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Estratégia 'paz e amor' de Bolsonaro no STF pode se revelar 'tiro no pé', avaliam analistas
Estratégia 'paz e amor' de Bolsonaro no STF pode se revelar 'tiro no pé', avaliam analistas
Sputnik Brasil
Cauteloso, controlado, conciliador. Com esses adjetivos, a analista ouvida pela Sputnik avaliou o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo... 10.06.2025, Sputnik Brasil
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Com pouco mais de duas horas de duração, as perguntas do ministro Alexandre de Moraes e as respostas de Bolsonaro ocorreram em clima polido, e houve até momentos de descontração, como quando Bolsonaro convidou Moraes, relator do caso e que o tornou inelegível por oito anos em 2023, para ser seu vice nas eleições de 2026.Além de negar todas as denúncias relativas ao seu envolvimento na trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, Bolsonaro também pediu desculpas aos ministros por ter feito acusações sem fundamento no passado.Para a advogada criminal e doutora em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Bruna Martins, ao evitar confrontos, adotar postura respeitosa e negar envolvimento direto em ações golpistas, o ex-presidente reforçou a estratégia de defesa de reduzir tensões com o Supremo e sinalizar estabilidade processual.De acordo com a advogada criminal, a versão comedida de Bolsonaro "e até irreverente" contrastou com o histórico de ataques institucionais, o que reforça a leitura de que ele seguiu uma orientação clara da defesa técnica.A professora de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart concorda e acrescenta à Sputnik Brasil que Bolsonaro "fez um depoimento positivo para estreitar laços com seus admiradores" ao demonstrar respeito às leis e as instituições e enfatizar seu jeito falastrão.Já Bruna Martins, que também é conselheira da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD) e membro da Sociedade dos Advogados Criminais do Estado do Rio de Janeiro (SACERJ), afirmou que Bolsonaro foi orientado a reforçar uma imagem de "excesso de retórica no calor da política", em oposição à imagem de alguém envolvido ativamente em uma conspiração.A advogada comentou ainda que, ao negar o conhecimento da minuta de golpe, contradizendo o assistente de ordens e tenente Mauro Cid, Bolsonaro afastou a narrativa de premeditação, elemento central para configurar a tentativa de golpe.Na opinião de Martins, o interrogatório reposiciona Bolsonaro no tabuleiro político-judicial:Entretanto, pontuou ela, se a Procuradoria-Geral da República (PGR) ou o STF entender que há provas documentais ou testemunhais que confirmem a versão de Cid, isso pode fortalecer a tese acusatória. Caso haja "robustez probatória fora da fala de Bolsonaro, a estratégia de negação poderá se tornar um tiro no pé", ponderou Martins.O mesmo avalia Goulart. Em sua conclusão, judicialmente, o depoimento de Bolsonaro no STF "pode ser negativo", já que o ex-presidente confirmou participação em reuniões e dúvidas quanto ao resultado das urnas. "Mas, em termos políticos, pode ter tido um ganho."Ao lembrar que esta é a primeira vez em que figuras do mais alto escalão do Poder Executivo são formalmente responsabilizadas por planejar a ruptura da ordem constitucional, Martins celebrou o fato de que, independentemente do desfecho do processo, o julgamento é um marco histórico na democracia brasileira.
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Estratégia 'paz e amor' de Bolsonaro no STF pode se revelar 'tiro no pé', avaliam analistas
20:30 10.06.2025 (atualizado: 23:02 10.06.2025) Especiais
Cauteloso, controlado, conciliador. Com esses adjetivos, a analista ouvida pela Sputnik avaliou o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), na ação em que é réu por tentativa de golpe de Estado.
Com pouco mais de duas horas de duração, as perguntas do
ministro Alexandre de Moraes e as respostas de Bolsonaro ocorreram em
clima polido, e houve até momentos de descontração, como quando Bolsonaro convidou Moraes, relator do caso e que o tornou inelegível por oito anos em 2023,
para ser seu vice nas eleições de 2026.
Além de negar todas as denúncias relativas ao seu envolvimento na trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, Bolsonaro também pediu desculpas aos ministros por ter feito acusações sem fundamento no passado.
