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Instabilidade 'padrão OTAN': conheça as guerras e invasões que tiveram a participação da aliança

© AP Photo / Virginia MayoO secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, e Vladimir Zelensky participam de coletiva de imprensa durante reunião de ministros da Defesa da aliança militar. Bruxelas, 17 de outubro de 2024
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, e Vladimir Zelensky participam de coletiva de imprensa durante reunião de ministros da Defesa da aliança militar. Bruxelas, 17 de outubro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 24.06.2025
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Fundada em abril de 1949 em meio ao fim da Segunda Guerra Mundial sob a liderança dos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) já nasceu sob um DNA intervencionista: impedir tendências nacionalistas na Europa na época e travar a integração soviética. Veja as guerras e invasões que contaram com o apoio da aliança.
Principal aliança política e militar do eixo ocidental criado no contexto da Guerra Fria, a OTAN foi formada inicialmente por 12 países. Além dos Estados Unidos, o grupo era composto por Portugal, Países Baixos, Noruega, França, Canadá, Reino Unido, Dinamarca, Bélgica, Islândia, Itália e Luxemburgo.
A essência da aliança era atuar como um coletivo de defesa mútua caso um de seus membros fosse atacado por outro país, mas ao longo do tempo foi ganhando também outros contornos: o intervencionismo em regiões mundo afora, conforme os interesses moldados, principalmente por Washington. Tanto que o artigo da cláusula de defesa coletiva da OTAN só foi evocado uma vez, quando os Estados Unidos sofreram os atentados de 11 de setembro de 2001, que desencadeou a campanha global para combater o terrorismo, conhecida como Guerra ao Terror.
Ao longo do tempo, a aliança também ganhou a adesão de novos membros e quebrou um pacto crucial para o equilíbrio da ordem mundial: evitar a expansão para o Leste, promessa realizada à Rússia para evitar embates na área de influência de Moscou.
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Que países compõem a OTAN?

Sob a máxima de abertura para "qualquer outro Estado europeu em posição de promover os princípios desse tratado e contribuir para a segurança da área do Atlântico Norte", a OTAN conta atualmente com 32 países. Nos últimos 76 anos, foram integrados para além dos membros fundadores: Albânia, Alemanha, Bulgária, República Tcheca, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, Grécia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia do Norte, Montenegro, Polônia, Romênia, Suécia e Turquia.
Com um orçamento para 2025 de quase 4,6 bilhões de euros (R$ 29,3 bilhões), conforme dados da entidade, o dirigente do principal país fiador da aliança, o presidente norte-americano, Donald Trump, tem exigido mais esforços dos demais membros da aliança para investir 5% em defesa sob ameaça de deixar o grupo. Esse será um dos assuntos da cúpula entre os chefes de Estado iniciada nesta terça-feira (26).
Mas, para além disso, quais guerras e invasões tiveram a participação da OTAN nas últimas décadas? Confira a seguir.

Bósnia-Herzegovina (1993): um pretexto humanitário

Em meio à Guerra da Bósnia iniciada em 1992 após a anexação da Herzegovina, a pressão dos Estados Unidos fez com que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovasse a resolução que proibia voos militares no espaço aéreo bósnio. Diante disso, a OTAN iniciava a operação Sky Monitor em 1992 para monitorar violações, quando foram identificados mais de 500 registros.
Isso levou a ONU a suspender todos os voos e, aproveitando o início da operação, a aliança realizou as primeiras ações militares de sua história com uma ofensiva aérea, que teve como pano de fundo uma resposta à violência étnica causada pelo conflito.
Os ataques permaneceram até 1995 e foram responsáveis por inaugurar uma nova doutrina ocidental: intervenções militares sem a autorização do Conselho de Segurança sob "justificativas morais". Em meio à ocupação prolongada da OTAN na Bósnia e Herzegovina, houve aumento das tensões e, até hoje, o país segue politicamente dividido, além de ser tutelado por "forças internacionais".
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Iugoslávia (1999): bombardeios sem aval da ONU

