https://noticiabrasil.net.br/20250703/analise-brasil-reposiciona-mercosul-diante-de-tensoes-globais-e-divergencias-internas-com-milei-41011743.html
Análise: Brasil reposiciona Mercosul diante de tensões globais e divergências internas com Milei
Análise: Brasil reposiciona Mercosul diante de tensões globais e divergências internas com Milei
Sputnik Brasil
Com a transferência da presidência pro tempore do Mercosul da Argentina para o Brasil, o governo Lula reforça o compromisso com a integração regional como... 03.07.2025, Sputnik Brasil
2025-07-03T20:40-0300
2025-07-03T20:40-0300
2025-07-04T18:13-0300
panorama internacional
américas
javier milei
brasil
estados unidos
argentina
mercosul
exclusiva
luiz inácio lula da silva
eua
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/07/03/41011842_0:0:2783:1566_1920x0_80_0_0_ca959b6b18cd749fe0417ee432a36f69.jpg
Em recente declaração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "estar no Mercosul nos protege" e classificou a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco como uma forma de "blindagem" contra guerras comerciais.Discurso que, segundo o professor Matheus Pereira, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), se contrapõe diretamente às críticas do presidente argentino, Javier Milei, que vem atacando sistematicamente o Mercosul e chegou a defini-lo como uma "cortina de ferro".Para a pesquisadora Beatriz Bandeira, do Observatório Político Sul-Americano (OPSA) e do Laboratório de Estudos sobre Regionalismo e Política Externa (LERPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), essa posição expressa a confiança do governo brasileiro em mecanismos multilaterais, ainda que haja divergências internas. Na avaliação de Pereira, "o discurso do presidente Lula dirige-se fundamentalmente aos membros do Mercosul, notadamente à Argentina. O governo Milei tem atacado sistemática e agressivamente o bloco, chegando a defender a saída do país para firmar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos".O professor destaca que a estratégia brasileira de ampliar parcerias com países asiáticos, como Japão, China e Índia, pode ser vista como uma resposta diplomática às pressões de Argentina e Uruguai por uma maior abertura, sem romper com a lógica da união aduaneira do bloco.A proposta de reforçar a Tarifa Externa Comum e avançar em acordos como Mercosul-União Europeia e Mercosul-Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA, na sigla em inglês) também se insere nesse contexto de reposicionamento, segundo Bandeira."Esses acordos inter-regionais tendem a posicionar os países do Cone Sul como atores globais relevantes, além de evitar que suas economias fiquem expostas a choques externos."No entanto, ela pondera que as falas oficiais de Lula ainda enfrentam contradições práticas: "O discurso sobre o fortalecimento da tarifa, por exemplo, foi atravessado nos últimos meses pela ampliação da lista de exceções à TEC — solicitada pela Argentina e apoiada por Uruguai e Paraguai". Ainda assim, reconhece: "Milei sempre criticou o Mercosul, ameaçou sair do bloco, mas entende que estar no Mercosul ainda é melhor do que estar fora dele".Agendas em focoQuanto à aproximação com a Ásia, a pesquisadora vê uma mudança relevante. "O Mercosul passou muitos anos atrelado quase exclusivamente às negociações do acordo com a União Europeia e agora busca diversificar parcerias", explica. Segundo ela, o Brasil tem liderado esse esforço, apesar da cautela dos demais membros."O que tem direcionado um esforço maior de todo o Mercosul para a aceitação desses novos instrumentos é justamente a instabilidade provocada pelas guerras comerciais e as recentes políticas tarifárias dos Estados Unidos."A agenda socioambiental também ganha impulso com a presidência brasileira no bloco. "O governo brasileiro quer 'atualizar' as pautas do Mercosul e não se limitar apenas à pauta comercial-econômica", afirma Bandeira, destacando que essa mudança está alinhada à política externa do governo Lula.A expectativa é que a segunda etapa do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM II, no acrônimo em espanhol) e o plano de um "Mercosul verde" abram caminho para investimentos sustentáveis. "Essa também é uma forma de garantir investimentos em projetos que visam o desenvolvimento sustentável e a mitigação e adaptação dos países sul-americanos frente aos impactos das mudanças climáticas", afirma.Ela ainda ressalta a retomada do projeto das Rotas de Integração Sul-Americana: "Essa retomada só foi possível pois o Brasil saiu da condição de inadimplência no fundo, que vigorava desde 2015".
https://noticiabrasil.net.br/20250620/brasil-erra-ao-ceder-a-demanda-argentina-no-mercosul-mas-ainda-ha-cartas-na-manga-dizem-analistas-40582327.html
https://noticiabrasil.net.br/20250617/condenacao-de-cristina-kirchner-a-argentina-tem-uma-lava-jato-para-chamar-de-sua-40491885.html
brasil
estados unidos
argentina
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/07/03/41011842_52:0:2783:2048_1920x0_80_0_0_9824b29303365219cfc1ab48f04254e9.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
américas, javier milei, brasil, estados unidos, argentina, mercosul, exclusiva, luiz inácio lula da silva, eua, acordo de livre comércio, presidência temporária, integração regional
américas, javier milei, brasil, estados unidos, argentina, mercosul, exclusiva, luiz inácio lula da silva, eua, acordo de livre comércio, presidência temporária, integração regional
Análise: Brasil reposiciona Mercosul diante de tensões globais e divergências internas com Milei
20:40 03.07.2025 (atualizado: 18:13 04.07.2025) Especiais
Com a transferência da presidência pro tempore do Mercosul da Argentina para o Brasil, o governo Lula reforça o compromisso com a integração regional como ferramenta estratégica diante das crescentes disputas globais, avaliam especialistas.
