https://noticiabrasil.net.br/20250115/ameacas-de-trump-visam-gerar-instabilidades-beneficas-para-setores-como-a-industria-belica-dos-eua-38116973.html
Ameaças de Trump visam gerar instabilidades benéficas para setores como a indústria bélica dos EUA
Ameaças de Trump visam gerar instabilidades benéficas para setores como a indústria bélica dos EUA
Sputnik Brasil
As recentes e polêmicas declarações intervencionistas do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, têm objetivos específicos para beneficiar setores da economia... 15.01.2025, Sputnik Brasil
2025-01-15T15:52-0300
2025-01-15T15:52-0300
2025-01-15T18:01-0300
panorama internacional
economia
rússia
américas
donald trump
estados unidos
china
groenlândia
universidade federal fluminense (uff)
organização do tratado do atlântico norte
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/0c/1a/37872144_0:160:3072:1888_1920x0_80_0_0_9e217c90aca8027f84c6cfe2b04d6a65.jpg
Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil avaliaram que, apesar das ameaças de intervenções e do uso da força, Trump deve repetir as medidas adotadas no primeiro mandato, em 2018, com foco na desregulamentação ambiental, na guerra comercial, na imposição tarifária e no endurecimento da política migratória.Já as bravatas, vindas de uma das maiores potências mundiais, têm outros fins: gerar instabilidades no cenário geopolítico mundial que resultem em lucros para as indústrias norte-americanas que Trump representa.Essa instabilidade pode gerar perda de confiança nos Estados Unidos, ponderou, mas alimentar outros candidatos de extrema-direita na Europa e na América Latina e conseguir apoio internacional para pressionar a União Europeia (UE), o Panamá e o Canadá.Pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutor em relações internacionais, Pedro Allemand Mancebo Silva destacou que a atual retórica trumpista também favorece as big techs."É boa para os eleitores do Vale do Silício que estão apostando que conseguem direcionar a administração Trump para seus interesses por meio de concessões, como vimos nas vergonhosas, mas nada surpreendentes, adesões de Elon Musk e Mark Zuckerberg à ideologia e à administração trumpista", comentou ele.Além disso, complementou que muito do que Trump fala e faz "tem um elemento de performance, de showman e dessa postura de 'macho' que ele cultiva como parte de sua reputação".Na opinião de Silva, a estratégia de mobilização política dos trumpistas tem a desinformação e o alarde como ferramentas para engajar adeptos e apoiadores, criando um senso de pertencimento e comunidade e de uma agenda política a ser implementada.Dentre as promessas plausíveis, Moll Neto considerou a mais grave o projeto de perseguição e deportação de imigrantes, por ser mais factível e ter impacto profundo na vida de centenas de milhares de pessoas, inclusive latinos que nasceram nos Estados Unidos."Além disso, traz impactos sobre a economia dos Estados Unidos e de países na América Latina, especialmente no México e na América Central", acrescentou.Já para Silva, a declaração mais grave do futuro presidente diz respeito ao retrocesso da política ambiental dos EUA.A expansão da produção de combustíveis fósseis nos EUA tende a aumentar nos próximos anos, apostou o especialista, "inclusive sobre áreas protegidas como o Artic National Wildlife Refuge, no norte do Alasca".Ele lembrou que, no primeiro mandato, Trump flexibilizou a legislação ambiental e liberou licenças de exploração de petróleo em área protegida. O feito deve se repetir no segundo mandato e agravar a crise climática em prol do enriquecimento das companhias americanas de petróleo e gás.Moll Neto lembrou que, das muitas promessas que Trump fez na primeira gestão, ele efetivamente cumpriu algumas, como a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a perseguição, o encarceramento e a deportação de aproximadamente 1,5 milhão de imigrantes.Como promessas cumpridas parcialmente, podemos destacar a proposta de renegociar acordos comerciais para colocar os Estados Unidos em uma posição mais favorável no comércio internacional, como o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), que resultou no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês).Na economia, Silva disse que Trump deve renovar ações do primeiro governo, como cortes de impostos para os mais ricos e a imposição de tarifas