Em uma das regiões que fazia parte da República Socialista da Iugoslávia, as tensões étnicas entre albaneses e sérvios na região do Kosovo levaram a um conflito armado entre o Exército de Libertação do Kosovo e as Forças Armadas iugoslavas em 1998.
Com o intuito de proteger os albaneses da região, a OTAN decidiu intervir no conflito em mais uma ruptura contra o direito internacional: ataques contra alvos civis, mesmo sem autorização da ONU.
Na época foram mais de 80 dias de massivos bombardeios em Belgrado, com a violação da soberania de um Estado europeu. A situação gerou fragilidade na região e culminou com o fim da Iugoslávia no mesmo ano.

Afeganistão (2001): mais de 20 anos de ocupação

Um dos casos mais emblemáticos de intervenção política e militar da OTAN foi iniciada após os ataques de 11 de Setembro contra os Estados Unidos. Após o país evocar a cláusula de defesa mútua da aliança, é iniciada a intervenção militar no Afeganistão sob a justificativa de o país abrigar organizações terroristas como a Al-Qaeda (proibida na Rússia e em vários outros países), liderada por Osama bin Laden, apontado como principal articulador dos atentados.
Com o objetivo inicial de derrubar o governo do Talibã, a Guerra do Afeganistão se estendeu por 20 anos e mostrou a incapacidade da OTAN em promover qualquer reconstrução duradoura. Em agosto de 2021, o retorno do Talibã ao poder levou a força militar da aliança a fugir do país às pressas.

Iraque (2003): OTAN como cúmplice do projeto norte-americano

De antigo aliado no Oriente Médio a inimigo, os Estados Unidos iniciaram a guerra no Iraque sob a justificativa de que o governo do então presidente Saddam Hussein abrigava armas de destruição em massa. Apesar de não ser uma operação direta da OTAN, a aliança teve papel estratégico no conflito ao fornecer treinamento de tropas e infraestrutura militar a Washington, que nunca encontrou vestígio da existência dos armamentos.
O resultado do conflito foi a destruição do Estado iraquiano, inclusive com a morte de Hussein, além de mais de um milhão de pessoas mortas e a criação de organizações terroristas como o Daesh (proibido na Rússia e em vários outros países). Só em 2011, houve a retirada das tropas norte-americanas do país, que até hoje enfrenta dificuldades institucionais e altos níveis de violência.
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Líbia (2011): a farsa da Primavera Árabe

Vendida pelo Ocidente como reação das populações contra governos considerados autocráticos, a Primavera Árabe se espalhou para a Líbia, onde os protestos se transformaram em rebeliões armadas em 2011. Sob a alegação de evitar o massacre de civis pelo governo de Muammar Kadhafi, a OTAN iniciava ataques aéreos contra o Exército local para controlar a situação do país.
Em uma das operações, Kadhafi foi morto e o vácuo se instalou no país, que até então possuía o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África, à mercê do caos e da fragmentação territorial que ainda não foram superados. Mais uma vez, a ação militar da aliança não foi precedida por nenhum plano de reconstrução dos danos causados.
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Ucrânia (2022): Zelensky e a tentativa de ingressar na OTAN

Em 2014, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN apoiaram a derrubada do governo legítimo eleito na Ucrânia, época que ficou conhecida como Euromaidan. Com isso, foi iniciado um regime hostil à população russófona no país, com perseguições e até genocídios, principalmente na região do Donbass. Além disso, os governos se aproximavam cada vez mais da OTAN e negociavam a entrada da Ucrânia na aliança.
Essas duas situações fazem parte dos motivos que levaram a Rússia a iniciar a operação militar especial no país em 2022, quando a OTAN, apesar de não ter participação direta, interveio sob a forma de treinamentos militares para as forças do regime de Vladimir Zelensky. O auxílio militar, na forma de treinamentos e fornecimento de armas, continua até hoje.
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