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Análise: indicação de Galípolo é '1ª grande transição dentro do regime de independência do BACEN'

© Marcello Casal Jr. / Agência BrasilSede do Banco Central do Brasil, no Setor Bancário Norte, em Brasília (DF)
Sede do Banco Central do Brasil, no Setor Bancário Norte, em Brasília (DF) - Sputnik Brasil, 1920, 28.08.2024
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A recente nomeação de Gabriel Galípolo para o cargo de presidente do Banco Central (BACEN), anunciada nesta quarta-feira (28) pelo ministro Fernando Haddad, marca um ponto de inflexão significativo na trajetória econômica do Brasil, segundo um especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
Gilberto Braga, economista e professor de finanças do Ibmec, analisou as implicações dessa mudança para a política monetária e o cenário econômico nacional.

Para Braga, a escolha do economista e discípulo de Luiz Gonzaga Belluzzo representa "a primeira grande transição dentro do regime de independência do BACEN". Apesar das diferenças políticas entre os presidentes anteriores e Galípolo, o economista acredita que a transição será "tranquila e pacífica, sem grandes turbulências para a economia".

Essa estabilidade é vista como reflexo da maturidade institucional do Banco Central, que tem mantido autonomia e compromisso com a política monetária, afirma.

O que esperar da gestão?

No que diz respeito à gestão de Galípolo, Braga sugere que não se deve esperar "mudanças radicais". Embora Galípolo tenha formação acadêmica distinta, com influências do pensamento desenvolvimentista de Belluzzo, a condução da política monetária não deverá sofrer alterações bruscas em comparação com seu antecessor, Roberto Campos Neto.
Braga destaca que "Galípolo e Campos Neto não beberam da mesma fonte em suas formações". Enquanto Campos Neto é neto de Roberto Campos, um ícone do liberalismo econômico, Galípolo é alinhado ao pensamento mais intervencionista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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Sobre as expectativas para a taxa Selic e o relacionamento do novo presidente com o governo e o mercado, Braga lembra que as decisões recentes do Comitê de Política Monetária (Copom) foram tomadas por unanimidade, sugerindo consenso em relação à interpretação da conjuntura econômica atual.
"Isso indica que há convergência de interpretação da conjuntura econômica."
Galípolo é descrito como um profissional benquisto pelo mercado, devido à sua experiência em bancos de investimento e à sua capacidade de "falar a linguagem do mercado financeiro", conforme Braga. Isso sugere que ele poderá gerenciar a comunicação do BACEN com eficácia, alinhando a política monetária às expectativas do mercado financeiro.

Atuação do BACEN e independência

Em relação ao impacto de perfis tão distintos na liderança do BACEN, Braga é cauteloso. "A atuação do BACEN sempre repercute na economia, mas não se espera mudanças radicais no curto prazo."
O economista acrescentou que, sob a liderança de Galípolo, é improvável que o Copom tome decisões que sejam drasticamente diferentes das anteriores, como a redução acentuada da taxa de juros em desacordo com as condições econômicas.
Para ele, a autonomia do BACEN é vista como um trunfo importante. "Entre os economistas e o mercado, pensa-se que essa independência foi fundamental para termos hoje uma inflação relativamente sob controle", comentou.
O economista ressaltou ainda que, sob um modelo menos independente, o país poderia ter enfrentado inflação mais alta e ajustes mais severos na taxa Selic para controlar a alta dos preços.
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Substituição

Galípolo vai substituir o atual presidente Roberto Campos Neto, que tem mandato até o fim deste ano. Desde o começo do mandato, Lula tem criticado com veemência as políticas do Banco Central em relação aos juros.
Em junho passado, Lula fez duras críticas à atuação do Banco Central e ao presidente Campos Neto, indicado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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