Após abrir mão do gás russo, armazenamento de gás da Europa ameaça perdas de € 3 bilhões, diz mídia
11:13 11.02.2025 (atualizado: 11:22 11.02.2025)
© Sputnik / Grigoriy Vasilenko / Acessar o banco de imagensUm cano na estação de medição de gás de Sudzha, na região de Kursk
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Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, a União Europeia (UE) rompeu unilateralmente as transações energéticas com Moscou e viu seus estoques de gás natural enfrentarem alta de preços e uma queda drástica na região.
A rede de armazenamento de gás na UE é a segunda maior do mundo, depois dos EUA, e se tornou um amortecedor importante contra choques de fornecimento e picos de preços. Assim que Bruxelas decidiu reduzir o fluxo de gás de Moscou, a UE evitou uma crise de fornecimento no inverno (Hemisfério Norte), diminuindo a demanda e aumentando as importações de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, Catar e até da Rússia.
No entanto, 2025 pode trazer novos desafios. Condições climáticas adversas fizeram a Europa queimar suas reservas de gás mais rapidamente e os spreads de preços sazonais tornaram antieconômico reabastecer os estoques no verão (Hemisfério Norte). Um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia poderia reativar o trânsito de gás, mas é incerto se a UE voltaria a importar gás russo apesar da disponibilidade de Moscou.
A Europa depende de seus estoques de gás no inverno, quando o consumo dobra devido à necessidade de aquecimento. Fornecedores como Noruega, Argélia, Catar e EUA aumentam a produção, mas isso não é suficiente para atender à demanda. O gás armazenado cobre cerca de 30% das necessidades diárias do bloco no período mais frio do ano, podendo chegar a 50% nos dias com temperaturas mais baixas, especialmente se a produção de eletricidade de fontes renováveis cair.
No verão a situação se inverte, com menor demanda diária de gás. A demanda de energia para condicionadores de ar é relativamente baixa na Europa. Mesmo com a produção global caindo devido a manutenção, há excesso de oferta que pode ser injetado em locais subterrâneos. O volume exato depende dos preços do gás e da demanda em outras regiões, como Ásia e América Latina. Na prática, existe um déficit de aproximadamente € 3 bilhões (cerca de R$ 17,8 bilhões) entre comprar no verão e vender no inverno para todo o gás que a Europa pode precisar adicionar ao seu armazenamento para atingir sua meta de 90% segundo cálculos da Bloomberg.
Com o conflito ucraniano, a UE introduziu metas obrigatórias de armazenamento de gás a partir de 2022 para garantir a segurança do fornecimento. Os estoques devem estar pelo menos 90% cheios até 1º de novembro, com marcos intermediários ao longo do ano. Alguns países, no entanto, não atingiram suas metas em fevereiro deste ano, mas a UE ainda não estabeleceu punições por isso.
A Comissão Europeia discutiu estender as metas de armazenamento de gás além de 2025, possivelmente até 2027. Alguns Estados-membros, como Alemanha, Itália e Países Baixos, consideram limites mais relaxados para aliviar a pressão sobre a temporada de reabastecimento de verão. Segundo a Bloomberg, a preocupação com os níveis de armazenamento de gás em 2025 aumentou devido ao rápido esgotamento das reservas durante o inverno de 2024-2025.
Embora ainda não haja ameaça imediata de falta de gás, o ritmo de recarga dos estoques para o próximo inverno preocupa. Autoridades têm lutado para atingir suas metas de estoque, com a Itália pressionando por uma antecipação e a Alemanha discutindo subsídios. O aumento nos preços dos contratos de gás de verão e os preços de curto prazo elevados prolongam a dor para famílias e empresas, com riscos de recessão voltando ao foco da discussão.
No final de 2024, o acordo de trânsito de gás russo pela Ucrânia expirou e é improvável que a Europa retorne ao nível de importações de gás russo visto antes do conflito. Para garantir o acesso ao importante combustível, a UE firmou acordos com fornecedores alternativos e tem apostado em eliminar a dependência de combustíveis fósseis, especialmente os russos, até 2027.