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Análise: Netanyahu mantém ataques a Gaza após cessar-fogo para agradar a ala radical de sua coalizão
Análise: Netanyahu mantém ataques a Gaza após cessar-fogo para agradar a ala radical de sua coalizão
Sputnik Brasil
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que o primeiro-ministro israelense tenta manter o apoio de radicais de sua coalizão... 16.01.2025, Sputnik Brasil
2025-01-16T17:07-0300
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O grupo palestino Hamas e Israel anunciaram um acordo de cessar-fogo na última quarta-feira (5), após mais de um ano de confronto na Faixa de Gaza. A notícia da ratificação do acordo foi veiculada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nas redes sociais.Embora celebrado pelas populações israelense e palestina, o acordo, no entanto, foi anunciado com alguns pontos pendentes, e é esperado para entrar em vigor no domingo (19).O acordo prevê que nove reféns israelenses feridos ou doentes serão libertados em troca de 110 prisioneiros palestinos sentenciados à prisão perpétua em Israel. Outros 33 reféns serão libertados em troca de outros mil prisioneiros palestinos nativos da Faixa de Gaza, estando excluídos aqueles envolvidos nos eventos de 7 de outubro de 2023.Ademais, o pacto prevê que Israel reduzirá gradualmente sua presença no Corredor Filadélfia, localizado na fronteira com o Egito, e retirará suas forças dos centros populacionais e as direcionará para as áreas de fronteira. Haverá, ainda, um aumento na entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e a reconstrução de hospitais e outros centros de saúde.Porém, nesta quinta-feira (16), Israel realizou novos bombardeios em Gaza, que deixaram pelo menos 80 mortos.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas analisam os termos do acordo e se ele conseguirá, de fato, dar fim ao conflito no Oriente Médio.Karina Calandrin, professora de relações internacionais do Ibmec, afirma que a explicação oficial para o ataque ter sido realizado, mesmo após o anúncio, é de que o pacto somente entrará em vigor no dia 19. No entanto, ela enfatiza que os ataques podem ser uma forma de agradar a base extremista da coalizão de governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que era contra o acordo e é crucial para impedir a queda do governo do premiê, alvo de denúncias de corrupção.Ela afirma que o mesmo ocorre em relação à decisão de Netanyahu de suspender a reunião de seu gabinete para discutir o acordo e afirmar que não vai assinar o pacto. Ela considera que o acordo será assinado, mas que o primeiro-ministro israelense traça dois discursos: um externo e outro interno direcionado a agradar a ala extremista."O acordo vai ser assinado porque há muita pressão internacional. Inclusive há pressão agora do Donald Trump, que vai ser empossado segunda-feira e tem uma relação diferente com Netanyahu do que Joe Biden. É uma relação, inclusive, pessoal. Trump tem um controle sobre Netanyahu que Biden não tem em hipótese alguma. Por isso, a situação chegou ao que nós vemos, de total tragédia humanitária, de crimes de guerra, porque os EUA não conseguiram controlar a ação de Netanyahu e de Israel."Ela acrescenta que há, ainda, a pressão da população israelense, citando uma pesquisa divulgada na quarta-feira, na qual 70% dos entrevistados e mais de 56% dos eleitores de Netanyahu afirmaram ser a favor do acordo.Ela destaca ainda que as declarações de Trump, de que o cessar-fogo tinha de sair antes de ele tomar posse, também tiveram um papel nesse contexto."Então, na verdade, por isso que o início [do cessar-fogo] vai ser dia 19, que é exatamente um dia antes da posse do Trump. Então eu acho que Netanyahu está jogando para a galera [para a opinião pública interna e externa] exatamente para agradar esses aliados políticos dele, que ele não pode perder e que são muito extremistas."Ela frisa que a pressão da sociedade israelense é agravada por conta dos termos do acordo, uma vez que a primeira fase do pacto determina o retorno de 33 reféns israelenses, parte deles viva e parte morta. Porém, ela afirma que não se sabe quanto do total está vivo ou morto nem suas identidades.Para Marcos Feres, brasileiro-palestino e secretário de comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), os bombardeios de Israel de quarta-feira são parte do que ele chama de projeto de aniquilação do povo palestino, em vigor desde a fundação de Israel. Por isso, ele considera que o acordo de cessar-fogo não acabará com os ataques."Fica muito claro que, mesmo que esse acordo de cessar-fogo entre em vigor a partir do domingo ou nos próximos dias, ele muito provavelmente será violado de novo, e eu particularmente não acredito que a gente chegará a ver a implementação da segunda fase do acordo. É um acordo dividido em três fases e nenhuma delas prevê, de fato, se endereçar uma solução política justa e duradoura para a questão palestina", afirma.Sobre a disputa entre o atual presidente dos EUA, Joe Biden, e Trump sobre quem foi o responsável pelo acordo, e se houve demora dos EUA para pressionar pelo pacto, Feres afirma que o acordo "foi apresentado, sem tirar nem pôr, em maio de 2024".
