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Onda de protestos da geração Z pode impactar o Brasil em ano eleitoral?
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Do Nepal ao Peru, de Madagascar ao México, protestos atribuídos à geração Z tomaram as ruas de países mundo fora. Considerados descentralizados e mobilizados... 27.11.2025, Sputnik Brasil
2025-11-27T19:35-0300
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Bandeiras de Jolly Roger relacionadas ao mangá One Piece, milhares de pessoas nas ruas e protestos marcados por violência: esta tem sido a tônica de manifestações atribuídas a jovens nascidos a partir do final da década de 1990 em vários países do mundo.A última da vez aconteceu no último dia 15, no México, quando dezenas de pessoas ficaram feridas e outras dezenas foram presas. O estopim teria sido a morte do prefeito Carlos Manzo, da cidade de Uruapan. A reivindicação contra o governo reclamava, também, da violência no país.Os protestos em questão, até aqui, além da geração que estaria sendo mobilizada, seria a forma pela qual e através da qual as mobilizações acontecem. Supostamente, as manifestações seriam descentralizadas, ou seja, não seriam convocadas por um líder. Além disso, outra característica, é o papel das redes sociais, que tem função preponderante na instigação de insatisfações e manipulação dos atores.A forma de organização através das mídias digitais, embora tenha características deste tempo, não são relativamente novas. A ferramenta "já foi experimentada na década passada, como nos movimentos Occupy Wall Street, Primavera Árabe e também nas Jornadas de Junho de 2013 no Brasil, ou seja, é uma marca do que se entende como protesto no século XXI. Talvez a maior novidade seja justamente o protagonismo da chamada Geração Z nesses eventos", comenta Victor Escobar, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.Soma-se ao modelo algorítmico a falta de perspectiva e angústias em relação ao futuro próximo. Eles "são contra o que está aí mas não veem uma alternativa", comenta Rodrigo Stumpf Gonzalez, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Por que a geração Z está no cerne da questão?Para responder a pergunta, Escobar aponta o sentimento de desamparo e de desalento daqueles nascidos no final dos anos 1990 para cá.Entre as dores sentidas por uma geração que não confia nas instituições estão empregos precarizados, estudo universitário que não garante empregabilidade e uma pior expectativa de ascensão social se comparada com seus pais.De acordo com Gonzalez, o futuro é visto como ameaçador pela juventude e o "padrão crescente é não acreditar nas instituições"."Toda essa convergência acaba apontando para os governos, que não conseguem fornecer soluções a curto e médio prazo a problemas crônicos que afetam os jovens de maneira diferente — o que é terrível para uma 'geração ansiosa', para usar a expressão de Jonathan Haidt", acrescenta Escobar.Onda de protestos pode atingir o Brasil?O Brasil, há pouco mais de uma década, viu as ruas entrar em erupção durante um período de protestos contra o então governo dirigido por Dilma Rousseff. Entre as muitas pautas motivadas pela insatisfação, estavam o aumento do preço da passagem de ônibus e a reprovação dos investimentos para a Copa do Mundo em 2014.No atual contexto, embora haja uma evidente polarização no cenário político, o analista desacredita que o Brasil esteja em um estágio propício para manifestações desse gênero.Para Gonzalez, apesar da polarização, os lados existentes "não são atrativos" e até o momento a capacidade de criar algum movimento consistente "que atraia a nova geração em torno de lideranças, como influencers e políticos, tem sido efêmero".Ainda assim, o principal símbolo das manifestações geracionais, o mangá One Piece, já foi utilizado nas redes sociais pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). Além disso, o Partido Missão, que está relacionado ao Movimento Brasil Livre (MBL) — que ganhou evidência após as jornadas de junho de 2013 — usa as cores predominantes na bandeira do desenho, o preto e o amarelo.Apesar disso, da capacidade do MBL de mobilizar as redes através de um discurso jovem específico para ganhar protagonismo político, Escobar não vê o Missão "com influência e capilaridade social para pautar e representar essas formas de descontentamento e oposição ao governo".Segundo ele, isso pela própria disputa interna no campo da direita brasileira. Nesse sentido, membros desta ala disputam a "tentativa de recuperação de um protagonismo que o grupo acabou perdendo ao longo dos anos, principalmente por uma 'canibalização' da própria direita com o surgimento de novos atores políticos através do bolsonarismo que disputam a mesma pauta e o mesmo eleitorado."
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Onda de protestos da geração Z pode impactar o Brasil em ano eleitoral?
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Do Nepal ao Peru, de Madagascar ao México, protestos atribuídos à geração Z tomaram as ruas de países mundo fora. Considerados descentralizados e mobilizados por insatisfações contra instituições, este tipo de manifestação pode chegar ao Brasil?
