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Nova tecnologia antidrones da Embraer reposiciona Brasil no mercado de defesa, avaliam analistas

© Foto / Divulgação / EmbraerEmbraer vai expandir as capacidades da aeronave A-29 Super Tucano para combater sistemas aéreos não tripulados
Embraer vai expandir as capacidades da aeronave A-29 Super Tucano para combater sistemas aéreos não tripulados - Sputnik Brasil, 1920, 18.11.2025
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Elemento cada vez mais presente e fundamental em guerras e conflitos armados, o drone, veículo não tripulado, redefiniu a lógica do combate contemporâneo e vem exigindo cada vez mais da indústria de defesa mundial.
Nesse cenário, o Brasil deu um passo adiante com o novo portfólio de missões da aeronave A-29 Super Tucano, da Embraer, de acordo com analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
O Conceito de Operações (ConOps) definido pela empresa aeroespacial brasileira permitirá que operadores do Super Tucano realizem missões de combate a sistemas aéreos não tripulados (SANTs) a partir desse avião, atualmente utilizado por 22 forças aéreas no mundo.
Concebido para treinamento avançado e ataque leve, o A-29 tem tecnologia para identificação precisa de alvos; sistemas de armas; e um conjunto abrangente de comunicações.
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De acordo com o aviador Fernando De Borthole, especialista do setor, a iniciativa abre uma série de possibilidades para crescimento e inovação na Embraer, que já é a terceira maior fabricante mundial de aviões.
A atualização, diz, deve atrair novos parceiros internacionais ou nacionais. "Até os EUA utilizam o A-29 em algumas áreas, como treinamento, por exemplo. Então tem bastante espaço para a integração desses novos sensores e armamentos."

"O sistema antidrone é um dos segmentos mais disputados do mercado de defesa, e a Embraer já tem essa plataforma validada."

O baixo custo operacional e a robustez, comparados com os de outros aviões dessa categoria, com capacidade real de combate, torna o A-29, segundo o aviador, uma aeronave sem concorrente à altura.
"É um caça turboélice que tem uma aplicação específica: consegue interceptar aeronaves mais lentas, que é o caso, inclusive, de muitos drones que são movidos a hélice. Então o A-29 chega junto desse tipo de aeronave de uma forma muito eficiente. A atualização com certeza coloca esse avião em uma posição estratégica."
Além disso, salienta o aviador, a Embraer pode gerar receita recorrente com manutenção do sistema, o que ajuda a manter o ciclo de vida da aeronave.
"Isso pode até ser um dos pontos mais valiosos do programa, porque cada nova capacidade que é adicionada ao Super Tucano cria uma demanda por atualização, por manutenção — treinamento de piloto, treinamento de operadores, suporte logístico… Isso, na verdade, é o que posiciona muito bem uma empresa fabricante de aviões e sistemas, o pós-venda", explica.
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O benefício, entretanto, não será apenas da Embraer. Um sistema antidrone traz um ganho significativo para toda a indústria brasileira, uma vez que "aumenta a expertise do país" em áreas como sensores e softwares.
"Isso abre espaço para o Brasil vender kits desse tipo de missão — sensores, software, integração e tudo que é desenvolvido aqui no Brasil. Então passa também o país a ser um exportador desse tipo de tecnologia através da Embraer."

"Melhora o ecossistema de defesa, e a gente traz dinheiro externo a partir do momento que exporta essa tecnologia para outros países", resume.

O analista militar, escritor e delegado Rodolfo Laterza concorda que a novidade pode alavancar a venda da aeronave para mercados de países que buscam uma solução com maior praticidade e flexibilidade em várias modalidades de missão.
Ambos os entrevistados ponderam que o público-alvo desse tipo de missão são países com ameaça real de drones e orçamento modesto para a área de defesa:

"Países como Nigéria, Camarões, Equador, México, envoltos em guerras insurgentes com emprego terrorista de drones, podem se revelar potenciais interessados", cita Laterza.

De Borthole também menciona que há na África, no Oriente Médio, no Sudeste Asiático e no Leste Europeu mercados que procuram aviões versáteis, com custo operacional baixo e com aplicação de força de forma inteligente e funcional, atributos bem atendidos pelo Super Tucano.
Entretanto, Laterza destaca que grande parte dos aviônicos do A-29 e dos sistemas eletrônicos embarcados são produzidos no exterior ou no Brasil sob licença da israelense Elbit Systems.

"Portanto é um desafio para a base industrial de defesa no Brasil criar desenvolvimentos próprios que gerem maior valor agregado na cadeia nacional de produção. A exportação de produtos feitos no Brasil depende de aprovação de empresas estrangeiras que dominam a tecnologia, como a Elbit."

Ele defendeu que o Brasil deve buscar cooperação militar e de defesa com nações que desfrutam de uma base industrial mais avançada; e transferência de tecnologia, a fim de assimilar novos conceitos tecnológicos e adquirir capacidades.
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