no processo, para a sociedade global, devemos compreender que a política internacional tem de ser reconfigurada para abordar verdadeiramente as causas que geram os verdadeiros problemas mundiais", observou ele.
Segundo o índice, as
áreas do mundo onde se registou o aumento desta percepção positiva são o
Oriente Médio e Norte de África, a Ásia e a América Latina.
No caso específico da China, ambos os analistas concordam que a sua
relação econômica com os países latino-americanos
impacta a percepção que as populações do gigante asiático têm.
"Essa percepção positiva tem a ver com um relacionamento mais duradouro, com maior conhecimento, onde os países latino-americanos veem a República Popular [da China] como um parceiro potencial e como um aliado para a diversificação comercial", disse a dra. Aparício.
Por sua vez, Manuel López destacou que a América Latina enfrenta o desafio de se separar dos
efeitos causados pelos caprichos das potências mundiais e salvaguardar os
interesses da sua população.
"Seja a China, seja os Estados Unidos, seja a França, seja o país que for, se houver projetos de investimento que sirvam a população, teriam que ser operacionalizados sem ter que cuidar dos aspectos ideológicos, políticos, ou de filiação", considerou.
O especialista citou como exemplo o caso do México, um país que na sua opinião tem conseguido manter a sua independência em assuntos vitais para a nação sem interferir nos assuntos das grandes potências.
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