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Análise: Netanyahu mantém ataques a Gaza após cessar-fogo para agradar a ala radical de sua coalizão
17:07 16.01.2025 (atualizado: 17:59 16.01.2025) Especiais
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que o primeiro-ministro israelense tenta manter o apoio de radicais de sua coalizão para se manter no poder e frisam que o pacto de cessar-fogo celebrado entre as partes já estava na mesa desde maio do ano passado, sem ser assinado.
O
grupo palestino Hamas e Israel anunciaram um acordo de cessar-fogo na última quarta-feira (5),
após mais de um ano de confronto na Faixa de Gaza. A
notícia da ratificação do acordo foi veiculada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nas redes sociais.
Embora celebrado pelas populações israelense e palestina, o acordo, no entanto, foi anunciado com alguns pontos pendentes, e é esperado para entrar em vigor no domingo (19).
O acordo prevê que nove reféns israelenses feridos ou doentes serão libertados em troca de 110 prisioneiros palestinos sentenciados à prisão perpétua em Israel. Outros 33 reféns serão libertados em troca de outros mil prisioneiros palestinos nativos da Faixa de Gaza, estando excluídos aqueles envolvidos nos eventos de 7 de outubro de 2023.
Ademais, o pacto prevê que Israel reduzirá gradualmente sua presença no Corredor Filadélfia, localizado na fronteira com o Egito, e retirará suas forças dos centros populacionais e as direcionará para as áreas de fronteira. Haverá, ainda, um aumento na entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e a reconstrução de hospitais e outros centros de saúde.
Porém, nesta quinta-feira (16), Israel realizou novos bombardeios em Gaza, que deixaram pelo menos 80 mortos.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas analisam os termos do acordo e se ele conseguirá, de fato, dar fim ao conflito no Oriente Médio.
Karina Calandrin, professora de relações internacionais do Ibmec, afirma que a explicação oficial para o ataque ter sido realizado, mesmo após o anúncio, é de que o pacto somente entrará em vigor no dia 19. No entanto, ela enfatiza que os ataques podem ser uma forma de agradar a base extremista da coalizão de governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que era contra o acordo e é crucial para impedir a queda do governo do premiê, alvo de denúncias de corrupção.
"Apesar de o premiê Benjamin Netanyahu ter acordado com isso e o partido dele — que é o Likud, que é o partido que tem maioria no parlamento na coalizão — ter aceitado também, os partidos de extrema-direita, por exemplo, não estão a favor desse acordo. […] Acredito que esses ataques também sejam uma forma de agradar essa ala extremista que não queria os acordos e uma forma de garantir que o governo não caia agora", analisa.
