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Facções buscam lucro, não derrubar governos; classificá-las como terroristas 'não faz sentido'
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A operação policial mais letal da história do Brasil, que resultou na morte de 121 pessoas — 4 policiais e 117 civis — fez emergir o tema da segurança pública... 04.11.2025, Sputnik Brasil
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Pelo menos quatro ações estão em evidência entre Executivo e Legislativo: CPI do Crime Organizado; Projeto de Lei (PL) Antifacção, o PL que equipara facções a organizações terroristas; e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.Nesta quarta-feira (4), o Senado elegeu Fabiano Contarato (PT-ES) para presidir a CPI. Alessandro Vieira (MDB-SE) será o relator. A proposta, de modo geral, pretende investigar o crime organizado.Segundo Ignacio Cano, professor do Departamento de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV), a proposta é ampla, pretendendo discutir diversos temas, desde lavagem de dinheiro e crimes digitais a controle de territórios. "A CPI, a princípio, vai falar de tudo, o que quer dizer que não vai falar de nada", resume.Para o analista, a medida tende a surtir maior efeito no campo político-eleitoral do que nas políticas de segurança pública propriamente ditas.Além disso, no âmbito do Legislativo tramitam o PL 1283/2025, do deputado Danilo Forte (União-CE), que propõe estender a aplicação da Lei Antiterrorismo a organizações criminosas e milícias privadas; e o PL 724/2025, do deputado Coronel Meira (PL-PE), que quer ampliar a lei incluindo a definição de narcoterrorismo como passível de punição.A proposta de definir facções criminosas como terroristas divide governo e oposição. Quem quer levar o projeto à frente são parlamentares oposicionistas, endossados por governadores da direita.Segundo o jornal O Globo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), estaria há pelo menos seis meses fazendo campanha para a administração Donald Trump para que os Estados Unidos classificassem o Comando Vermelho como uma organização narcoterrorista e impusessem às facções criminosas as sanções devidas.Cano define essa ofensiva do governo fluminense como um "elemento estapafúrdio".Conforme explica o pesquisador, não existe uma definição universal de terrorismo, mas, em geral, considera-se terrorista aquele que procura objetivos políticos através de violência indiscriminada. Como a criminalidade no Brasil visa ao lucro, e não derrubar governos, a classificação de facções como terroristas não faz sentido.O especialista chama a atenção também para a execução da Lei Antiterrorismo, que vem sendo distorcida e aplicada fora das previsões.De acordo com Cano, as leis antiterroristas que existem no mundo costumam contemplar o alongamento dos prazos de prisão provisória ou a diminuição de algumas garantias processuais.No entanto, é exatamente isso que os Estados Unidos estão fazendo ao explodir lanchas no Caribe, diz o especialista. "E é isso que o governo do Rio está fazendo ao organizar uma operação policial que deixa 121 mortos."Já em relação à intervenção dos Estados Unidos no Brasil através de uma lei antiterrorismo que permitisse esse tipo de ação, o analista avalia uma possibilidade remota, já que as relações dos norte-americanos com o Brasil são diferentes das relações com a Colômbia e a Venezuela.Em Caracas, por exemplo, Washington busca "abertamente uma mudança de regime". O argumento de que as drogas do país escoam para o solo norte-americano também encontra certa fundamentação, ao contrário do que ocorre no Brasil.Embora a possibilidade seja distante, o especialista destaca que, dada a pressão sobre a pauta, é preciso acompanhar os desdobramentos com atenção.Governo federal contra-atacaDiante da ebulição em torno do tema segurança pública, o governo federal enviou ao Congresso o PL Antifacção, que aumenta as penas dos criminosos faccionados e visa atingir a operação financeira desses grupos, na contramão de projetos que querem internacionalizar o combate.Também voltou à ordem do dia a PEC da Segurança Pública. O governo inclusive voltou a falar sobre o tema e chegou a impulsionar publicações sobre o assunto nas redes sociais para trazer visibilidade à discussão.Apresentada em abril pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a PEC tem como objetivo aprimorar a integração entre forças de segurança em todo o país e constitucionalizar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
https://noticiabrasil.net.br/20251104/resultado-de-operacao-no-rj-acelera-tramitacao-de-pls-de-seguranca-veja-as-principais-propostas--44869056.html
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cláudio castro, brasil, estados unidos, rio de janeiro, ignacio cano, terrorismo, projeto de lei, eua, pec da segurança pública, facções, facções criminosas, organizações terroristas, grupos terroristas, terroristas, operação policial, exclusiva
Facções buscam lucro, não derrubar governos; classificá-las como terroristas 'não faz sentido'
18:30 04.11.2025 (atualizado: 19:23 09.11.2025) Especiais
A operação policial mais letal da história do Brasil, que resultou na morte de 121 pessoas — 4 policiais e 117 civis — fez emergir o tema da segurança pública novamente no cenário político brasileiro.
