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Timor-Leste pode ser trampolim para alavancar exportações e influência do Brasil na Ásia; entenda
Timor-Leste pode ser trampolim para alavancar exportações e influência do Brasil na Ásia; entenda
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"Grande armazém" do Brasil na Ásia. Com essas palavras o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, sugeriu que seu país pode atender e muito aos interesses... 22.05.2025, Sputnik Brasil
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Ramos-Horta sinalizou que Díli tem interesse em receber investimentos brasileiros, e em troca Brasília poderia dinamizar a exportação de seus produtos para o continente asiático através do país.De acordo com especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, Timor-Leste pode ser chave para potencializar não apenas as exportações, como também a presença geopolítica brasileira na região, sobretudo por ser o único país asiático de língua portuguesa.Para o professor de direito público da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eduardo Manuel Val, especializado em relações internacionais, a comunidade dos países de língua portuguesa oferece uma gama de possibilidades para o Brasil.Ele sublinha que, desde o ano passado, Timor-Leste é integrante observador da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), organização econômica de integração que inclui países como Tailândia e Indonésia, este uma das grandes potências do continente e atual membro do BRICS, dentro da última composição do grupo.A intensificação da parceria entre os dois países vislumbra ainda uma diversificação ampla das exportações brasileiras, atualmente muito focadas na China, observa:"A Indonésia tem um mercado de mais de 300 milhões de pessoas, então você imagina a quantidade de oportunidades que temos. Timor-Leste fica muito próximo geograficamente, com uma plataforma não só para produtos do agronegócio, como também para produtos de valor agregado", diz Val.O país asiático pode servir também de base para escoar commodities importantes, de setores da indústria em que o Brasil é competitivo, pontua ele.A proximidade do idioma permite ainda que o país asiático ajude brasileiros a entenderem melhor a identidade própria dos processos empresariais, da gestão e da cultura comercial do Sudeste Asiático:O professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Bruno Hendler também destaca que o Brasil deveria aproveitar mais a herança histórica, cultural e linguística compartilhada com as ex-colônias portuguesas, os países lusófonos. E no caso de Timor-Leste o investimento do Brasil "é algo muito limitado perto do potencial que Díli pode oferecer em termos de localização, de comércio com o restante da Ásia", comenta.Entretanto, do ponto de vista comercial, o fato de Timor-Leste não ser país-membro da ASEAN, apenas observador, trava uma perspectiva de negócios mais ampla para o Brasil, avalia:O segundo entrave, pondera o professor, é a precária infraestrutura."A não adesão à ASEAN e a não existência de uma infraestrutura pronta e plena para ser explorada por empresas brasileiras são os dois principais gargalos para o Brasil explorar de uma forma mais satisfatória a relação com Timor-Leste", opina.Os historiadores lembram que a independência de Portugal, em 1975, e a posterior ocupação pela Indonésia, até cerca de 30 anos, traz até hoje desafios, mas também possibilidades únicas de reconstrução de identidade, sendo a língua portuguesa o elemento central. E o Brasil, de acordo com Eduardo Manuel Val, tem contribuído nesse processo:Na opinião do especialista, o Brasil pode ajudar ainda mais, na construção de moradias populares, no estabelecimento de telecomunicações, de infraestrutura, como na área portuária, entre outras frentes.Hendler endossa a afirmativa. E o Brasil já percebeu isso, argumenta, ao mencionar que embaixadas brasileiras foram abertas em praticamente todos os países da ASEAN, além de escritórios de empresas brasileiras ligadas à exportação de alimentos, principalmente.Para Hendler, falta que empresas estatais brasileiras, como a Embrapa, levem seu know-how, além de projetos que colocariam o Brasil na condição que ele chama de "exportador de auxílio internacional", uma carta importante na diplomacia e nas relações internacionais, na opinião do professor."Acho que esse é um caminho, um caminho de compartilhamento de tecnologia, mas muito porque a relação é assimétrica. […] não é que o Brasil não tenha o que aprender com Timor-Leste, mas acho que tem muito mais a contribuir. […] é uma forma de você construir uma esfera de influência."O país é, portanto, uma ponte para a projeção do Brasil também na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), segundo ele. "Então você se aproximar de países como Timor-Leste, de grão em grão, vai ampliando ainda mais o prestígio que a diplomacia brasileira já tem."
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Timor-Leste pode ser trampolim para alavancar exportações e influência do Brasil na Ásia; entenda
03:00 22.05.2025 (atualizado: 18:13 23.05.2025) Especiais
"Grande armazém" do Brasil na Ásia. Com essas palavras o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, sugeriu que seu país pode atender e muito aos interesses comerciais do Estado brasileiro, em recente entrevista ao podcast brasileiro Xadrez Verbal.
Ramos-Horta
sinalizou que Díli tem interesse em receber investimentos brasileiros, e em troca Brasília poderia dinamizar a exportação de seus produtos para o continente asiático através do país.
De acordo com especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, Timor-Leste pode ser chave para potencializar não apenas as exportações, como também a presença geopolítica brasileira na região, sobretudo por ser o único país asiático de língua portuguesa.
Para o professor de direito público da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eduardo Manuel Val, especializado em relações internacionais, a comunidade dos países de língua portuguesa oferece uma gama de possibilidades para o Brasil.
"A diplomacia pode utilizar a língua portuguesa como forma de aproximação e projeção de uma produção cultural e econômica importante que o Brasil tem. A imagem e a identidade do Brasil são fortes e devem utilizar o português como forma de fortalecer e consolidar essa identidade e essa imagem que são próprias, específicas, que individualizam o Brasil dentro do contexto global."
