Mídia: esquerda e centro na França retiram candidatos para bloquear direita no 2º turno
11:05 03.07.2024 (atualizado: 14:16 03.07.2024)
© AFP 2023 / Dimitar DilkoffA ex-presidente do bloco político de direita francês Reagrupamento Nacional (RN), Marine Le Pen, e o prefeito de Perpignan, Louis Aliot, deixam a sede do partido em Paris, 2 de julho de 2024
© AFP 2023 / Dimitar Dilkoff
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O movimento estratégico da "frente republicana" francesa tenta coordenar sua vitória para manter o partido de direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, fora do poder no segundo turno das eleições para a Assembleia Nacional da França no próximo domingo (7).
De acordo com o Financial Times (FT), os partidos de esquerda e de centro da França retiraram até a noite de ontem (2) mais de 200 candidaturas das eleições de domingo — com base em números do Le Monde — em uma tentativa coordenada de evocar um sentimento anti-RN e diminuir a probabilidade de o partido de direita alcançar a maioria absoluta no Parlamento.
Para o pesquisador da Ipsos, Mathieu Gallard, é improvável que o RN atinja maioria absoluta tendo em vista que o percentual combinado de votos no primeiro turno do Juntos e da Nova Frente Popular (NFP) excedeu o do RN em muitos círculos eleitorais, mas é "muito, muito provável" que o partido de Marine Le Pen conquiste o maior número de cadeiras.
"Queremos governar, sendo extremamente claros. E se faltar alguns deputados para alcançar a maioria", disse Le Pen na Rádio France Inter na terça-feira (2), "vamos ver outros e diremos: 'Vocês estão prontos para participar conosco de uma nova maioria com uma nova política?'".
O RN garantiu o primeiro lugar com 296 cadeiras já no primeiro turno, incluindo 39 vitórias definitivas. Para ser considerado maioria absoluta no Parlamento da França, são precisos 289 assentos, o que motiva a estratégia que visa evitar a divisão de votos entre aliados.
A perspectiva de um governo do RN cimenta ainda mais a "normalização" da direita considerada mais radical na política francesa. Nos últimos anos, Le Pen tem pressionado para eliminar os seus elementos mais radicais e racistas, incluindo o seu pai, que cofundou o movimento em 1972.
"Os eleitores franceses vão fazer uma escolha moral para se oporem ao RN", previu Martial Foucault, professor da Sciences Po Paris ao FT, "mas ao fazê-lo vão construir uma França que é ingovernável".
De acordo com os resultados do primeiro turno de domingo do Ministério do Interior, o bloco RN obteve 33% dos votos e o NFP de esquerda teve 28%. A aliança Juntos de Macron garantiu 21%.
Um conselheiro de Macron disse que o presidente provavelmente ofereceria ao RN a oportunidade de formar um governo se o partido conquistasse cerca de 250 ou 260 assentos – embora a Constituição não exija tal medida, afirma a apuração.