Em recente declaração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "estar no Mercosul nos protege" e classificou a
Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco como
uma forma de "blindagem" contra guerras comerciais.
Discurso que, segundo o professor
Matheus Pereira, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), se contrapõe diretamente às críticas do presidente argentino,
Javier Milei, que vem atacando sistematicamente o Mercosul e chegou a defini-lo como uma "cortina de ferro".
"A ênfase de Lula contrapõe essa postura, ao reafirmar que o Mercosul amortiza os impactos da inserção comercial dos países-membros em um contexto de competitividade local restrita e intensificação das tensões entre grandes potências. Em outras palavras, juntos somos mais fortes e, quanto mais desafiador o cenário internacional, mais imprescindível se torna a parceria regional", declarou o especialista à Sputnik Brasil.
Para a pesquisadora Beatriz Bandeira, do Observatório Político Sul-Americano (OPSA) e do Laboratório de Estudos sobre Regionalismo e Política Externa (LERPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), essa posição expressa a confiança do governo brasileiro em mecanismos multilaterais, ainda que haja divergências internas.
"O governo brasileiro acredita que arranjos multilaterais são a maior proteção contra as oscilações do comércio internacional e o protecionismo dos Estados Unidos e da Europa. […] Essa visão, porém, não é totalmente respaldada por países do próprio bloco, como a Argentina", afirmou à agência a doutoranda em relações internacionais.
Na avaliação de Pereira, "o discurso do presidente Lula dirige-se fundamentalmente aos membros do Mercosul, notadamente à Argentina. O governo Milei tem atacado sistemática e agressivamente o bloco, chegando a defender a saída do país para firmar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos".
O professor destaca que a estratégia brasileira de ampliar parcerias com países asiáticos, como Japão, China e Índia, pode ser vista como uma resposta diplomática às pressões de Argentina e Uruguai por uma maior abertura, sem romper com a lógica da união aduaneira do bloco.
"Trata-se, portanto, de uma adaptação do bloco visando à preservação de sua continuidade."
A proposta de reforçar a Tarifa Externa Comum e avançar em acordos como Mercosul-União Europeia e
Mercosul-Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA, na sigla em inglês) também se insere nesse contexto de reposicionamento, segundo Bandeira.
"Esses acordos inter-regionais tendem a posicionar os países do Cone Sul como atores globais relevantes, além de evitar que suas economias fiquem expostas a choques externos."
No entanto, ela pondera que as falas oficiais de Lula ainda enfrentam contradições práticas: "O discurso sobre o fortalecimento da tarifa, por exemplo, foi atravessado nos últimos meses pela ampliação da lista de exceções à TEC — solicitada pela Argentina e apoiada por Uruguai e Paraguai". Ainda assim, reconhece: "Milei sempre criticou o Mercosul, ameaçou sair do bloco, mas entende que estar no Mercosul ainda é melhor do que estar fora dele".
Quanto à aproximação com a Ásia, a pesquisadora vê uma mudança relevante. "O Mercosul passou muitos anos atrelado quase exclusivamente às negociações do acordo com a União Europeia e agora busca diversificar parcerias", explica. Segundo ela, o Brasil tem liderado esse esforço, apesar da cautela dos demais membros.
"O que tem direcionado um esforço maior de todo o Mercosul para a aceitação desses novos instrumentos é justamente a instabilidade provocada pelas guerras comerciais e as recentes políticas tarifárias dos Estados Unidos."
A agenda socioambiental também ganha impulso com a presidência brasileira no bloco. "O governo brasileiro quer 'atualizar' as pautas do Mercosul e não se limitar apenas à pauta comercial-econômica", afirma Bandeira, destacando que essa mudança está alinhada à política externa do governo Lula.
A expectativa é que a segunda etapa do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM II, no acrônimo em espanhol) e o plano de um "Mercosul verde" abram caminho para investimentos sustentáveis. "Essa também é uma forma de garantir investimentos em projetos que visam o desenvolvimento sustentável e a mitigação e adaptação dos países sul-americanos frente aos impactos das mudanças climáticas", afirma.
Ela ainda ressalta a retomada do projeto das Rotas de Integração Sul-Americana: "Essa retomada só foi possível pois o Brasil saiu da condição de inadimplência no fundo, que vigorava desde 2015".
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).