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Fronteira viva: o cotidiano entre Brasil e Paraguai mistura línguas e moedas (VÍDEO)
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Na fronteira seca entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, a linha que separa os dois países é quase imperceptível. Mas para quem vive ali... 16.07.2025, Sputnik Brasil
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Juliana Portiolli Georges, comerciante brasileira e integrante da associação comercial local, descreve o cenário como "uma situação privilegiada". Para ela, o comércio só existe porque a integração é inevitável.Juliana explica que há um intercâmbio constante de consumidores: "O paraguaio gosta do nosso atendimento, gosta dos nossos produtos, da nossa forma de abordagem. E nós, os brasileiros, gostamos de algumas coisas de lá por conta de preço, por encontrar produtos diferenciados."A mistura se estende à linguagem e ao dinheiro. "A gente trabalha com as três moedas, mesmo no Brasil. Às vezes a pessoa tem o guarani, tem o real [ou o dólar]", completa. "Então mistura a língua e o dinheiro."A atração pelo comércio vai além dos moradores locais. A comerciante destaca que turistas vêm de várias regiões do Paraguai — Assunção, Concepción, Chaco — e de diferentes estados brasileiros, como São Paulo, Mato Grosso e Paraná. "A gente tem outra situação que é recente: os estudantes de medicina. Norte e Nordeste estão vindo, mesmo com a distância. Acaba vindo encontrar algum parente, familiar e acaba consumindo."Apesar da movimentação intensa, Juliana alerta para os desafios enfrentados pelo comércio, especialmente com a queda no poder de compra do brasileiro. "É público e notório que o poder de compra do brasileiro despencou. O nosso dinheiro está desvalorizado. E isso reflete no comércio, franquias fechando, lojas fechando. O consumidor começa a fazer conta: 'Se eu consumo aqui, vai faltar lá na frente'. E ele está endividado também."Ela aponta também fatores como o endividamento causado por jogos de azar on-line, o cenário político e o aumento nos custos da cadeia produtiva. "Nós estamos falando do comércio, mas a gente vive também do agro. É comida, o preço subiu, a safra não foi boa. Então encarece tudo."Quais são os principais problemas enfrentados nas fronteiras?A fronteira seca entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é considerada uma das mais perigosas do país: no município brasileiro, onde vivem cerca de 95 mil pessoas, a taxa projetada de homicídios para este ano é de 46,1 por 100 mil habitantes — mais de três vezes acima da média de Mato Grosso do Sul (14,7), segundo dados de 2021.Nesse ano, ao menos 160 mortes foram atribuídas a disputas entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras facções na fronteira Brasil‑Paraguai, com 74 ocorrências no lado brasileiro e 86 no paraguaio.A presença de uma "linha invisível" favorece o deslocamento rápido de criminosos entre os dois países, na visão de especialistas.O comandante da Guarda Civil Municipal (GCM) de Ponta Porã, Alex Sandro Lima, admite que, embora haja comunicação com autoridades paraguaias, não há parcerias documentadas. "A gente pode passar [a fronteira]. Não é recomendado, mas a gente já pegou ali uma quadra para dentro do Paraguai e conduziu para o Brasil. Mas é raro."Segundo ele, a GCM atua com 56 agentes, divididos entre patrulhas de rua, ronda escolar e administração. "Temos a ronda nas praças e parques a partir das 17h00. E o nosso pessoal de rua trabalha 24 por 72 horas." A segurança pública, no entanto, ainda é marcada por limitações estruturais. "Não existe uma parceria formal com o Paraguai. E falta recurso federal, estadual, municipal", comenta Juliana.A GCM atua principalmente em casos de violência doméstica e furtos. Lima aponta um problema crônico: o número de furtos de motocicletas, muitas vezes estrangeiras. "A motocicleta é cadear, né? Procurar manter cadeada. Casa também, fechar bem e fazer o boletim de ocorrência.""Se for pego com qualquer objeto que não tem o boletim de ocorrência, fica difícil encaminhar. Então a população tem que fazer o boletim."Vale ressaltar que esse cenário violento não é exclusivo da divisa com o Paraguai. Em outras fronteiras brasileiras, como a tríplice fronteira no sul, incluindo Foz do Iguaçu (PR), Ciudad del Este e Puerto Iguazú (Argentina), também há incidência de contrabando, tráfico de drogas e facilitação de crimes organizados — embora a fronteira Ponta Porã/Pedro Juan seja considerada ainda mais crítica devido ao prolongado controle de facções, como o PCC, na região.Municípios menores em zonas de fronteira, como Mariluz (PR), também apresentam taxas de homicídio extremamente elevadas: Mariluz chegou a registrar 567 homicídios por 100 mil habitantes.
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A mistura de línguas e moedas na fronteira entre Brasil e Paraguai. Brasil, 16 de julho de 2025.