Bandeiras de Jolly Roger relacionadas ao mangá One Piece, milhares de pessoas nas ruas e protestos marcados por violência: esta tem sido a tônica de
manifestações atribuídas a jovens nascidos a partir do final da década de 1990 em vários países do mundo.
A última da vez aconteceu no último dia 15, no México, quando dezenas de pessoas ficaram feridas e outras dezenas foram presas. O
estopim teria sido a morte do prefeito Carlos Manzo, da cidade de Uruapan. A reivindicação contra o governo reclamava, também, da violência no país.
Os protestos em questão, até aqui, além da geração que estaria sendo mobilizada, seria a forma pela qual e através da qual as mobilizações acontecem. Supostamente, as manifestações seriam descentralizadas, ou seja, não seriam convocadas por um líder. Além disso, outra característica, é o
papel das redes sociais, que tem
função preponderante na instigação de insatisfações e manipulação dos atores.A forma de organização através das mídias digitais, embora tenha características deste tempo, não são relativamente novas. A ferramenta "já foi experimentada na década passada, como nos movimentos Occupy Wall Street, Primavera Árabe e também nas Jornadas de Junho de 2013 no Brasil, ou seja, é uma marca do que se entende como protesto no século XXI. Talvez a maior novidade seja justamente o protagonismo da chamada Geração Z nesses eventos", comenta Victor Escobar, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Soma-se ao modelo algorítmico a falta de perspectiva e angústias em relação ao futuro próximo. Eles "são contra o que está aí mas não veem uma alternativa", comenta Rodrigo Stumpf Gonzalez, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Por que a geração Z está no cerne da questão?
Para responder a pergunta, Escobar aponta o sentimento de desamparo e de desalento daqueles nascidos no final dos anos 1990 para cá.
"Trata-se de um problema mundial que pode ser entendido também como um dos ciclos e um dos efeitos da própria crise do capitalismo e das promessas de um estado de bem-estar social. Muitas promessas realizadas não foram cumpridas."
Entre as dores sentidas por uma geração que não confia nas instituições estão
empregos precarizados, estudo universitário que não garante empregabilidade e uma
pior expectativa de ascensão social se comparada com seus pais.De acordo com Gonzalez, o futuro é visto como ameaçador pela juventude e o "padrão crescente é não acreditar nas instituições".
"Toda essa convergência acaba apontando para os governos, que não conseguem fornecer soluções a curto e médio prazo a problemas crônicos que afetam os jovens de maneira diferente — o que é terrível para uma 'geração ansiosa', para usar a expressão de Jonathan Haidt", acrescenta Escobar.
Onda de protestos pode atingir o Brasil?
O Brasil, há pouco mais de uma década, viu as ruas entrar em erupção durante um período de protestos contra o então governo dirigido por Dilma Rousseff. Entre as muitas pautas motivadas pela insatisfação, estavam o aumento do preço da passagem de ônibus e a reprovação dos investimentos para a Copa do Mundo em 2014.
No atual contexto, embora haja uma evidente polarização no
cenário político, o analista desacredita que o Brasil esteja em um estágio propício para manifestações desse gênero.
"É importante destacar que o governo federal vem fazendo acenos muito relevantes para a população mais jovem, que pode se sentir integrada ao Estado, diferente do que ocorre nesses outros países. Nesse ponto, destaco tanto o programa Pé-De-Meia, que é um projeto social voltado aos mais jovens, assim como a nova forma de comunicação do governo, utilizando linguagem e ferramentas digitais próprias da geração Z", comenta.
Para Gonzalez, apesar da polarização, os
lados existentes "não são atrativos" e até o momento a capacidade de criar algum movimento consistente "que atraia a nova geração em torno de lideranças, como influencers e políticos, tem sido efêmero".
Ainda assim, o principal símbolo das manifestações geracionais, o mangá One Piece, já foi utilizado nas redes sociais pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). Além disso, o Partido Missão, que está relacionado ao Movimento Brasil Livre (MBL) — que ganhou evidência após as jornadas de junho de 2013 — usa as cores predominantes na bandeira do desenho, o preto e o amarelo.
Apesar disso, da capacidade do MBL de mobilizar as redes através de um discurso jovem específico para ganhar protagonismo político, Escobar não vê o Missão "com influência e capilaridade social para pautar e representar essas formas de descontentamento e oposição ao governo".
Segundo ele, isso pela própria disputa interna no campo da direita brasileira. Nesse sentido, membros desta ala disputam a "tentativa de recuperação de um protagonismo que o grupo acabou perdendo ao longo dos anos, principalmente por uma 'canibalização' da própria direita com o surgimento de novos atores políticos através do bolsonarismo que disputam a mesma pauta e o mesmo eleitorado."
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