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Mídia: Amorim critica interferências 'extrarregionais' na eleição venezuelana

© Foto / Twitter / ReproduçãoCelso Amorim (à esquerda), assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República brasileira; e Nicolás Maduro, presidente venezuelano, em março de 2023
Celso Amorim (à esquerda), assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República brasileira; e Nicolás Maduro, presidente venezuelano, em março de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 02.08.2024
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O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, declarou nesta sexta-feira (2) que o impasse das eleições na Venezuela deve ser resolvido entre os países latino-americanos.
Em entrevista ao canal de TV CNN, Amorim defendeu que a situação deve ser resolvida sem "interferências extrarregionais".

"Acho que as interferências extrarregionais, e quando eu digo extrarregionais, eu incluo o hemisfério. Acho que isso é uma coisa latino-americana, que os latino-americanos têm que resolver", disse Amorim, que retornou de Caracas nesta semana após acompanhar a eleição de domingo (2). "Nós não vamos seguir automaticamente. Há muito tempo o Brasil já abandonou a política do alinhamento automático com quem quer que seja", acrescentou.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou, nesta segunda-feira (29), Nicolás Maduro como presidente reeleito para o período de 2025 a 2031. De acordo com os resultados apresentados pelo CNE, Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto o adversário Edmundo González ficou em segundo lugar, com 44,2%. Candidato da Plataforma Unitária Democrática de Venezuela, González não reconheceu o resultado.
Ontem (1º), os governos de Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta expressando solidariedade ao povo venezuelano por comparecerem às urnas no âmbito do pleito e solicitando às autoridades eleitorais da Venezuela a divulgação dos dados desagregados por mesa de votação.

"[O governo brasileiro] tem tido uma visão muito parecida com a do México e da Colômbia, que são países diretamente interessados em resolver de maneira pacífica essa situação", acrescentou ele.

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Sanções

Amorim criticou a política de sanções imposta à Venezuela, sobretudo pelos EUA, e acrescentou que o atual governo brasileiro condena essa política "em todos os termos".

"Para nós, a retirada das sanções teria facilitado muito o transcurso da eleição, assim como a presença da União Europeia — que o presidente Maduro rejeitou, mas rejeitou justamente porque a União Europeia queria participar da apuração, acompanhar a eleição, mas mantendo as sanções", disse ele na entrevista. "Isso não é justo. Quem mais sofre com isso é o povo venezuelano, não é o Maduro nem os auxiliares."

Além de EUA, Argentina, Equador e Costa Rica reconheceram a vitória de González. Já Chile, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai se recusaram a reconhecer a reeleição de Maduro, o que levou Caracas a expulsar do país seus respectivos diplomatas, além dos que reconheceram a vitória do opositor.
Mais cedo, a Justiça venezuelana convocou os dez candidatos à eleição presidencial da Venezuela a comparecerem à Corte para uma apuração sobre o resultado da votação.
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) aceitou um recurso apresentado pelo presidente Nicolás Maduro, que solicitou uma perícia técnica de todo o processo eleitoral para que sejam averiguadas as atas apresentadas.
A vitória eleitoral de Maduro foi reconhecida por Rússia, China, Belarus, Irã, Nicarágua, Cuba e Bolívia, entre outros países.
Na quarta-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro decidiu defender os interesses diplomáticos de sete países que contestaram o resultado das eleições na Venezuela. Entre eles está a Argentina. O presidente argentino, Javier Milei, agradeceu ao Brasil nesta quinta-feira (1º).

EUA revisam dados

Os Estados Unidos, que também questionaram os resultados das eleições da Venezuela, estão revisando dados eleitorais compartilhados pela sociedade civil venezuelana e por observadores internacionais, disse na terça-feira (29) Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Sobre o assunto, Amorim comentou que acha difícil que o Brasil siga o caminho dos Estados Unidos [de reconhecer a vitória de Edmundo].

"Acho que um estudo mais próximo, não sei exatamente como, o nosso chanceler Mauro Vieira também está muito ativo nessas conversas. Eu acho que essas conversas podem nos indicar o caminho certo para encontrar a solução", analisou o ex-chanceler brasileiro.

Os presidentes de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, em carta conjunta, solicitaram uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA) e exigiram a revisão completa dos resultados da votação por observadores eleitorais independentes.
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