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Diplomacia brasileira em retrospectiva: principais conquistas da política externa de Lula em 2024

© AP Photo / Leah Millis/PoolLíderes mundiais se reúnem para foto de família durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Brasil, 19 de novembro de 2024
Líderes mundiais se reúnem para foto de família durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Brasil, 19 de novembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 31.12.2024
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O ano que termina nesta terça-feira (31) não deu trégua para a diplomacia no planeta. Conflitos se intensificaram e proliferaram ao redor do planeta, sobretudo no Oriente Médio. Embates se intensificaram entre grandes potências, envolvendo embargos econômicos, eleições conturbadas, disputas geopolíticas e negociações nos organismos multilaterais.
Apesar das crises e dos impasses que exigiram jogo de cintura, mas também firmeza por parte do governo brasileiro, um balanço do ano de 2024 da política externa aponta para um saldo positivo, importantes tratados e acordos, mediação em conflitos e organização exitosa de eventos envolvendo chefes de Estado em solo brasileiro.
Confira os principais feitos no sistema internacional do Itamaraty na busca por um mundo mais multipolar:

1. Cúpula dos líderes do G20

A reunião das maiores economias do mundo, realizada no Rio de Janeiro, logrou, após dois anos de desentendimento, consenso na declaração final dos chefes de Estado que obteve aval de países antagônicos como Estados Unidos e Rússia e, mesmo, de países que ameaçavam azedar o texto final, como a Argentina liderada por Javier Milei.
Merece destaque a Aliança Global contra a Fome e Pobreza e o grupo do G20 Cidades, com previsão de financiamento para a infraestrutura de cidades sustentáveis.

2. Mediação em conflitos internacionais

O Brasil também se posicionou de maneira proativa como mediador em conflitos internacionais, retomando uma diplomacia pacifista e de diálogo.
Isso inclui a atuação em temas como o conflito na Ucrânia, onde o Brasil tem defendido soluções pacíficas e buscado construir pontes entre diferentes atores internacionais, como o plano de paz sino-brasileiro, proposto conjuntamente com a China ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), em outubro.

3. Retorno ao Comitê de Direitos Humanos da ONU

Em 2024, o Brasil conquistou uma vitória diplomática significativa ao ser reeleito para o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse retorno reflete o esforço do Brasil para reconquistar uma posição de destaque no cenário internacional, especialmente em questões de direitos humanos.

4. Diplomacia no Oriente Médio e na África

A diplomacia brasileira tem buscado expandir sua influência no Oriente Médio e na África, com o Brasil sendo ativo em foros multilaterais e reforçando suas parcerias comerciais e políticas com países da região.
A intensificação das relações — com países como a Arábia Saudita e a intensificação dos laços com nações africanas — são algumas das vitórias diplomáticas importantes. Vale destacar a retomada das negociações com os Emirados Árabes Unidos e o Mercosul.
O acordo volta a avançar mais de duas décadas depois da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Liga Árabe e quase duas décadas depois da assinatura do marco de cooperação entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo.
Em 2023, quando Lula visitou o país duas vezes, os Emirados Árabes Unidos foram o 28º maior destino de produtos brasileiros e, no primeiro semestre de 2024, avançaram para a 13ª posição.

5. Acordo Mercosul-União Europeia

Embora o acordo Mercosul-União Europeia (UE) tenha sido assinado em 2019, as negociações de implementação continuaram em 2024 com importantes avanços. O Brasil desempenhou um papel fundamental para que o acordo fosse finalmente ratificado e começasse a ser implementado, especialmente no que diz respeito ao comércio de produtos agrícolas, industriais e serviços.
Negociadores do governo brasileiro esperam que o acordo seja assinado em breve, após solucionadas as exigências ambientais do bloco europeu. Embora o acordo Mercosul-UE tenha sido assinado em 2019, em 2024 houve progresso significativo na ratificação e na implementação desse tratado.

6. Acordo de Vaca Muerta

A região de Vaca Muerta, na Argentina, é uma das maiores reservas de gás e petróleo não convencionais do mundo e, em novembro, o Brasil e a Argentina formalizaram um acordo para explorar em conjunto recursos naturais em Vaca Muerta, com foco em investimentos e infraestrutura compartilhada.
Esse acordo é estratégico para a segurança energética do Brasil, pois a exploração de gás de xisto e petróleo não convencionais em Vaca Muerta pode ajudar a garantir o fornecimento de energia de forma mais sustentável e integrada entre os dois países.
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira no evento Fórum Brasil-África 2024, em São Paulo. Brasil, 14 de outubro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 27.11.2024
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7. Acordo Brasil-China em energia renovável

Em 2024, o Brasil também fortaleceu sua cooperação com a China no setor de energias renováveis, com a assinatura de um acordo para expandir projetos de energia solar, eólica e hidrelétrica. A parceria também se alinha aos compromissos do Brasil em relação à Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Ao todo foram firmados 37 acordos durante a visita de Xi Jinping ao Brasil para a Cúpula de Líderes do G20.

8. Acordos ambientais com países da bacia do rio Amazonas

Em 2024, o Brasil reforçou acordos multilaterais com países da bacia do rio Amazonas para a proteção ambiental e sustentabilidade. Esses acordos visam combater o desmatamento ilegal, promover o desenvolvimento sustentável da região e proteger a biodiversidade.
A colaboração entre Brasil, Peru, Colômbia e outros países da região tem sido crucial para fortalecer os mecanismos de cooperação transfronteiriça e garantir o futuro ambiental da Amazônia, com foco em políticas de preservação e uso sustentável dos recursos naturais.

9. Operação Raízes do Cedro: maior repatriação da história

Coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, em parceria com os ministérios da Saúde e da Defesa, a operação Raízes do Cedro resgatou, entre outubro e novembro, mais de 2,6 mil pessoas, além de 34 animais de estimação que estavam no Líbano.
Ao todo foram feitos 13 voos, que também transportaram 90 toneladas de doações, essenciais para o país afetado pelos ataques de Israel. Essa foi a maior operação de repatriação já feita pelo Brasil, de acordo com o Itamaraty.
Ano que vem promete ainda mais provas de fogo para o Brasil, a começar pelas duas cúpulas globais em território brasileiro: a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e o encontro de chefes de Estado do BRICS.
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