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Te vira! 'Desprezo de Trump' força Europa a arcar com custos, embora continente já pague a conta

© AP Photo / Alex BrandonO presidente dos EUA, Donald Trump, sorri enquanto o empresário Elon Musk fala no Salão Oval da Casa Branca, 11 de fevereiro de 2025
O presidente dos EUA, Donald Trump, sorri enquanto o empresário Elon Musk fala no Salão Oval da Casa Branca, 11 de fevereiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 17.02.2025
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Iniciando um novo momento nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia, criando caminhos antes apagados e uma "repetição" do que foi o seu primeiro mandato, Donald Trump impõe à Europa o cumprimento do seu papel por anos posto no colo da nação norte-americana.
Recentemente, o presidente dos EUA resolveu iniciar conversas com o líder russo, Vladimir Putin, para tentar chegar a uma solução política para o conflito ucraniano, alimentado por Washington e seus parceiros europeus desde o início da operação especial lançada pela Rússia em 2022.
Com os avanços das conversas e com as ligações se tornando públicas, a Europa vive a expectativa de uma repetição do que viu no primeiro mandato de Trump na Casa Branca: uma postura supostamente mais isolacionista que impõe aos europeus mais responsabilidade pela defesa e segurança da sua própria região, arcando com seus próprios custos.
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Essa é a avaliação de Tito Livio Barcellos Pereira, mestre em estudos estratégicos de defesa e segurança e membro pesquisador do Centro de Investigação sobre Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), que, em entrevista à Sputnik Brasil, avaliou que os movimentos de Trump se dão no sentido de demonstrar que os EUA têm maior "responsabilidade e peso" na negociação do conflito ucraniano neste momento.

A partir de agora, "os europeus terão o grande desafio de mostrar força e unidade para conseguir colocar à mesa as [suas] pretensões".

Coesão deve pesar em decisões da UE

A mestre em estudos estratégicos internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em geopolítica do Oriente Médio Tatiana Garcia sublinhou à reportagem que, já fragilizada pelos custos do apoio à Ucrânia e das sanções à Rússia, a Europa "enfrentará desafios para retaliar diretamente" os EUA por não ter sido incluída por Trump nas negociações.
A resposta, segundo Tatiana, dependerá da coesão da União Europeia (UE), podendo haver dois cenários:
um de fragmentação, com divisões internas que dificultariam uma ação unificada, enfraquecendo a posição do bloco;
outro de autonomia estratégica, em que a UE poderia acelerar projetos de defesa comum (como a Cooperação Estruturada Permanente, Pesco, na sigla em inglês) e reduzir a dependência dos EUA, buscando parcerias alternativas (ex.: reforço de laços com a Ásia ou atores regionais).
"A longo prazo, o desprezo de Trump pode catalisar uma Europa mais independente, mas isso exigirá investimentos significativos e superação de divergências internas", arrematou a pesquisadora.
Na análise de Garcia, a conta pelo apoio a Kiev já está sendo paga majoritariamente pelos europeus.

"Tanto em ajuda militar (R$ 196 bilhões da UE até 2024) quanto em impactos econômicos (como a crise energética pós-sanções à Rússia). Os EUA contribuíram substancialmente (R$ 375 bilhões até 2023), contudo, sob o novo governo Trump, tal apoio já não ocorre. Fala-se muito no uso de ativos russos congelados para amortizar os gastos da Europa, mas tal opção é juridicamente complexa", explicitou.

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Relação aquém

"Ao contrário do que se pensou em março de 2022, quando o conflito encontrou um momento mais intenso, é perceptível que a coesão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que se esperava dentro do conflito ucraniano, a visão de que o Putin tinha dado uma ressignificação à Aliança Atlântica [gerando maior unidade e mais eficiência], ela ocorreu de maneira aquém do resultado previsto", ponderou Pereira.

Para Garcia, embora a desconfiança cresça, "a transição para uma Europa totalmente autônoma será lenta, dada a falta de infraestrutura de defesa unificada e divergências políticas internas". O retorno de Trump à presidência dos EUA, segundo avaliou a especialista, força a Europa a repensar sua dependência estratégica de Washington.
"A capacidade de resposta do bloco dependerá de sua união e investimento em autonomia, enquanto os custos do apoio à Ucrânia recairão principalmente sobre os europeus."
Com clivagens sociais internas e um acúmulo de responsabilidades internacionais, os Estados Unidos passaram a exigir maior comprometimento de seus aliados. Segundo o pesquisador do CIRE, "seria preciso delegar mais responsabilidade aos aliados, delegar mais empenho e engajamento".
No entanto a União Europeia, apesar de buscar maior autonomia, enfrenta dificuldades para concretizar uma estrutura de defesa independente. "O projeto é muito tímido e praticamente nunca saiu do papel", destacou.
"Os americanos não abrirão mão de sua presença militar no continente europeu, assim como os europeus não querem se desligar totalmente dessa segurança", disse o especialista, lembrando que "as relações internacionais não são baseadas em amizade, mas em interesses".
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