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Fronteira viva: o cotidiano entre Brasil e Paraguai mistura línguas e moedas (VÍDEO)
17:53 16.07.2025 (atualizado: 20:58 16.07.2025) Especiais
Na fronteira seca entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, a linha que separa os dois países é quase imperceptível. Mas para quem vive ali, ela molda o cotidiano. A integração cultural, o turismo de compras, os contrastes urbanos e os problemas de segurança formam uma realidade única e integrada, observada pela Sputnik Brasil.
Juliana Portiolli Georges, comerciante brasileira e integrante da associação comercial local, descreve o cenário como "uma situação privilegiada". Para ela, o comércio só existe porque a integração é inevitável.
"Nós somos cidades gêmeas. Não separa Brasil e Paraguai. Por mais que queira, a gente acaba consumindo do lado de lá, o consumidor vem, o paraguaio vem e consome aqui. Então a gente vive essa peculiaridade."
Juliana explica que há um intercâmbio constante de consumidores: "O paraguaio gosta do nosso atendimento, gosta dos nossos produtos, da nossa forma de abordagem. E nós, os brasileiros, gostamos de algumas coisas de lá por conta de preço, por encontrar produtos diferenciados."
A mistura se estende à linguagem e ao dinheiro. "A gente trabalha com as três moedas, mesmo no Brasil. Às vezes a pessoa tem o guarani, tem o real [ou o dólar]", completa. "Então mistura a língua e o dinheiro."
A atração pelo comércio vai além dos moradores locais. A comerciante destaca que turistas vêm de várias regiões do Paraguai — Assunção, Concepción, Chaco — e de diferentes estados brasileiros, como São Paulo, Mato Grosso e Paraná. "A gente tem outra situação que é recente:
os estudantes de medicina. Norte e Nordeste estão vindo, mesmo com a distância. Acaba vindo encontrar algum parente, familiar e acaba consumindo."
Apesar da movimentação intensa, Juliana alerta para os desafios enfrentados pelo comércio, especialmente com a queda no poder de compra do brasileiro. "É público e notório que o poder de compra do brasileiro despencou. O nosso dinheiro está desvalorizado. E isso reflete no comércio, franquias fechando, lojas fechando. O consumidor começa a fazer conta: 'Se eu consumo aqui, vai faltar lá na frente'. E ele está endividado também."
Ela aponta também fatores como o endividamento causado por jogos de azar on-line, o cenário político e o aumento nos custos da cadeia produtiva. "Nós estamos falando do comércio, mas a gente
vive também do agro.
É comida, o preço subiu, a safra não foi boa. Então encarece tudo."
Quais são os principais problemas enfrentados nas fronteiras?
A fronteira seca entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é considerada uma das mais perigosas do país: no município brasileiro, onde vivem cerca de 95 mil pessoas, a
taxa projetada de homicídios para este ano é de 46,1 por 100 mil habitantes — mais de três vezes acima da média de Mato Grosso do Sul (14,7), segundo dados de 2021.
Nesse ano, ao menos 160 mortes foram atribuídas a disputas entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras facções na
fronteira Brasil‑Paraguai, com 74 ocorrências no lado brasileiro e 86 no paraguaio.
A presença de uma "linha invisível" favorece o deslocamento rápido de criminosos entre os dois países, na visão de especialistas.
O comandante da Guarda Civil Municipal (GCM) de Ponta Porã, Alex Sandro Lima, admite que, embora haja comunicação com autoridades paraguaias, não há parcerias documentadas. "A gente pode passar [a fronteira]. Não é recomendado, mas a gente já pegou ali uma quadra para dentro do Paraguai e conduziu para o Brasil. Mas é raro."
Segundo ele, a GCM atua com 56 agentes, divididos entre patrulhas de rua, ronda escolar e administração. "Temos a ronda nas praças e parques a partir das 17h00. E o nosso pessoal de rua trabalha 24 por 72 horas." A segurança pública, no entanto, ainda é marcada por limitações estruturais. "Não existe uma parceria formal com o Paraguai. E falta recurso federal, estadual, municipal", comenta Juliana.
A GCM atua principalmente em casos de violência doméstica e furtos. Lima aponta um problema crônico: o número de furtos de motocicletas, muitas vezes estrangeiras. "A motocicleta é cadear, né? Procurar manter cadeada. Casa também, fechar bem e fazer o boletim de ocorrência."
"Se for pego com qualquer objeto que não tem o boletim de ocorrência, fica difícil encaminhar. Então a população tem que fazer o boletim."
Vale ressaltar que esse
cenário violento não é exclusivo da divisa com o Paraguai. Em outras fronteiras brasileiras, como a tríplice fronteira no sul, incluindo Foz do Iguaçu (PR), Ciudad del Este e Puerto Iguazú (Argentina), também há incidência de contrabando, tráfico de drogas e facilitação de crimes organizados — embora a fronteira Ponta Porã/Pedro Juan seja considerada ainda mais crítica devido ao prolongado controle de facções, como o PCC, na região.
Municípios menores em zonas de fronteira, como Mariluz (PR), também apresentam taxas de homicídio extremamente elevadas: Mariluz chegou a registrar 567 homicídios por 100 mil habitantes.
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