Para a advogada criminal e doutora em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Bruna Martins, ao evitar confrontos, adotar postura respeitosa e negar envolvimento direto em ações golpistas, o ex-presidente reforçou a estratégia de defesa de reduzir tensões com o Supremo e sinalizar estabilidade processual.
"Não houve um 'grande momento', o que pode ser visto como positivo para a defesa, especialmente considerando que o risco era alto, dado o teor da delação do Mauro Cid", comentou à Sputnik Brasil. "Ele falou com bastante liberdade, sem interrupções ou perguntas mais difíceis, pôde desenvolver sua tese sem a alegação de cerceamento de defesa. Os interrogadores tiveram dificuldade de sair do roteiro e explorar as contradições, facilitando o seu desempenho."
De acordo com a advogada criminal, a versão comedida de Bolsonaro
"e até irreverente" contrastou com o
histórico de ataques institucionais, o que reforça a leitura de que ele seguiu uma
orientação clara da defesa técnica.
"Embora estivesse claramente nervoso, ele foi preparado para o interrogatório […]. Tudo indica que foi uma estratégia muito bem pensada. Essa guinada discursiva busca despolitizar o processo, evitar atritos com o relator Alexandre de Moraes e demonstrar suposto arrependimento, respeito institucional, com uma pitada de ironia."
A professora de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart concorda e acrescenta à Sputnik Brasil que Bolsonaro "fez um depoimento positivo para estreitar laços com seus admiradores" ao demonstrar respeito às leis e as instituições e enfatizar seu jeito falastrão.
"Bolsonaro enfatizou que sempre jogou nas quatro linhas da Constituição e defendeu seu governo quase como uma plataforma eleitoral. Falou que aumentou o Bolsa Família, reduziu os problemas de segurança em 30%, esquecendo que era um período de pandemia. Então acredito que teve esse viés eleitoral, de se apresentar quase como um candidato e renovar vínculos com seus eleitores", disse.
Já Bruna Martins, que também é conselheira da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD) e membro da Sociedade dos Advogados Criminais do Estado do Rio de Janeiro (SACERJ), afirmou que Bolsonaro foi orientado a reforçar uma imagem de "excesso de retórica no calor da política", em oposição à imagem de alguém envolvido ativamente em uma conspiração.
A advogada comentou ainda que, ao negar o conhecimento da minuta de golpe, contradizendo o
assistente de ordens e tenente Mauro Cid, Bolsonaro afastou a narrativa de premeditação,
elemento central para configurar a tentativa de golpe.
Na opinião de Martins, o interrogatório reposiciona Bolsonaro no tabuleiro político-judicial:
"Ele tenta se apresentar como figura institucional, buscando preservar alguma margem de manobra para o futuro, inclusive eleitoral. Mas a resposta concreta do STF virá só após as alegações finais."
Entretanto, pontuou ela, se a
Procuradoria-Geral da República (PGR) ou o STF entender que há provas documentais ou testemunhais que confirmem a versão de Cid, isso pode fortalecer a tese acusatória. Caso haja "robustez probatória fora da fala de Bolsonaro,
a estratégia de negação poderá se tornar um tiro no pé", ponderou Martins.
O mesmo avalia Goulart. Em sua conclusão, judicialmente, o depoimento de Bolsonaro no STF "pode ser negativo", já que o ex-presidente confirmou participação em reuniões e dúvidas quanto ao resultado das urnas. "Mas, em termos políticos, pode ter tido um ganho."
Ao lembrar que esta é a primeira vez em que figuras do mais alto escalão do Poder Executivo são formalmente responsabilizadas por planejar a ruptura da ordem constitucional, Martins celebrou o fato de que, independentemente do desfecho do processo, o julgamento é um marco histórico na democracia brasileira.
"Isso envia uma mensagem clara: a democracia brasileira, apesar de suas fragilidades, amadureceu o suficiente para reagir institucionalmente a ataques internos. E isso não é apenas uma resposta ao passado recente, mas uma construção de precedente para o futuro. O que está em jogo não é apenas a responsabilização penal de alguns indivíduos, mas o valor simbólico de reafirmar que nenhuma autoridade, por mais poderosa que seja, está acima da Constituição."
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