aduaneiras, visando fortalecer a indústria norte-americana, cujas consequências foram o aumento de preços ao consumidor e a guerra comercial com a China.A guerra comercial com a China, contudo, não provocou os resultados prometidos, analisou o professor da UFF.Assim como prometeu acabar com o conflito na Ucrânia e na Faixa de Gaza tão logo assuma, Trump também afirmou no primeiro mandato que acabaria com os conflitos no Afeganistão e no Iraque. Reduziu o número de tropas estadunidenses nesses países e arquitetou a retirada completa do Afeganistão, que foi concretizada de forma quase improvisada nos primeiros dias do governo Biden, lembrou o professor da UFF.Anexação da GroenlândiaA anexação da Groenlândia, proposta por Trump, é uma estratégia de pressão para aumentar a presença dos EUA no território. Atualmente, a defesa da Groenlândia é custeada pela Dinamarca e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)."Existe um receio de que China ou Rússia aumentem a presença na região, seja para explorar recursos e/ou estabelecer posições militares. Portanto, as falas de Trump visam pressionar a Dinamarca e a União Europeia para aumentar os gastos próprios com a defesa da Groenlândia, o que indiretamente favorecerá a indústria bélica estadunidense e concederá direitos de exploração a companhias transnacionais afinadas ao governo Trump", esclareceu a professora da UFF.Ambos os entrevistados descartaram qualquer possibilidade de uso da força por parte dos EUA, pois prejudicaria as relações com a UE e acarretaria custos dispendiosos para a população norte-americana.Segundo ele, as declarações de Trump já surtiram o efeito pretendido pelo futuro mandatário que recebeu a oferta do governo da Dinamarca de expandir a presença militar dos EUA na colônia: "Ou seja, ele já conseguiu algo que é do interesse dos EUA só por meio das bravatas", disse o pesquisador da PUC-Rio.Os Estados Unidos já tentaram comprar a Groenlândia em algumas ocasiões devido à riqueza do solo em minério, petróleo e gás, incluindo minérios fundamentais para a produção de chips, baterias e componentes tecnológicos, "fundamentais para setores que apoiaram decisivamente a campanha de Trump".Canal do PanamáRota estratégica para os EUA, o canal do Panamá tem cerca de 6% do comércio internacional passando por ele e 12% a 15% do fluxo de mercadorias vêm do país norte-americano.O pesquisador também opinou ser "pouco factível" que o Canadá se torne o 51º estado dos Estados Unidos, e afirmou que o convite de Trump de anexar o Canadá aos EUA está na busca de um acordo sobre tarifas que proteja a indústria estadunidense da concorrência canadense sem afetar as vantagens que os produtos de empresas sediadas nos Estados Unidos encontram no país vizinho nem a importação de gás e petróleo canadense.Por meio de contrato, a China hoje controla dois portos no canal, o que tem trazido vantagens para o fluxo de mercadorias chinesas e, também, coloca a China em posição privilegiada para a coleta de informações sobre trânsito no canal.
https://noticiabrasil.net.br/20250113/fala-de-trump-sobre-groenlandia-e-tentativa-de-forcar-submissao-de-outros-paises-diz-ex-diplomata-38091297.html
https://noticiabrasil.net.br/20250113/ex-premie-do-canada-apela-que-os-paises-ameacados-por-trump-se-unam-38084525.html
estados unidos
china
groenlândia
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/0c/1a/37872144_171:0:2902:2048_1920x0_80_0_0_20bf3f79cb018c9e80060a37c0337568.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
economia, rússia, américas, donald trump, estados unidos, china, groenlândia, universidade federal fluminense (uff), organização do tratado do atlântico norte, uff, exclusiva, acordo de livre comércio da américa do norte (nafta), otan
economia, rússia, américas, donald trump, estados unidos, china, groenlândia, universidade federal fluminense (uff), organização do tratado do atlântico norte, uff, exclusiva, acordo de livre comércio da américa do norte (nafta), otan
Ameaças de Trump visam gerar instabilidades benéficas para setores como a indústria bélica dos EUA
15:52 15.01.2025 (atualizado: 18:01 15.01.2025) Especiais
As recentes e polêmicas declarações intervencionistas do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, têm objetivos específicos para beneficiar setores da economia do país, entre elas a indústria bélica e a de petróleo e gás.
Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil avaliaram que, apesar das ameaças de intervenções e do uso da força, Trump deve repetir as medidas adotadas no primeiro mandato, em 2018, com foco na desregulamentação ambiental, na guerra comercial, na imposição tarifária e no endurecimento da política migratória.
Já as bravatas, vindas de uma das maiores potências mundiais, têm outros fins: gerar instabilidades no cenário geopolítico mundial que resultem em lucros para as indústrias norte-americanas que Trump representa.
"Todo cenário de instabilidade terá impacto sobre a economia internacional. Mas existem setores do capital, como a indústria bélica e toda a cadeia produtiva que a cerca, que se beneficiam, até certo ponto, de instabilidades", comentou o professor de história da América na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Rede de Estudos dos Estados Unidos, Roberto Moll Neto.
Essa instabilidade pode gerar perda de confiança nos Estados Unidos, ponderou, mas alimentar outros candidatos de extrema-direita na Europa e na América Latina e conseguir apoio internacional para pressionar a União Europeia (UE), o Panamá e o Canadá.
Pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutor em relações internacionais,
Pedro Allemand Mancebo Silva destacou que a atual retórica trumpista também
favorece as big techs.
"É boa para os eleitores do Vale do Silício que estão apostando que conseguem direcionar a administração Trump para seus interesses por meio de concessões, como vimos nas vergonhosas, mas nada surpreendentes, adesões de Elon Musk e Mark Zuckerberg à ideologia e à administração trumpista", comentou ele.
Além disso, complementou que
muito do que Trump fala e faz "tem um elemento de performance, de showman e dessa postura de 'macho' que ele cultiva como parte de sua reputação".
Na opinião de Silva, a estratégia de mobilização política dos trumpistas tem a desinformação e o alarde como ferramentas para engajar adeptos e apoiadores, criando um senso de pertencimento e comunidade e de uma agenda política a ser implementada.
"Essa função catalisadora trouxe não só sucessos eleitorais, com Trump levando a presidência e a maioria nas duas casas do Legislativo dos EUA, mas também tem tido impactos nacionais e locais em termos de políticas públicas."
Dentre as promessas plausíveis, Moll Neto considerou a
mais grave o projeto de perseguição e
deportação de imigrantes, por ser mais factível e ter impacto profundo na vida de centenas de milhares de pessoas, inclusive latinos que nasceram nos Estados Unidos.
"Além disso, traz impactos sobre a economia dos Estados Unidos e de países na América Latina, especialmente no México e na América Central", acrescentou.
Já para Silva, a declaração mais grave do futuro presidente diz respeito ao retrocesso da política ambiental dos EUA.
"Enfrentar a mudança climática, mitigar seus efeitos, mas também buscar revertê-los é o principal desafio que a humanidade enfrenta neste momento. Um presidente abertamente negacionista, apoiado por negacionistas, com uma agenda negacionista, é a receita para vários ecocídios", opinou ele.
A expansão da produção de combustíveis fósseis nos EUA tende a aumentar nos próximos anos, apostou o especialista, "inclusive sobre áreas protegidas como o Artic National Wildlife Refuge, no norte do Alasca".
Ele lembrou que, no primeiro mandato, Trump flexibilizou a legislação ambiental e liberou licenças de exploração de petróleo em área protegida. O feito deve se repetir no segundo mandato e agravar a crise climática em prol do enriquecimento das companhias americanas de petróleo e gás.
"Isso também é um baque para esforços de transição ecológica mundo afora, uma vez que empresas de energia baseadas nos EUA — e que têm muitos ativos e negócios nos ramos da geração e do desenvolvimento de energias limpas — podem redirecionar seus esforços para a continuidade da exploração de combustíveis fósseis, diminuindo os estímulos e a disponibilidade de capitais para projetos ligados à transição ecológica."
Moll Neto lembrou que, das muitas promessas que Trump fez na primeira gestão, ele efetivamente cumpriu algumas, como a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a perseguição, o encarceramento e a deportação de aproximadamente 1,5 milhão de imigrantes.
Como promessas cumpridas parcialmente, podemos destacar a proposta de renegociar acordos comerciais para colocar os Estados Unidos em uma posição mais favorável no comércio internacional, como o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), que resultou no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês).