Ele sublinha que, desde o ano passado, Timor-Leste é integrante observador da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), organização econômica de integração que inclui países como Tailândia e Indonésia, este uma das grandes potências do continente e atual membro do BRICS, dentro da última composição do grupo.
"A ASEAN, que hoje congrega 11 países da região, nos permite estar presentes em um cenário em que podemos estar dialogando de forma clara, com muitas oportunidades para o Brasil, com países como Filipinas, Tailândia, o próprio Vietnã, que é um dos novos Tigres Asiáticos de maior crescimento […]. O Pacífico se transformou hoje em um eixo de comércio internacional interessantíssimo. Então o Brasil, através de suas diversas iniciativas em geopolítica e sua presença em diversos cenários, tem o que procura em Timor-Leste, um país superinteressante para estabelecer a sua presença, justamente a partir da língua portuguesa."
A intensificação da parceria entre os dois países vislumbra ainda uma diversificação ampla das exportações brasileiras, atualmente
muito focadas na China, observa:
"A Indonésia tem um mercado de mais de 300 milhões de pessoas, então você imagina a quantidade de oportunidades que temos. Timor-Leste fica muito próximo geograficamente, com uma plataforma não só para produtos do agronegócio, como também para produtos de valor agregado", diz Val.
O país asiático pode servir também de base para escoar commodities importantes, de setores da indústria em que o Brasil é competitivo, pontua ele.
A proximidade do idioma permite ainda que o país asiático ajude brasileiros a entenderem melhor a identidade própria dos processos empresariais, da gestão e da cultura comercial do Sudeste Asiático:
"Ou seja, são culturas […] que têm uma gestão comercial e empresarial diferenciada e um mercado financeiro extremamente interessante, que não utilizamos […] de forma a poder tirar maior proveito."
O professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Bruno Hendler também destaca que o Brasil deveria aproveitar mais a herança histórica, cultural e linguística compartilhada com as ex-colônias portuguesas, os países lusófonos. E no caso de Timor-Leste o investimento do Brasil "é algo muito limitado perto do potencial que Díli pode oferecer em termos de localização, de comércio com o restante da Ásia", comenta.
Entretanto, do ponto de vista comercial, o fato de Timor-Leste não ser país-membro da ASEAN, apenas observador, trava uma perspectiva de negócios mais ampla para o Brasil, avalia:
"Eles estão no processo de adesão ou não adesão há mais de uma década […]. Se já fosse um membro da ASEAN, seria uma oportunidade melhor ainda para o Brasil, porque a ASEAN tem uma série de tratados de livre comércio com os países da Ásia."
O segundo entrave, pondera o professor, é a
precária infraestrutura.
"A não adesão à ASEAN e a não existência de uma infraestrutura pronta e plena para ser explorada por empresas brasileiras são os dois principais gargalos para o Brasil explorar de uma forma mais satisfatória a relação com Timor-Leste", opina.
Os historiadores lembram que a independência de Portugal, em 1975, e a posterior ocupação pela Indonésia, até cerca de 30 anos, traz até hoje desafios, mas também possibilidades únicas de reconstrução de identidade, sendo a língua portuguesa o elemento central. E o Brasil, de acordo com Eduardo Manuel Val, tem contribuído nesse processo:
"O Brasil participa nos setores fundamentais, na educação de base, na educação técnica profissional e também nos setores da administração pública, formando gestores em Timor-Leste", exemplifica. "Essa presença do Brasil em áreas tão estratégicas, com envio de professores, pessoal da Defensoria Pública da União, por exemplo, vem formando defensores públicos em Timor-Leste há anos, com excelente repercussão, e isso é fundamental para que o Brasil reforce sua imagem como player multilateral."
Na opinião do especialista, o Brasil pode ajudar ainda mais, na construção de moradias populares, no estabelecimento de telecomunicações, de infraestrutura, como na área portuária, entre outras frentes.
Hendler endossa a afirmativa. E o Brasil já percebeu isso, argumenta, ao mencionar que embaixadas brasileiras foram abertas em praticamente todos os países da ASEAN, além de escritórios de empresas brasileiras ligadas à exportação de alimentos, principalmente.
"Essas empresas brasileiras já têm o know-how de exportação para países muçulmanos do Golfo, do Oriente Médio, de uma forma geral, e isso tem sido expandido para a Indonésia, por exemplo, que é o maior país muçulmano do mundo […]. O Sudeste Asiático é muito mais do que uma encruzilhada entre Índia e China; tem um peso considerável nas relações internacionais."
Para Hendler, falta que empresas estatais brasileiras,
como a Embrapa, levem seu know-how, além de projetos que colocariam o Brasil na condição que ele chama de
"exportador de auxílio internacional", uma carta importante na diplomacia e nas relações internacionais, na opinião do professor.
"Acho que esse é um caminho, um caminho de compartilhamento de tecnologia, mas muito porque a relação é assimétrica. […] não é que o Brasil não tenha o que aprender com Timor-Leste, mas acho que tem muito mais a contribuir. […] é uma forma de você construir uma esfera de influência."
O país é, portanto, uma ponte para a projeção do Brasil também na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), segundo ele. "Então você se aproximar de países como Timor-Leste, de grão em grão, vai ampliando ainda mais o prestígio que a diplomacia brasileira já tem."
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