Mídia: lista de 'empresas chinesas proibidas' do Pentágono pode prejudicar bancos dos EUA
© Eva HambachImagem aérea mostra o Pentágono (Departamento de Defesa dos EUA), em Washington, D.C.
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Há tempos esperando para desempenhar um papel maior nas listagens de Hong Kong, os bancos de Wall Street podem encontrar um revés significativo após o Departamento de Defesa dos EUA adicionar uma importante fabricante de baterias para veículos elétricos da China à lista de "empresas proibidas".
A maior fabricante mundial de baterias para veículos elétricos (VEs) e fornecedora da Tesla, a CATL, buscava expandir para o exterior abrindo participação para bancos estrangeiros, um passo que movimentaria cerca de US$ 7,7 bilhões (aproximadamente R$ 47,02 bilhões), segundo estimativa do Morgan Stanley divulgada pelo Financial Times (FT).
Porém, a ação do Pentágono de adicionar a fabricante a uma lista de empresas sancionadas acusadas de possuir ligações com as Forças Armadas da China junto a outras — como a gigante da tecnologia Tencent e a Cosco — ameaça mudar o cálculo de risco-recompensa dos bancos daqui para frente. Isto significa que, ao aceitar transações relacionadas às empresas de listas desta natureza, os bancos estão assumindo riscos de mercado.
A inclusão na lista "não tem o mesmo peso de uma sanção, mas é próxima o suficiente para que os bancos [possam] cortar preventivamente a exposição aos nomes apenas para evitar manchetes negativas", disse Han Shen Lin, diretor para a China da consultoria norte-americana The Asia Group, à apuração do FT.
As crescentes tensões EUA-China têm prejudicado diversas relações comerciais, adicionando um grau de incerteza importante aos atores envolvidos. Não está claro, agora, se os bancos dos EUA vão continuar seu envolvimento após a ação do Pentágono.
Segundo a apuração, a empresa controladora da gigante da tecnologia pagou US$ 524 milhões (mais de R$ 3,1 bilhões) em taxas de banco de investimento entre 2004, o ano de sua oferta pública inicial, e 2023, de acordo com números do London Stock Exchange Group, beneficiando investidores de peso como Morgan Stanley, BofA, Goldman e Citi. A partir da medida, o Pentágono obriga esses bancos a repensar seus negócios ou arcar com futuros prejuízos caso a situação escalone ainda mais.
Apesar de a CATL e a Tencent estarem planejando uma ação legal para contestar sua inclusão na lista do Pentágono, caso as negociações com o Departamento de Defesa dos EUA fracassem, justificando que suas baterias estão em carros de diversas fabricantes globais, é pouco provável que os EUA evitem acentuar as tensões com Pequim.