Na economia, Silva disse que Trump deve renovar ações do primeiro governo, como cortes de impostos para os mais ricos e a imposição de tarifas aduaneiras, visando fortalecer a indústria norte-americana, cujas consequências foram o aumento de preços ao consumidor e a guerra comercial com a China.
A guerra comercial com a China, contudo, não provocou os resultados prometidos, analisou o professor da UFF.
Assim como prometeu acabar com o conflito na Ucrânia e na Faixa de Gaza tão logo assuma, Trump também afirmou no primeiro mandato que acabaria com os conflitos no Afeganistão e no Iraque. Reduziu o número de tropas estadunidenses nesses países e arquitetou a retirada completa do Afeganistão, que foi concretizada de forma quase improvisada nos primeiros dias do governo Biden, lembrou o professor da UFF.
"Como promessa não cumprida, podemos lembrar que Trump afirmou que conseguiria pôr fim a guerras no Oriente Médio e acabar com a influência do Irã na região."
A anexação da Groenlândia, proposta por Trump, é uma estratégia de pressão para aumentar a presença dos EUA no território. Atualmente, a defesa da Groenlândia é custeada pela Dinamarca e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Existe um receio de que
China ou Rússia aumentem a presença na região, seja para explorar recursos e/ou estabelecer posições militares. Portanto, as falas de Trump visam pressionar a Dinamarca e a União Europeia para aumentar os gastos próprios com a defesa da Groenlândia, o que indiretamente favorecerá a indústria bélica estadunidense e concederá direitos de exploração a companhias transnacionais afinadas ao governo Trump", esclareceu a professora da UFF.
Ambos os entrevistados descartaram qualquer possibilidade de uso da força por parte dos EUA, pois prejudicaria as relações com a UE e acarretaria custos dispendiosos para a população norte-americana.
"As falas sobre comprar a Groenlândia não só remontam a uma iniciativa estratégica americana que só se encerrou após a Segunda Guerra Mundial e a instalação de uma base aérea permanente na Groenlândia — a base aérea de Thule —, mas também a uma vontade de expandir a presença americana no Atlântico Norte", acrescentou Silva.
Segundo ele, as declarações de Trump já surtiram o efeito pretendido pelo futuro mandatário que recebeu a oferta do governo da Dinamarca de expandir a presença militar dos EUA na colônia: "Ou seja, ele já conseguiu algo que é do interesse dos EUA só por meio das bravatas", disse o pesquisador da PUC-Rio.
Os Estados Unidos já
tentaram comprar a Groenlândia em algumas ocasiões devido à riqueza do solo em
minério, petróleo e gás, incluindo minérios fundamentais para a produção de chips, baterias e componentes tecnológicos, "fundamentais para setores que apoiaram decisivamente a campanha de Trump".
Rota estratégica para os EUA, o canal do Panamá tem cerca de 6% do comércio internacional passando por ele e 12% a 15% do fluxo de mercadorias vêm do país norte-americano.
"Além disso, o canal é fundamental para a defesa estadunidense, por ocasião da necessidade de transportar efetivos terrestres e navais de forma rápida entre o Atlântico e o Pacífico. Trump quer pressionar o governo panamenho a conter ou extinguir a presença chinesa no canal do Panamá", explicou Moll Neto.
O pesquisador também opinou ser "pouco factível" que
o Canadá se torne o 51º estado dos Estados Unidos, e afirmou que o convite de Trump de anexar o Canadá aos EUA está na busca de um acordo sobre tarifas que proteja a indústria estadunidense da concorrência canadense sem afetar as vantagens que os produtos de empresas sediadas nos Estados Unidos encontram no país vizinho nem a importação de gás e petróleo canadense.
Por meio de contrato, a China hoje controla dois portos no canal, o que tem trazido vantagens para o fluxo de mercadorias chinesas e, também, coloca a China em posição privilegiada para a coleta de informações sobre trânsito no canal.
"Soma-se a isso a insatisfação estadunidense, com o aumento de custos sobre o transporte de cargas no canal. O desfecho é difícil de prever. A retomada do controle à força, neste momento, parece improvável. Envolveria, inclusive, um atrito com a China. Não parece haver disposição da sociedade civil e de parte do congresso em apoiar uma aventura como essa", disse o professor da UFF.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).