Ela afirma que o mesmo ocorre em relação à decisão de Netanyahu de suspender a reunião de seu gabinete para discutir o acordo e afirmar que não vai assinar o pacto. Ela considera que o acordo será assinado, mas que o primeiro-ministro israelense traça dois discursos: um externo e outro interno direcionado a agradar a ala extremista.
"O acordo vai ser assinado porque há muita pressão internacional. Inclusive há pressão agora do Donald Trump, que vai ser empossado segunda-feira e tem uma relação diferente com Netanyahu do que Joe Biden. É uma relação, inclusive, pessoal. Trump tem um controle sobre Netanyahu que Biden não tem em hipótese alguma. Por isso, a situação chegou ao que nós vemos, de total tragédia humanitária, de crimes de guerra, porque os EUA não conseguiram controlar a ação de Netanyahu e de Israel."
Ela acrescenta que há, ainda, a pressão da população israelense, citando uma pesquisa divulgada na quarta-feira, na qual 70% dos entrevistados e mais de 56% dos eleitores de Netanyahu afirmaram ser a favor do acordo.
"Então há uma pressão grande também da sociedade israelense para que o acordo seja assinado. […] Acho que é um pouco esse quadro que, obviamente, para a opinião pública internacional, não é bom. Mas Netanyahu não se importa tanto com isso. A maior importância dele é se manter no poder."
Ela destaca ainda que as declarações de Trump, de que o cessar-fogo tinha de sair antes de ele tomar posse, também tiveram um papel nesse contexto.
"Então, na verdade, por isso que o início [do cessar-fogo] vai ser dia 19, que é exatamente um dia antes da posse do Trump. Então eu acho que Netanyahu está jogando para a galera [para a opinião pública interna e externa] exatamente para agradar esses aliados políticos dele, que ele não pode perder e que são muito extremistas."
Ela frisa que a pressão da sociedade israelense é agravada por conta dos termos do acordo, uma vez que a primeira fase do pacto determina o retorno de 33 reféns israelenses, parte deles viva e parte morta. Porém, ela afirma que não se sabe quanto do total está vivo ou morto nem suas identidades.
"Isso gera nas famílias uma ansiedade que eu não consigo nem imaginar […]. Será que o meu parente vai voltar? Será que ele vai estar vivo ou vai estar morto? Qual é o estado que ele vai estar? Ele vai estar bem de saúde ou não? Não se sabe nada. Então é uma ansiedade. E agora o governo sinaliza dessa maneira de que talvez não assine o acordo. Então é uma ansiedade inimaginável para essas famílias e, novamente, protestos estão acontecendo."
Para Marcos Feres, brasileiro-palestino e secretário de comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), os bombardeios de Israel de quarta-feira são parte do que ele chama de projeto de
aniquilação do povo palestino, em vigor desde a fundação de Israel. Por isso,
ele considera que o acordo de cessar-fogo não acabará com os ataques.
"Fica muito claro que, mesmo que esse acordo de cessar-fogo entre em vigor a partir do domingo ou nos próximos dias, ele muito provavelmente será violado de novo, e eu particularmente não acredito que a gente chegará a ver a implementação da segunda fase do acordo. É um acordo dividido em três fases e nenhuma delas prevê, de fato, se endereçar uma solução política justa e duradoura para a questão palestina", afirma.
Sobre a disputa entre o atual presidente dos EUA, Joe Biden, e Trump sobre quem foi o responsável pelo acordo, e se houve demora dos EUA para pressionar pelo pacto, Feres afirma que o acordo "foi apresentado, sem tirar nem pôr, em maio de 2024".
"É o mesmo acordo que a resistência palestina já havia concordado, o mesmo acordo que foi aprovado no Conselho de Segurança da ONU e que deveria ter sido implementado a despeito do que queriam os israelenses ou não. Esse acordo foi o que Biden colocou como a grande solução […]. Assim, é interessante observar como é que então a gente está celebrando ou efetivamente achando interessante um acordo que está na mesa desde maio do ano passado."
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