Pelo menos quatro
ações estão em evidência entre Executivo e Legislativo: CPI do Crime Organizado; Projeto de Lei (PL) Antifacção, o PL que equipara facções a organizações terroristas; e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
Nesta quarta-feira (4), o Senado elegeu Fabiano Contarato (PT-ES) para presidir a CPI. Alessandro Vieira (MDB-SE) será o relator. A proposta, de modo geral, pretende investigar o crime organizado.
Segundo Ignacio Cano, professor do Departamento de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV), a proposta é ampla, pretendendo discutir diversos temas, desde lavagem de dinheiro e crimes digitais a controle de territórios. "A CPI, a princípio, vai falar de tudo, o que quer dizer que não vai falar de nada", resume.
Para o analista, a medida tende a surtir maior efeito no campo político-eleitoral do que nas políticas de segurança pública propriamente ditas.
"Essa CPI vai ser apenas um palco para que alguns atores políticos apresentem suas visões. E dificilmente surgirá daí uma proposta legislativa concreta", avalia.
Além disso, no âmbito do Legislativo tramitam o PL 1283/2025, do deputado Danilo Forte (União-CE), que propõe estender a aplicação da Lei Antiterrorismo a organizações criminosas e milícias privadas; e o PL 724/2025, do deputado Coronel Meira (PL-PE), que quer ampliar a lei incluindo a definição de narcoterrorismo como passível de punição.
A proposta de definir facções criminosas como terroristas divide governo e oposição. Quem quer levar o projeto à frente são
parlamentares oposicionistas, endossados por governadores da direita.
Segundo o jornal O Globo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), estaria há pelo menos seis meses fazendo campanha para a administração Donald Trump
para que os Estados Unidos classificassem o Comando Vermelho como uma organização narcoterrorista e impusessem às facções criminosas as sanções devidas.
Cano define essa ofensiva do governo fluminense como um "elemento estapafúrdio".
"O governo do estado do Rio tem que governar o estado do Rio. Não é um governo federal, não tem nenhum mandato para negociar com autoridades estrangeiras, e esse contato é completamente descabido."
Conforme explica o pesquisador, não existe uma definição universal de terrorismo, mas, em geral, considera-se terrorista aquele que procura objetivos políticos através de violência indiscriminada. Como a criminalidade no Brasil visa ao lucro, e não derrubar governos, a classificação de facções como terroristas não faz sentido.
O especialista chama a atenção também para a execução da Lei Antiterrorismo, que vem sendo distorcida e aplicada fora das previsões.
De acordo com Cano, as leis antiterroristas que existem no mundo costumam contemplar o alongamento dos prazos de prisão provisória ou a diminuição de algumas garantias processuais.
"Nenhuma lei antiterrorista no mundo permite a execução sumária, nem a morte de uma pessoa só porque foi acusada de terrorismo."
No entanto, é exatamente isso que os Estados Unidos estão fazendo ao explodir lanchas no Caribe, diz o especialista. "E é isso que o governo do Rio está fazendo ao organizar uma
operação policial que deixa 121 mortos."
Já em relação à intervenção dos Estados Unidos no Brasil através de uma lei antiterrorismo que permitisse esse tipo de ação, o analista avalia uma possibilidade remota, já que as relações dos norte-americanos com o Brasil são diferentes das relações com a Colômbia e a Venezuela.
Em Caracas, por exemplo, Washington busca "abertamente uma mudança de regime". O argumento de que as drogas do país escoam para o solo norte-americano também encontra certa fundamentação, ao contrário do que ocorre no Brasil.
"O comércio de drogas do Brasil vai para a Europa. Em geral, o comércio para os EUA passa por outros países mais próximos, como a Colômbia e, sobretudo, o México. Então não tem nenhuma justificativa para os Estados Unidos tentarem qualquer ação no Brasil."
Embora a possibilidade seja distante, o especialista destaca que, dada a pressão sobre a pauta, é preciso acompanhar os desdobramentos com atenção.
Governo federal contra-ataca
Diante da ebulição em torno do tema segurança pública, o governo federal enviou ao Congresso o
PL Antifacção, que aumenta as penas dos criminosos faccionados e visa atingir a operação financeira desses grupos,
na contramão de projetos que querem internacionalizar o combate.
Também voltou à ordem do dia a PEC da Segurança Pública. O governo inclusive voltou a falar sobre o tema e chegou a impulsionar publicações sobre o assunto nas redes sociais para trazer visibilidade à discussão.
Apresentada em abril pelo ministro da Justiça e Segurança Pública,
Ricardo Lewandowski, a PEC tem como objetivo aprimorar a integração entre forças de segurança em todo o país e constitucionalizar o
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
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